Série retorna tentando corrigir os erros do último ano, enquanto mantém a história dos Iglesias

Por Lucas Guanaes

Se você acompanha a LE há algum tempo sabe que esta é uma série que nós recomendamos demais. As duas temporadas passadas de Club de Cuervos já foram retratadas aqui e aqui. Desta vez, portanto, chegamos ao terceiro ano da história dos Iglesias e dos Cuervos de Nuevo Toledo.

Recapitulando rapidamente. A série conta a disputa pela presidência dos Cuervos de Nuevo Toledo, equipe mexicana fictícia que perdeu seu dono após a morte de Salvador Iglesias. Seus dois filhos, Isabel e Chava, disputam o “trono”. Isabel ajudou seu pai no clube a vida inteira, conhece os trâmites do futebol e seria a pessoa mais qualificada para herdar a presidência. Porém, por ser mulher, não recebe praticamente nenhum crédito por suas ações e está sempre à sombra dos homens no clube.

Já Chava é um playboy festeiro, sem a menor noção de gestão e quer apenas uma vida de luxo e fama. Porém, é o filho do homem e sai na frente na corrida. A primeira temporada inteira se pautou nesta disputa irmã x irmão, homem x mulher e todas as nuances dentro de um clube de futebol, como lidar com o elenco, imprensa, etc. Além disso, tocou em assuntos importantes com machismo, homofobia, etc., mas sem parecer uma série de conscientização.

Utilizando a comédia, a série mexicana conseguiu passar sua mensagem no início, sem perder a atração. Além disso, outros fatores deram certo, como os alívios cômicos de Hugo Sánchez, assistente de Chava, além de algumas histórias dos jogadores. E foi aí que a série se perdeu. Estes fatores fizeram algum sucesso e a segunda temporada foi praticamente em cima disso.

Potro, o craque argentino do time, ganhou maior destaque na segunda temporada

Tanto que houveram episódios focados exclusivamente nestes personagens, que serviram muito bem como alívio cômico e dramático na primeira temporada, mas não foram suficientes para carregar uma temporada inteira. Além disso, os temas mais polêmicos foram praticamente deixados de lado e a trama, principalmente nos últimos episódios, ficou um pouco confusa. O número de episódios também é o mesmo da primeira temporada: 10, enquanto na segunda foram 13.

Agora, então, Club de Cuervos chega para tentar se reaproximar do estilo da primeira temporada. A série começa bem onde a segunda temporada parou: Isabel e Chava decidem compartilhar a presidência e tentam montar um time para jogar novamente a Primeira Divisão, enquanto tentam recuperar seu estádio, o Ninho Negro.

Personagens como Hugo Sánchez, Juan Pablo e Potro tiveram novamente seu tempo reduzido, servindo como escapes pontuais – e bem feitos – da trama. Além disso, Mary Luz, Airtor Cardoné e as mães dos irmãos também não têm influência nos primeiros episódios, focando a trama em quem realmente interessa.

Um ponto alto da série: o passado de Salvador Iglesias, o eterno presidente do Cuervos, é mostrado em uma série de curtos flashbacks em todos os episódios, com uma grande revelação nos momentos finais da série.

Em resumo: a série retomou os trilhos numa síntese entre as duas primeiras temporadas, focando nos personagens que realmente importam. Além disso cabe uma análise: os dois principais personagens não são pessoas – a cidade de Nuevo Toledo e o Cuervos. Eles não servem apenas como pano de fundo, mas são pulsantes e influenciam toda a história de maneira única. Agora, eles retornam com mais força.

A terceira temporada estreou em 29 de setembro na Netflix. Confira o trailer:

CLUB DE CUERVOS

Direção: Gary Alazraki
Elenco: Luis Gerardo Mendéz, Mariana Treviño, Antonio de la Vega, Jesús Zavala, entre outros.
Produção: México
Episódios na terceira temporada: 10
Duração: Aproximadamente 40 minutos por episódio