SEM “CANETADA”
Com quase três meses de paralisação, FPF segue com objetivo de terminar A3 no campo
Por Fabio Toledo
No último dia 3, o Noroeste anunciou o encerramento das atividades no ano de 2020. A decisão ocorreu devido ao fim dos contratos com boa parte de seu elenco que disputava a Série A3 do Campeonato Paulista, bem como a falta de recursos e de patrocinadores causada pela pandemia de COVID-19. Apesar dessa medida de antecipar o fim da temporada, o clube ainda espera um parecer favorável ao seu acesso para a Série A2, por estar na liderança do terceiro escalão do certame estadual antes da paralisação pelo coronavírus.
Acontece que a Federação Paulista de Futebol, na figura de seu presidente, Reinaldo Carneiro Bastos, segue irredutível. Depois de 48 dias do anúncio oficial de que as três divisões do estado seriam concluídas no campo, Reinaldo reforçou a ideia em entrevista ao site Futebol Interior no último dia 4, garantindo que “não haverá campeão ou acesso na canetada”. Há um planejamento inicial de as competições retornarem no mês de agosto. Caso não seja possível, a FPF não descarta completar as Séries A2 e A3 até o final do ano.
Contudo, o que não é respondido pela Federação é como os clubes de futebol – principalmente aqueles com menores arrecadações, das divisões inferiores do estado – se sustentam em um momento como esse até que um retorno seja possibilitado. O calendário anual de seis meses para boa parte dos clubes é um problema crônico no esporte mais popular do Brasil, muitas vezes relevado pelas entidades que administram a modalidade. Além disso, como ocorrerá tal retorno? De que adianta voltar as disputas para a competição sem a mesma possibilidade de renda e sustento das equipes, que já sangraram em suas finanças por quase três meses, até aqui?
Contratos com atletas, funcionários e patrocinadores são semestrais. Essa é a realidade da maior parte dos competidores da Série A3. Basta pegar quantos clubes da divisão disputaram o torneio da FPF do segundo semestre, a onerosa Copa Paulista. Dos 16 times do terceiro escalão estadual de 2019, apenas 7 estiveram na competição. Levando em conta as equipes de 2020, o número sobe pra 9, com a presença de Linense e Nacional, rebaixados da A2.
A ideia de falta de planejamento também precisa ser refutada. Afinal, salva algumas exceções – como o Barretos, que tinha salários atrasados desde janeiro –, os clubes tinham seus planos estabelecidos e seus investimentos projetados. Alguns se organizaram apenas para o primeiro semestre, enquanto outros traçaram objetivos para um calendário completo. Apesar do já mencionado problema crônico, se não há medidas que garantam um bom funcionamento anual de todos os clubes, nenhum deles está errado.
O que precisa acontecer é a FPF respeitar as limitações de cada um. O tempo estipulado para as disputas da Série A3 já foi ultrapassado e seguir a competição pode causar mais prejuízos aos clubes. Por se tratar de uma situação não presente no regulamento, cabe ao Departamento de Competições (DCO) da FPF definir como proceder. Contudo, espera-se que se tenha bom senso na decisão.
Por fim, se a FPF não vai aceitar campeões e acessos “na canetada”, isso é outra história. Pode ser bastante duro ao torcedor noroestino, que via seu time apresentar um ótimo desempenho e liderar com sobras a Série A3. Também pode doer para o EC São Bernardo, vice-líder, até mesmo para o outro São Bernardo, líder da A2, e o Taubaté, vice-líder. Porém, não há nada no regulamento das competições que preveja título ou acesso para nenhuma equipe, exceto campeão e vice após o mata-mata. Isso só aconteceria se houvesse um acordo envolvendo clubes e federação, a partir de seu DCO. Aí, como cada um defende o seu, as possibilidades de uma resolução positiva é pequena.
Voltamos a ressaltar que, até o momento dessa publicação, o Estado de São Paulo contabilizava 134.565 casos de coronavírus, com 8.842 mortes por COVID-19 (desconsiderando a subnotificação). Além disso, a tendência esperada pelas entidades de saúde é a de que o número de registros do vírus cresça ainda mais, especialmente no interior do estado. A LE vai seguir acompanhando a movimentação dos clubes e da FPF durante essa indefinição. Fique ligado! E fique em casa, se possível.
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2 Comments
Airton Brumatti
05. jun, 2020Muito bem explanado Fábio, ficou uma dúvida? O fato do Noroeste (clube de nossa paixão e de nossa Bauru) ter dito que fechou as portas eAté ano e espera por parte da FPF a confirmação de seu Acesso à A2, esta situação de ter dito que para ele(Noroeste) a A3 está encerrada pode ser considerado abs dono e pode ser rebaixado de divisão? E está situação só foi colocado para a imprensa se de fato for retornar este campeonato basta juntar tudo de novo, creio eu.
Fabio Toledo
06. jun, 2020Oi, Airton. O regulamento da competição prevê rebaixamento e multa de R$50 mil para os clubes que virem a desistir do campeonato ANTES de seu início e após a divulgação da tabela. No caso do Noroeste e outros clubes que não voltarem após pandemia (se isso ocorrer mesmo), o que acontece apenas é a derrota por W.O. dos jogos. Segue o trecho do regulamento:
“Art. 40
§ 1º – Quando um Clube abandonar, for excluído ou eliminado da disputa da Competição
pela JD após o seu início, as partidas por este disputadas serão consideradas válidas e as
ainda não disputadas serão decididas por W.O. em favor dos adversários, sem prejuízo do
rebaixamento e das penalidades impostas pela JD, quando for o caso.”