BALANÇO DA TEMPORADA 2020-21 | PARTE 2
Por Fabio Toledo
Você pode conferir a retrospectiva da temporada 2020-21 do Sesi Vôlei Bauru na primeira parte de nosso balanço. Este texto tratará do desempenho da equipe, de acordo com os fundamentos gerais do voleibol.
Comecemos pelo que as bauruenses possuíam previamente como características: ataque potente, jogadoras altas, com potencial de bloqueio, além de boas sacadoras. Com a chegada de Brenda Castillo, veio também certa expectativa para o passe, problema crônico do Sesi Vôlei Bauru, ser resolvido, além de maior volume defensivo. No entanto, era previsível que a dominicana não fosse o alvo dos saques das equipes adversárias.
Passe
Quem sofreu mesmo, e mais uma vez, foram as ponteiras. Suelle, que passou um ano sem jogar, por conta de uma cirurgia no ombro, Tifanny e Vanessa Janke se intercalaram nas duas vagas ao longo da temporada, sempre com altos e baixos. A chegada de Dobriana, a partir do segundo turno da Superliga, também não mudou muita coisa. Afinal, Suelle, com 20 recepções em média no certame nacional, teve 57,7% de aproveitamento. Dobriana, com 11 jogos a menos, mas volume médio semelhante, terminou com 57,4%. Índice também parecido com de Vanessa: 57,2% em 11 recepções de média. Naturalmente, Tifanny esteve abaixo, com 51,9%.
Por outro lado, a alteração para colocar duas líberos de origem em quadra se mostrou proveitosa neste fundamento para o Sesi Vôlei Bauru. Embora em menor incidência do que as ponteiras de fato, Julia teve um aproveitamento no passe de 64,5%, ligeiramente acima dos 64,3% de Brenda. Com a dupla em quadra, a equipe bauruense possuía uma alternativa a menos no ataque, mas havia mais chances de a bola chegar nas mãos da levantadora com mais qualidade.
Ataque
Aí, entra em cena a distribuição ofensiva. Assim como quase todas as equipes da Superliga, o Sesi Vôlei Bauru teve um volume de ataque impulsionado pela entrada e saída de rede. Mais precisamente, com Tifanny e Polina. Enquanto Tifanny teve médias de 26 ataques por jogo, Polina atacou quase 35 bolas por partida. Uma variação aconteceu em maior escala com a chegada de Dobriana, que foi acionada 23 vezes em média. Depois dela, ainda teve Suelle, com 14, antes das centrais, Adenízia (13,5) e Mara (11,9).
A menor presença das centrais na variação ofensiva foi um pouco reflexo do passe irregular, mas nem sempre apenas por isso. Tratou-se também de opções da levantadora, ao apostar nas suas atacantes, nos seus canhões pelas pontas, ou mesmo pela pipe. Ainda assim, tanto Tifanny como Polina não tiveram um desempenho global ruim pelo tanto de bolas que atacaram. A oposta azeri, por exemplo, teve 44% de aproveitamento ofensivo, marca superior ao de outras atacantes tão volumosas quanto, como Tandara (41%), Ivna (37%), Lorenne (38%) e Ariane (37%).
Saque
Uma das estatísticas mais mal interpretadas no voleibol é aquela para definir um atleta de bom saque. Afinal, o que define a alcunha de “melhor sacadora”? Para muitos, basta ver a quantidade de aces obtidos. Neste caso, Polina liderou a Superliga, com 31 aces. Contudo, valem mais os aces ou a eficiência de saque? Afinal, se a Poli fez 31 aces, ela também desperdiçou 59. Isso representa quase 20% do total de serviços que a azeri realizou na competição. Aí, dentro dos 80% restantes, 12,7% terminaram em ace.
A marca no aproveitamento é uma das piores da Superliga 2020-21. Talvez perca apenas para a de Tifanny, que chegou a 80 erros na temporada – mais de 26% do total. É fato que esses números vão de encontro à agressividade da dupla no saque. Quando acertam o serviço, a recepção do adversário fica prejudicada. O problema é que nem sempre acertam, resultando dos erros da dupla, em média, cinco pontos de graça para o time oposto.
Se é para elogiar o saque de alguma atleta do Sesi Vôlei Bauru, ficamos com duas: Fê Ísis e Dani Lins. Mesmo não praticantes do saque viagem, a dupla marcou por ótimas passagens no serviço e mantiveram um bom aproveitamento. No caso de Fê, que entrava justamente para sacar ao longo do returno da Superliga, ela terminou a competição com 95% saques, além de 12 aces. Já Dani Lins obteve 94%, com 20 aces.
Bloqueio/defesa
Com os 1,90m de Mara e os 1,87m de Adenízia, além das pontas com Polina, Dani Lins e Tifanny, esperava-se um Sesi Vôlei Bauru mais forte na rede. Afinal, na temporada passada, parar as ofensivas adversárias já havia sido um problema. Em 2020-21, a inconsistência do bloqueio foi notória. Especialmente em confrontos contra concorrentes diretos, as bauruenses tiveram dificuldades neste atributo, que é de grande valia, ainda mais quando se possui um passe irregular.
Na comparação com os outros quatro adversários da parte de cima da classificação, Bauru foi quem teve a pior média de pontos de bloqueio por partida – 9,07. Logo depois, veio o Sesc-RJ/Flamengo, com 9,6, seguido por Praia (10,6), Minas (10,9) e Osasco (12,3). Além da pontuação, o block também facilita o trabalho defensivo, a partir da cobertura das atletas do fundo quadra. Nisso, Bauru teve Brenda, umas das melhores defensoras do mundo.
A dominicana teve boas exibições, mantendo certa regularidade, até mesmo nos levantamentos em situações quando as levantadoras estavam impossibilitadas. Contudo, algumas atletas importantes do Sesi Vôlei Bauru deixaram a desejar no aspecto defensivo. Fora da rede, Polina, por exemplo, não teve muita serventia na defesa. Tifanny também é outra jogadora com grandes limitações no trabalho de cobertura. Assim, com o block irregular e menos atletas com capacidade para defender, Bauru sofreu na relação bloqueio/defesa.
Condição física
Por fim, vale esse tópico extra. Em uma temporada marcada por desafios além quadra, com surtos de Covid-19, jogos adiados, dias em isolamento, sem treinos, Bauru sofreu com falta de ritmo de jogo, principalmente no primeiro turno. Já no returno, foi notória a queda física de Tifanny em partidas mais longas. O que já era um problema de outras temporadas voltou a aparecer, logo após a ponteira pegar covid. O momento marcante aconteceu diante do São Paulo/Barueri, quando a camisa 10 travou a lombar no quarto set. Na semifinal, contra o Minas, recebeu tratamento especial nos músculos da perna para jogar o tie-break, ficando fora de parte do quarto set.
Polina também passou por quedas de rendimento dentro de uma partida. Difícil dizer se é uma questão física, ou só de momento da atleta na partida mesmo. Mas fato é que, em duas temporadas no Sesi Vôlei Bauru, a oposta teve dificuldades para segurar o bom ritmo em jogos de longa duração. A condição física é um fator de grande importância para o esporte de alto rendimento, ainda mais para um grupo de média de idade alta, como a do Sesi. Ter fôlego para jogar cinco sets é primordial para qualquer time que almeja títulos.
Na terceira parte do balanço sobre a temporada do Sesi Vôlei Bauru, vamos analisar o desempenho de cada atleta. Fique ligado!
- VIA
- Fabio Toledo
- TAGS
- Bauru e Interior
- Fabio Toledo
- LE
- Superliga
- Vôlei
- Vôlei Bauru
Deixe seu comentário