NO SET DE OURO
Osasco Audax é campeão paulista, mas Sesi Vôlei Bauru também sai grande
Por Fabio Toledo
O relógio já havia passado da 1h da manhã na Panela de Pressão. Depois de mais de três horas de disputa, idas, vindas e golden set, saiu o campeão paulista 2020 no vôlei feminino. Foram duas edições caindo na final, mas agora o Osasco Audax/São Cristóvão levou a melhor sobre o Sesi Vôlei Bauru e conquistou o 15º título estadual. No placar do jogo normal, as bauruenses conseguiram uma recuperação um tanto surpreendente, ao vencer, de virada, por 3 sets a 2 (parciais de 20/25, 25/27, 25/22, 25/21 e 15/10). Contudo, as osasquenses deram a volta por cima no golden set, triunfando por 22 x 25.
O desempenho do Sesi Vôlei Bauru nesta decisão pode ser divido em três partes. Na primeira, teve profundas dificuldades para jogar. Com o passe não saindo legal, Dani Lins via poucas opções ofensivas. O auxílio das centrais não rolava, Tifanny estava bem marcada pela rede de Osasco, assim como a jogada na pipe, com Tifanny ou Polina vindo do fundo quadra pelo meio. A própria Polina, também não conseguia manter a regularidade. Essas alternativas minadas obrigaram o técnico Anderson Rodrigues tentar de tudo, mas a recuperação não foi possível nas duas primeiras parciais.
No terceiro set, Bauru bateu no fundo do poço com um placar em 2 x 10 para as visitantes. Ali, a equipe se mostrava mentalmente perdida, com um triunfo acachapante para Osasco sendo encaminhado. Porém, a segunda parte do desempenho do Sesi Vôlei Bauru foi marcada pelo poder de reação. A partir de uma melhora no saque, vitória em ralis importantes e presença do bloqueio, o ânimo das jogadoras em quadra cresceu. Embalados pela energia de Adenízia, o Sesi aproveitou a negligência de Osasco e cresceu na partida, a ponto de virar a parcial, levar a melhor num equilibrado quarto set e fechar com qualidade o tie-break.
Se a noite terminasse ali, seria marcada por uma reviravolta de contornos sensacionais. O duelo entre Sesi Vôlei Bauru e Osasco Audax/São Cristóvão pelo topo do campeonato estadual pedia uma terceira e derradeira partida, mas o que se teve, por conta do regulamento, foi o impiedoso golden set. Entrando na madrugada, a parcial que valia por um jogo inteiro teve um Osasco mais centrado com relação aos períodos anteriores. Bauru encontrou problemas em variar os ataques – tanto que os sete primeiro pontos foram todos de Polina. Com maior presença das centrais Bia e Mayany, bem como a sempre decisiva contribuição de Tandara (dona de 37 pontos), Osasco terminou vitorioso.
Um título fundamental para o projeto osasquense. A cidade que detém agora 15 troféus estaduais – 8 pelo ADC Bradesco e 7 pelo Osasco VC – recuperou o topo paulista depois de encontrar dificuldades ao longo desse início de temporada. A pressão sobre o técnico Luizomar de Moura existe não é de hoje e o desempenho no começo do torneio fazia aumentar. Foi justamente depois de 3 x 0 contra sofrido para o Sesi Vôlei Bauru que Osasco mudou sua postura em quadra e, a partir disso, construiu o caminho para o título. Uma conquista que vem com o carimbo de Tandara, a melhor atacante do voleibol brasileiro.
Ainda assim, pelo cenário montado até metade do terceiro set, mais um vice-campeonato para Osasco cairia como uma bomba no José Liberatti. A maneira como um time composto por atletas olímpicas – do nível de Jaque, Bia, Camila Brait e Tandara, bem como um treinador experiente – levou a virada depois de abrir oito pontos de frente, permitindo um crescimento e recuperação a partir disso, deixaria o clima bastante tenso. Por sorte, o time se reencontrou a tempo e nada de mais grave aconteceu, mas será preciso atenção e melhora no desempenho conjunto, a fim de ficar menos dependente de Tandara.
Por todo o cenário apresentado na partida, também é preciso valorizar a capacidade do Sesi Vôlei Bauru em reagir. É claro que não pode se colocar em uma enrascada, como novamente se colocou. Nesta decisão, por exemplo, a equipe sentiu a queda de rendimento da central Mara (a ponto de entrar Fê Ísis, que nem esteve em quadra nos jogos anteriores, indo bem mesmo assim) e da ponteira Suelle (tanto que, no meio da partida, foi trocada por Vanessa Janke), nomes importantes pra regularidade bauruense.
Por mais que o espírito Rocky Balboa renda grandes histórias, também desgasta fisicamente a equipe. Dá pra Bauru sofrer menos, a partir da redução de erros, de entrar desde o começo do jogo ligado da maneira que esteve a partir da metade do terceiro set – ou seja, com foco, agressividade e vibração. Há elementos no elenco que permitem o funcionamento da equipe nesse tripé de desempenho técnico e emocional, cabe um melhor desenvolvimento disso para a equipe, de fato, brigar por títulos na temporada.
E pode não demorar tanto para uma outra oportunidade de conquista de troféu chegar. Afinal de contas, entre os dias 28 e 31 deste mês, acontece o Troféu Super Vôlei. A competição em tiro curto envolve os oito melhores colocados da última temporada da Superliga, no formato mata-mata, em jogo único. Pra não perder o costume, a fase quartas de final terá o reencontro entre Sesi Vôlei Bauru e Osasco Audax/São Cristóvão. Às 21h30 do dia 29, em Saquarema, as equipes fazem o terceiro confronto seguido, agora não mais valendo título estadual, mas pra ver quem leva a melhor moralmente entre os rivais paulistas.
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