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2017/05/17 0 0

Vagão Cultural – Raça (Race)

Obra sobre a vida de Jesse Owens até a Olimpíada de 1936 é um bom passatempo, mas poderia ser melhor

Por Lucas Guanaes

Foto: Reprodução

Pensando bem, até que demorou demais para ser produzido um filme sobre a trajetória de Jesse Owens a partir de sua adolescência, culminando em uma das conquistas mais importantes da história dos Jogos Olímpicos. Afinal, trata-se de um americano desbancando preceitos nazistas em plena Berlim, diante dos olhos de ninguém menos que Adolf Hitler.

Por um motivo ou outro, porém, a obra chegou exatamente 80 anos depois de tal feito. Divertido e com um bom ritmo, a trama obviamente gira em torno de James Cleveland Owens, ou, como ficou mundialmente conhecido, Jesse Owens. O ex-atleta é interpretado pelo canadense Stephan James e os dois grandes arcos da história tratam do racismo presente na sociedade americana e alemã na época, além de seu relacionamento com o treinador Larry Snyder, interpretado por Jason Sudeikis.

No entanto, a película dirigida por Stephen Hopkins, que contém mais de duas horas de duração, se perde em várias tramas secundárias. Pelo fato de todas elas contribuírem negativa ou positivamente para a história de Owens, o diretor optou por mostrar vários diferentes núcleos e possibilidades, mas apenas de passagem. Nenhum segmento, além do já mencionado relacionamento com seu treinador, foi desenvolvido profundamente.

Foto: Reprodução

Assim, o que se vê são várias histórias “batendo o ponto” no filme, sem que nenhuma realmente prenda o espectador. E temos aí fatos como o quase boicote americano aos Jogos Olímpicos de 1936, a presença de Joseph Goebbels e da cineasta Leni Riefenstahl, seu próprio casamento, até mesmo a influência de Hitler na história, que ainda era o chanceler alemão, na época.

Sobre o ditador nazista, inclusive, fica uma certa incongruência. Além dele não pronunciar uma simples palavra no filme, a atitude de fugir e não cumprimentar o campeão afroamericano não condiz com o que o próprio Jesse Owens menciona em sua biografia:

“Quando eu passei pela tribuna do chanceler, ele se levantou e acenou para mim, e eu acenei de volta. Os jornalistas se comportam impropriamente quando eles difamam este homem que transformou a Alemanha”

Por fim, os personagens, em geral, são extremamente planos: ou bons demais, ou malvados demais. A única exceção fica por conta da cineasta Leni Riefenstahl (Carice Van Houten, de Game of Thrones), que tem um certo desenvolvimento na trama. Ainda, uma última nota negativa: foi uma infelicidade tremenda traduzir o título original (Race) para Raça.

Foto: Wikipedia Commons

Passadas as críticas, vale destacar que, mesmo com as falhas, o filme ainda é muito divertido de se assistir. Retratando muito bem a tensão mundial na década de 30, combinando os efeitos da Grande Depressão com a ascenção do nazismo europeu, todo a grandiosidade feito de Jesse Owens, que faturou quatro medalhas olímpicas na ocasião, é justificada.

Mas a maior circunstância retratada no filme é realmente o racismo. Vindo de brancos, europeus e até mesmo dos próprios negros, o preconceito é peça chave na história. Dessa maneira, há sim a reflexão sobre os efeitos das condutas discriminatórias, inclusive na atualidade.

Confira o trailer do filme:

O filme peca em alguns registros históricos? Sim. Os americanos realmente apoiaram Owens na competição como retratado? Não. Então por isso eu não devo ver o filme? Muito pelo contrário. São duas horas e quinze minutos de boa diversão e uma certa reflexão ao final, além das empolgantes cenas das competições.

A obra está disponível na Netflix.

O FILME
Raça (Race)
Ano: 2016
Duração: 134 minutos
Produção: EUA/Canadá/Alemanha
Direção: Stephen Hopkins
Elenco: Stephan James, Jason Sudeikis, Eli Goree, Carice Van Houten, Jeremy Irons, William Hurt, entre outros.


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Sobre o autor

Lucas Guanaes
Jornalista e fotógrafo. Ala nas horas vagas, abomina o escanteio curto.

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