ESQUADRÕES ALVIRRUBROS – 1960
O derrubador de gigantes no Ubaldo de Medeiros
Por Fabio Toledo
Em pé: João Avelino (técnico), Pedro, Geraldo, Romualdo, Julião, Gaspar e Gualberto / Agachados: Tião (massagista), Osvaldinho, Leal, Zé Carlos, Maneca e Gelson | Arquivo Paulo Sérgio Simonetti
A história do Noroeste de 1960 é marcada não só pelo bom futebol, mas também por renascimento. Afinal, a partir da necessidade de aumentar a capacidade da casa alvirrubra após o acesso de 1953, foi instalada uma arquibancada de madeira no então estádio Alfredo de Castilho, na rua Quintino Bocaiúva. Foi ela que, em 23 de novembro de 1958, pegou fogo, durante um duelo contra o São Paulo, pelo Campeonato Paulista. Por dois anos, o Norusca precisou mandar seus jogos no estádio Antonio Garcia, do BAC, maior rival à época.
O clube voltou a ter uma casa própria em 1960, com o estádio Ubaldo de Medeiros, inaugurado com uma partida entre Noroeste e Palmeiras, em 5 de junho. Um amistoso festivo, mas também preparatório para o Estadual. Logo naquela ocasião, o Alvirrubro mostrava que faria do Ubaldo de Medeiros seu alçapão, tal qual era o antigo Alfredo de Castilho: superou o Alviverde por 3 a 2, sendo de Zé Carlos, atacante noroestino, a honra de fazer o primeiro gol da história do novo estádio. Posteriormente, na ditadura militar, o nome de Ubaldo de Medeiros, apoiador do governo João Goulart, foi retirado, sendo substituído por Alfredo de Castilho. No entanto, ainda há uma placa no Alfredão com a congratulação do Palmeiras ao Noroeste pela construção do estádio, com o antigo nome.
“Era tudo mato” nas proximidades do Ubaldo de Medeiros | Foto: Acervo Luciano Dias Pires
Esse novo lar noroestino também calhou de encontrar o time de maior sucesso nos primeiros 13 anos do Norusca na elite estadual. A base era Julião; Pedro, Geraldo e Bassu; Romualdo e Gaspar; Osvaldinho, Maneca, Zé Carlos, Leal e Gelson. No comando, João Avelino, folclórico treinador, chamado até mesmo de “Velho Feiticeiro” em anos posteriores. Tal grupo se destacou não apenas por levar a melhor contra adversários do interior, mas também por bater de frente com os clubes da capital. Afinal, exceto o Santos, do ataque fulminante de Pelé e Pepe, autores dos gols alvinegros nas vitórias por 4 a 1 (três do Rei e um do Canhão), na Vila Belmiro, e 3 a 1 (dois de Pelé e um de Pepe), no Ubaldo de Medeiros, nenhum outro time considerado grande do estado venceu o Noroeste em Bauru.
Quem chegou mais perto foi o Corinthians, de Oreco e Luizinho, ficando no 2 a 2. Por sua vez, o São Paulo, do goleiro Poy e do atacante Canhoteiro, bem como a Portuguesa, do bicampeão mundial Jair da Costa, do goleiro Félix e principal concorrente do Santos na ocasião, deixaram Bauru com derrotas por 5 a 2 – o resultado tirou as chances da Lusa brigar pelo título. Outro que saiu com revés foi o Palmeiras, time que contava com Valdir Joaquim de Moraes, Djalma Santos, Valdemar Carabina, Julinho Botelho e Chinezinho, perdeu por 2 a 0, dois gols de Maneca.
Gol de Zé Carlos no empate noroestino com o Corinthians, em Bauru | Foto: Reprodução/Noroeste na Memória
Ainda assim, houve uma disputa de protagonismo no interior entre duas locomotivas. Enquanto esse histórico Norusca realizava grandes feitos, a Ferroviária também tinha seu brilho. Os esquadrão grená contava com Dudu, que viria a ser protagonista na Academia do Palmeiras, e também fez da Fonte Luminosa um cemitério de gigantes, ao bater a Portuguesa e Corinthians, empatar com Palmeiras e São Paulo, além de um histórico 4 a 0 sobre o Santos.
Dessa forma, Noroeste e Ferrinha disputaram a quinta posição do Estadual mais forte do país, com o confronto direto fazendo a diferença. Em Bauru, Gelson de um lado e Pimentel do outro deixaram a partida empatada por 1 a 1. No returno, Milão e Zé Carlos – jogador que mais fez gols com a camisa alvirrubra, mesmo depois de perder o pai no vestiário do jogo contra a Ponte Preta naquele ano – garantiram o triunfo por 2 a 0, fundamental para garantir a quinta posição. Na época não havia o prêmio de campeão do interior, mas se houvesse, seria noroestino.
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