BALANÇO DA TEMPORADA 2020-21 | PARTE 1
Relembre o desempenho bauruense do estadual aos Playoffs da Superliga
Por Fabio Toledo
Depois de uma temporada 2019-20 encerrada de forma abrupta, coube ao Sesi Vôlei Bauru trabalhar para ir mais longe no ano seguinte. Com a base do elenco parcialmente mantida, a equipe começou a temporada 2020-21. Partimos daí nosso balanço sobre o time bauruense.
O elenco
É possível de se dizer que nunca aconteceu tanta coisa num ano só no Sesi Vôlei Bauru. Com Anderson Rodrigues no comando técnico, a equipe da Sem Limites buscou reforços complementares ao já forte grupo, remanescente de 2019-20. Dani Lins, Polina, Tifanny, Adenízia e Mayhara eram os nomes de destaque. Para completar o time titular, Brenda Castillo foi contrata para ser novamente a líbero do Vôlei Bauru, enquanto Suelle, recuperada de uma lesão que a deixou um ano fora das quadras, veio pra ser a ponteira passadora.
Quis o destino que, no último treino antes da estreia no Campeonato Paulista, ocorresse uma importante baixa: a central Mayhara rompeu os ligamentos do joelho esquerdo e estava de fora da temporada. Mara, contratada para brigar pela titularidade, viu o caminho livre para assumir a posição, enquanto a experiente Fê Ísis chegou para completar o grupo de centrais. Enquanto isso, Mari Cassemiro e Vanessa Janke, de passagens anteriores pelo projeto, reforçaram a ponta, como alternativas para Tifanny e Suelle. Além delas, Carol Leite chegou para ser reserva de Dani Lins.
Já no papel, tratava-se de um grupo de veteranas. Embora jovens, como a líbero Julia, as opostas Pamela e Malu e a central Kátia fossem posteriormente utilizadas, a aposta era na rodagem do elenco adulto. Tanto que, desse conjunto inicial mais utilizado, apenas Pamela tinha menos de 25 anos. As principais apostas eram, sobretudo, pela experiência e qualidade apresentada em outros momentos, sendo Polina, principal atacante da Superliga passada, uma exceção. Ainda assim, pelos nomes envolvidos, o Sesi Vôlei Bauru figurou entre os favoritos das competições a serem disputadas.
O estadual
No Paulista, a equipe de Anderson não sofreu, terminou a fase classificatória sem perder e despachou o Pinheiros na semifinal. O problema foi que, no momento chave, sucumbiu ao Osasco/São Cristóvão. Perdeu o jogo 1 em Osasco. Na Panela, se viu perdida no terceiro set, tudo indicando uma derrota por 3 a 0, mas conseguiu uma recuperação espetacular e virou o jogo para 3 a 2. O problema foi ter um desempate no Golden Set, onde, exaustas, as bauruenses caíram em mais um estadual.
Inícios e reinícios
O jeito seria levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Contudo, no inédito Super Vôlei, competição criada pela CBV para atender a demandas de TV e patrocinadores, Bauru teve pela frente Osasco novamente. Em Saquarema, veio mais uma derrota para o rival da Grande São Paulo, culminando em um arriscadíssimo movimento: troca de Anderson Rodrigues por Rubinho, há três dias da estreia na Superliga. Arriscado por abrir mão de quem ajudou na montagem do elenco, e por acertar com um treinador que não conhecia o “naipe” feminino. Rubinho precisou compreender a categoria em meio aos jogos e a uma maior pressão por resultados.
O princípio da Superliga mostrava que ia ser uma competição longa. O Sesi Vôlei Bauru até venceu os três primeiros jogos, contra Pinheiros, Curitiba e Fluminense. Mas estava longe de um triunfo convincente. A instabilidade demonstrada resultou na derrota mais acachapante para Osasco na temporada: 3 a 1, com direito a 25 x 11 no quarto set. Até se recuperou em seguida, contra São José dos Pinhais, mas não apresentava confiança.
Não bastasse a baixa produtividade, passada a viagem ao Paraná, ocorreu o surto de covid-19 no elenco e comissão técnica. Foram dias com atletas fora dos treinos, treinamentos individuais para quem não tinha testado positivo para o novo coronavírus e até internação do técnico Rubinho por conta da doença. Foi um cenário muito duro, mas que pode ter sido um fator positivo para o grupo se fechar, ao menos em busca de uma recuperação na temporada.
O regresso
No retorno às quadras, mesmo sem ritmo de jogo e poucos treinos, encarou o Itambé/Minas. Abriu o jogo vencendo o primeiro set, mas logo caiu o rendimento. Apesar do resultado, a postura apresentada revelou um Sesi Vôlei Bauru com capacidade para evolução. Ainda mais quando foi anunciada a contratação da ponteira búlgara Dobriana Rabadzhieva. Um aumento na confiança que nem mesmo uma derrota para o Dentil/Praia Clube em má fase conseguiu derrubar. Novamente, o Sesi Vôlei Bauru era colocado como candidato a título, sem nunca ter se mostrado um oponente de fato.
Janeiro chegou e, com a virada de ano, também veio um momento de evolução. Foram sete vitórias em sete partidas, incluindo dois triunfos contra o Sesc-RJ/Flamengo, adversário direto pela quarta posição. No segundo deles, triunfo pela Copa Brasil, levando o time bauruense de volta a Saquarema. Na semifinal da copa de meio de temporada, perdeu para o Minas. Logo em seguida, outra derrota para as mineiras, agora pela Superliga.
O momento chave
Ser derrotado pelo melhor time do país é um resultado normal. O que não foi comum aconteceu em seguida: derrota em casa para o São Paulo/Barueri. As ótimas Chiquititas fizeram por merecer. Porém, a postura em quadra e o desempenho medíocre das bauruenses levaram a equipe a perder dois pontos fundamentais. Ainda mais porque, depois, conseguiram um feito histórico, ao bater o Praia Clube pela primeira vez na história do projeto Vôlei Bauru, com uma exibição que beirou o melhor a ser apresentado pelo time.
Um triunfo que deu condições para alcançar a terceira colocação. Porém, pela falta de um ponto, ficou atrás da equipe de Uberlândia. Teria, nos Playoffs, um adversário conhecido, o Sesc-RJ/Flamengo, num momento recente muito favorável às bauruenses. No entanto, em vista das semifinais, enfrentaria o Minas.
Os Playoffs
Foi justamente nesse cenário que fatores extra quadra começaram a ganhar mais espaço. O jogo 1 contra o Flamengo foi o principal exemplo. O Sesi Vôlei Bauru entrou para um jogo qualquer, enquanto que o Sesc-RJ entrou para jogar uma partida de mata-mata. Resultado: vitória imponente das rubro-negras.
Não haveria espaço para novos deslizes. Então, Bauru devolveu o triunfo dominante, chegando a um disputado jogo 3. Na Gávea, o equilíbrio nos erros e acertos levaram o duelo até o tie-break. Contudo, as bauruenses mostraram o volume necessário para terminarem com a vitória. Passada as quartas de final, o destino foi, mais uma vez, Saquarema.
Na bolha do Centro de Desenvolvimento de Voleibol, o Sesi Vôlei Bauru, desfalcado de Dobriana, tinha pela frente o único time que não havia vencido ao longo da temporada. As mineiras, aliás, só tinham sido derrotadas uma vez, em novembro, para Osasco. Era mais do que necessário atingir um outro nível de seu jogo para bater de frente com a equipe do técnico Nicola Negro, mas isso não foi possível na primeira partida. No segundo duelo, enfim Bauru venceu dois sets, mas faltou-lhe gás e presença decisiva de suas principais jogadoras para superar o Minas, que venceu no tie-break e assegurou sua ida para mais uma final de Superliga.
Encerrada a temporada, dá pra dizer que o balanço final do desempenho do Sesi Vôlei Bauru é bem parecido com o do término de 2019-20. Dessa vez, acabou em quadra, felizmente, mas não alcançou um nível acima do que já havia sido obtido em 2018-19. Além disso, não conquistar nenhuma das quatro competições que disputou, incluindo um Campeonato Paulista onde era favorito, deixou uma marca negativa. Contudo, pelo investimento inferior ao das equipes finalistas da Superliga e pelas turbulências ao longo do semestre, o time bauruense chegou aonde se esperava.
E para a próxima temporada? A segunda parte do balanço vai trazer uma análise sobre cada atleta. Porém, de maneira coletiva, o Sesi Vôlei Bauru necessita de uma mudança de filosofia, tanto em seu jogo, como nas contratações que realiza. Precisa ser prioridade um time que entregue o passe na mão de Dani Lins, que venda caro cada ponto, sem depender tanto de um ou dois canhões nas pontas para pontuar. Além disso, é muito importante que busque reforços com um perfil de disposição para obter um melhor preparo físico, ou em aprimorar fundamentos para desenvolver seu jogo e o jogo da própria equipe. Que não se acomode.
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- Fabio Toledo
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