FIM DA TEMPORADA NOROESTINA
Encerramento dos contratos e dificuldade financeira levam Noroeste a encerrar atividades em 2020
Por Fabio Toledo
Com dois gols do artilheiro Fabrício Daniel e um de Pedro Felipe, o Noroeste venceu o Olímpia por 3 a 1, fora de casa, tornando-se o primeiro time classificado à fase final da Série A3. A data: 15 de março. Restavam ainda quatro rodadas da fase classificatória a ser realizada, quando a pandemia de COVID-19 chegou com maior intensidade ao Brasil, levando a uma imediata suspensão do futebol e outras modalidades no país.
Passaram-se mais de dois meses. Tempo no qual o certame estadual já se encerraria, em condições normais. Porém, devido à situação de extrema anormalidade causada pelo surto global de coronavírus, todas as competições do cenário brasileiro seguem em cheque. Isso também leva a grandes dificuldades no lado mais fraco da corda: os clubes menores. Sem a possibilidade de receita dos gigantes nacionais (os quais também se encontram em dificuldade) e sem um calendário anual garantido, são essas equipes que sofrem ainda mais.
É nesse grupo que se encontra o Noroeste. Há anos tentando ajustar o seu caixa, pagando dívidas trabalhistas, o clube finalmente se encontrou em campo. Liderava com sobras a Série A3. Até por saber de seu potencial, apoiava a sequência do campeonato após a pandemia, contanto que se encerrasse até o mês de junho. Afinal, é o período de término dos contratos da maior parte dos atletas, não apenas do Norusca, mas de quase todos os demais clubes do terceiro escalão estadual.
Em 17 de abril, a Federação Paulista de Futebol, após reunião em videoconferência com os presidentes dos clubes, anunciou a sequência da Série A3 quando a pandemia se encerrar. Uma decisão sóbria no momento, mas que aos poucos se tornou uma grande incerteza. Isso porque não há uma data estabelecida para o final do surto de coronavírus. Consequentemente, não há uma data estabelecida para o retorno do campeonato. Esse sentimento de incerteza, presente em toda a sociedade, para os clubes, pode custar muito caro. Os patrocinadores deixam de ajudar, a renda dos jogos não entra no caixa e o que se tem é um débito financeiro, deixando a situação insustentável.
Em meio a tudo isso, o Noroeste anunciou o encerramento de sua temporada. Uma ação do clube que, na Série A3, é o que tem mais a perder, caso a competição siga sem ele. Os contratos de boa parte dos atletas se encerraram em maio. Aqueles que tinham um maior tempo até o vencimento, também foram dispensados. Para pelo menos não jogar o ano todo no lixo, a posição da diretoria agora é do encerramento imediato da A3, com o acesso garantido para os dois primeiros colocados: Noroeste e EC São Bernardo.
Mesmo que ocorresse o retorno das partidas, as medidas de segurança levariam ao prejuízo. Afinal, além da impossibilidade da renda com ingressos, haveria a obrigação dos testes a serem realizados em todos os envolvidos no dia do jogo e no dia-a-dia dos clubes. “A diretoria não aceita o retorno sem segurança sanitária, sem torcida e de forma deficitária. Os patrocínios foram encerrados, sem prazo para retorno, e a cota da Federação não foi paga aos clubes porque o estadual não retornou”, ressalta nota do Noroeste, que planeja o retorno de suas atividades para dezembro, quando se iniciaria a pré-temporada para a Série A2. Contudo, tal confirmação do acesso ainda não aconteceu.
Embora tenha sido o primeiro a anunciar o término de sua temporada, a situação não é única. O Rio Preto, então 9º colocado na Série A3 e o primeiro clube a sugerir o encerramento da competição – bem como os acessos de Noroeste e EC São Bernardo –, dispensou seu elenco, alegando também não ter condições de ter um time caso ocorra de fato a volta do campeonato neste ano. Na A2, uma das equipes a seguir tal medida foi o Votuporanguense, que manteve somente atletas mais jovens, com salários baixos, além de cinco funcionários.
Vale ressaltar que, até o momento dessa reportagem, o Estado de São Paulo tinha 129.200 casos confirmados de pessoas com coronavírus, com um aumento diário acima dos 5 mil casos – sem levar em conta a subnotificação. A LE vai seguir acompanhando a movimentação dos clubes e da FPF durante essa indefinição. Fique ligado! E fique em casa, se possível.
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