Novamente, Noroeste cria, mas sofre gols e perde para XV no Alfredão

Por Fabio Toledo

O Alfredão nunca esteve tão vazio nesta Copa Paulista. As três derrotas em cinco partidas fez o público ser reduzido a um número baixíssimo. O que ajudaria o Noroeste nesta “cotação” de torcida – e também na busca pela classificação para a próxima fase – seria um triunfo contra o XV de Piracicaba. A disputa entre o líder e o lanterna poderia sugerir um confronto desigual, mas o que se teve na prática foi diferente. 

Apesar da maior experiência e maior capacidade de causar problemas ao adversário da equipe visitante, foi o Alvirrubro quem quase matou a peleja logo no primeiro tempo. Além do gol de Yamada, o Norusca, com boa presença do meio-campo (muitas vezes sumido na Copa Paulista), teve claras chances de ampliar o placar enquanto vencia. Depois de perder as oportunidades, veio o castigo, em gol contra de Vitor Gava. Desorganizado no retorno dos vestiários, viu um vilão se tornar herói para o XV na manhã deste domingo, para garantir o triunfo de virada por 3 a 1.

Gilberto Alemão é o nome dele. O porte físico do zagueiro não lembra muito o de um jogador de futebol, muito menos o trato com a bola. Isso ficou claro na vacilada que ele teve diante de Pedro Felipe, que mandou para Yamada fazer o gol do Noroeste, e em outro erro no minuto seguinte – o próprio Yamada quase ampliou. Mesmo assim, foi ele quem aproveitou a sopa dada pela defesa noroestina nas bolas paradas e tirou a barriga da miséria com dois gols.

A virada levada da maneira que foi abalou as estruturas do time comandado por Gilmar Minelli. As opções no banco também não eram alentadoras, a ponto de o treinador utilizar apenas duas substituições das três que tinha direito. Até o apito final, os bancários ficaram na área de aquecimento, mas nenhum se apresentava como um nome pra mudar o rumo do jogo. Noroeste e XV tiveram outras chances de balançar a rede, mas o pouco futebol que teve na etapa complementar favoreceu o Nhô Quim, mais líder do que nunca do Grupo 2.

A derrota em si pouco mudou a situação do Noroeste na Copa Paulista. Mesmo permanecendo na lanterna, está a dois pontos do Atibaia, quarto colocado – na zona de classificação. O confronto direto com o Falcão na manhã do próximo domingo, novamente no Alfredão, pode deixar o Alvirrubro em posição mais favorável na competição. O que machuca a equipe, mais uma vez, é ver a possibilidade de vitória, ainda mais contra o líder, escapar por pura desatenção e falta de qualidade na finalização.

O XV comemora o fato de ter aberto três pontos da Inter de Limeira, então segunda colocada. Porém, a vitória do Rio Claro sobre o Atibaia colocou o Galo Azul a um ponto do Nhô Quim. Na sexta-feira à noite, o alvinegro piracicabano recebe a Inter visando a manutenção da liderança.

O jogo

Em menos de três minutos, a partida já tinha uma chute arriscado de cada lado, mas ambos sem direção. Com tamanha dinâmica apresentada no início de jogo, não surpreendeu o fato de a bola balançar a rede tão cedo. Aos seis, Pedro Felipe foi na pressão sobre Gilberto Alemão, roubou a bola do zagueiro dentro da área quinzista. De frente para o goleiro Luiz Fernando, ele mandou de calcanhar para Yamada, que só teve o trabalho de mandar pro fundo do gol. No minuto seguinte, em outra falha de Alemão, Yamada finalizou, dessa vez ao lado da meta.

O Noroeste seguiu melhor no jogo após os 10′. Em jogada ensaiada na cobrança de falta, Pedro Felipe apareceu livre na área pra cabecear, de peixinho. A bola foi caprichosamente rente à trave, mas pra fora. O XV buscou colocar a redonda no chão, mas teve dificuldades no passe. Aos poucos, no entanto, conseguiu maior frequência nas proximidades da área noroestina. Mesmo assim, o Alvirrubro teve uma grande chance, em contragolpe. O problema foi que Diego Souza não dominou o bom passe de Yamada.

Com a maior presença do Nhô Quim no campo ofensivo, o Noroeste passou a parar as jogadas com faltas, rendendo dois cartões amarelos até a meia hora de disputa. Apesar disso, a equipe conseguiu controlar as descidas visitantes e teve grandes chances para ampliar. Primeiro, com John Egito em chute de fora da área, pra fora. Depois, com Yamada, após finta no zagueiro, em chute abafado por Luiz Fernando. Com tantas oportunidades desperdiçadas, o castigo sairia. Aos 42′, em corte errado de Vitor Gava no escanteio, a bola foi contra o patrimônio. Empate quinzista antes do intervalo.

O momento visitante foi mantido na volta dos vestiários. Mesmo com o reforço de Matheus Blade na defesa, substituindo Arthur, a desorganização do Noroete custou caríssimo. Com um minuto de bola rolando, uma jogada ensaiada no escanteio chegou a Gilberto Alemão. Com espaço, o zagueiro girou dentro da área e mandou pro fundo do gol. Aos três, o mesmo Alemão – das bobeadas do primeiro tempo e do gol de empate – se movimentou entre a defesa noroestina e cabeceou livre para fazer 3 a 1.

Com 10′ e o Noroeste na roda, Kadu Barone finalizou excelente troca de passes quinzista, mas Tales fez boa defesa. Lucas Torres entrou em campo para ser referência ofensiva. Após uma disputa dele entre os zagueiros, o Noroeste chegou na área, mas o cruzamento de John Egito foi muito mal. Passada meia hora do segundo tempo, o Norusca enfim teve uma grande chance de se recuperar. Em outra falha da defesa do XV, Lucas Torres saiu de frente pro gol, mas foi em câmera lenta no lance, permitindo o abafa de Luiz Fernando.

Depois de dez minutos de futebol esquecível, aos 40′, o Noroeste conseguiu organizar uma boa oportunidade. Na bola da direita para a esquerda, ela voltou ao centro da área para a finalização de Pedro. Novamente em bola do centroavante, ela foi lentamente ao lado do gol. Para desandar ainda mais a situação, o técnico Gilmar Minelli foi expulso, após reclamar (com razão) de uma falta sobre Everton não marcada pela arbitragem. Contente com o resultado, o XV se fechou, administrou o jogo e garantiu o triunfo por 3 a 1 e a liderança até a próxima rodada.

Abre aspas

Yamada – “Controlamos bem a partida no primeiro tempo, o time estava bem concentrado e ciente do que tinha que fazer. Em uma desatenção, acabamos tomando o gol. Isso deu uma desestabilizada, que não pode acontecer. Voltamos desligados, assim como terminamos o primeiro tempo, e o jogo não permitia que fôssemos dessa forma. Depois, a gente teve que correr atrás do resultado, eles fecharam os espaços e ficou mais difícil a recuperação”.

Lei da mordaça

Pelo parágrafo 1º do artigo 44 do regulamento da Copa Paulista, um atleta ou treinador expulso na partida não pode participar da entrevista coletiva pós-jogo. Ou seja, o treinador Gilmar Minelli ficou proibido pela própria FPF de prestar esclarecimentos sobre o jogo e dar sua versão sobre a expulsão. A Federação Paulista, que quer vender a ideia de modernidade no futebol (sendo que a modernidade do futebol passa pelo fim das federações), institucionaliza a velha e nada boa censura. É apenas mais uma medida retrógrada dentro desta competição cada vez menos atraente e onerosa aos clubes.  

Noroeste 1 x 3 XV de Piracicaba

Noroeste: Tales; Arthur (Matheus Blade), Jean Pierre, Vitor Gava e Renan; Felipe Merlo (Lucas Torres), John Egito, Diego Souza, Yamada e Everton; Pedro Felipe. | Técnico: Gilmar Minelli

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XV de Piracicaba: Luiz Fernando; Jefferson Feijão, Douglas Marques, Gilberto Alemão e Anderson Santos; Fraga, Cássio Gabriel (João Veras) e Danilo Bueno (Agnaldo); Luizinho (Bruno Lima), Kadu Barone e Rafael Macena. | Técnico: Tarcísio Pugliese.

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Gols: Yamada (Noroeste – 6′ 1ºT), Vitor Gava (contra) (XV – 42′ 1ºT), Gilberto Alemão (XV – 1′ 2ºT) e Gilberto Alemão (XV – 3′ 2ºT)