Vivência de Locomotiva
Por Rafael De Luca
Desde que entendi o jornalismo como o meu caminho durante a vida, sempre ouvi de profissionais que admirava que essa era, mais do que as outras, uma profissão de prática, ou uma carreira de “mãos à folha”, digamos assim. E foi exatamente isso que representou a Locomotiva Esportiva em minha vida pessoal e profissional. Após uma greve árdua logo no início da minha vida universitária, veio então o momento mais aguardado para quem degusta o futebol como um vinho de uvas raras: a Copa do Mundo.
O evento mais esperado do esporte mundial serviu não apenas para torcer, gritar e comemorar vitórias e gols rua afora, serviu também para amadurecer laços de sete caras alucinados por esporte e que tiveram no basquete, esporte até então pouco acompanhado por mim, uma porta aberta para uma amizade que, tenho certeza, se manterá por toda a vida.
Entre momentos sérios de análises esportivas e piadas sobre coisas da vida, surgiu a ideia de criar um blog esportivo, que seria de junho a setembro um canalizador de energias não gastas durante o período de paralização da Unesp.
E como foi. Meu primeiro texto foi uma empolgante análise do Campeonato Russo, conhecido entre os amigos como “Russão”. Confesso que sempre me interessei por times e campeonatos que eram, ao menos para o público-geral, exóticos. Foi desse gosto diferente que surgira futuramente o “Volta ao mundo do futebol”, no qual eu, Fabio e os demais companheiros cavavam os rincões do futebol para descobrir pautas de relevância jornalística em países como Índia, Rússia, Romênia, Nova Zelândia, entre outros redutos da bola.
Bem, após o debute em cirílico e muitos textos sobre futebol, vôlei, handebol e até alguns sobre basquete – assunto muito mais dominado pelos amigos Bruno, Edgard, Fabio, Lucas e Rodrigo -, veio então a primeira cobertura real do site: os Jogos Abertos do Interior.
Foi, sem dúvidas, um dos momentos que mais me ensinou a importância da logística em nossa profissão. Digo isso porque conseguimos um espaço em cima da hora para cobrir o evento, fato esse que fez todos que tinham voltado à suas cidades retornarem para Bauru. No meu caso, representou uma carona perdida, muita chuva tomada, além de me manter quatro dias à base de café e miojo.
Logo de cara, pude cobrir mais de 120 jogos de tênis de mesa que aconteciam no Shopping Boulevard, no estande de paintball. Lá, encontrei atletas olímpicos como Hugo Hoyama, Gustavo Tsuboi, Tiago Monteiro e a chino-brasileira Gui Lin. Foram dias indescritíveis, assim como todas as coberturas do Vôlei Bauru que pude fazer na Panela de Pressão.
Durante essas coberturas, tive a chance de entrevistar técnicos, atletas e torcedores que fazem do vôlei o sucesso nacional que é hoje. Até pude gastar “todo” meu espanhol para entrevistar as dominicanas Brenda Castillo (líbero) e Prisilla Rivera logo que começaram sua passagem pelo time em 2016. E como se esquecer do 3×2 do Bauru sobre o Rio de Janeiro na Superliga de 2015? Estávamos eu e Lucas Guanaes, e olha, foi um show do performático Bernadinho e de toda a torcida que incendiou o ginásio naquele dia de muita chuva.
Outro dia marcante foi a final da Superliga B entre as bauruenses e as gaúchas do SOGIPA. Bruna Hirano, nossa amiga de sala e uma fotógrafa dona de um olhar único, fez da nossa cobertura algo ainda mais sério com a grande galeria de fotos do jogo e da torcida, a quem queríamos, mesmo que no boca a boca, conquistar para que pudéssemos ser o veículo no qual todos viessem procurar informações quentes e análises diferenciadas. E acredito que conseguimos ocupar esse lugar na mídia da cidade.
Foi graças a essas coberturas, aliás, que surgiu a chance da minha maior incursão ao mundo jornalístico até aqui. Com a experiência de campo adquirida com a Locomotiva, pude trabalhar na equipe de esportes da REDETV!, que conta com feras do quilate de Sílvio Luís – meu primeiro trote como foca foi presente desse narrador de quatro Copas do Mundo, e Juarez Soares, esquerdista e sindicalista ainda atuante e que adorava contar suas histórias durante os tortuosos plantões de final de semana.
Essas conversas e todas as vivências do último ano só foram presentes em minha vida graças à Locomotiva Esportiva. Com certeza, serei um Loco convicto até o final. Aliás, agradeço aos amigos bauruenses por me levarem no meu primeiro jogo de basquete – aquele Bauru x Flamengo que nosso amigo Gustavo gastou elogios ao ala Marcelinho.
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