UM ANO MAIS
Noroeste falha na finalização e é eliminado pelo Barretos na A3
Por Fabio Toledo
Sob a garoa fina que caía no início da noite bauruense, faltavam ainda cinco minutos, dos acréscimos, para o fim do jogo, mas o torcedor noroestino já deixava o Alfredão. Num clima de muita melancolia, alguns gritos furiosos misturados com xingamentos vinha das arquibancadas entre aquelas que permaneciam acompanhando a partida. Isso tudo começou a acontecer a partir do gol do Barretos, aos 45 minutos do segundo tempo. O golpe final sobre o Noroeste, eliminado em sua própria casa, vendo o sonho do acesso para a Série A2 ser prolongado por mais um ano.
Em um sábado surpreendente, onde o Capivariano e o Velo Clube, vice-líder e líder da fase classificatória, respectivamente, foram eliminados em casa, o Noroeste também passou pelo mesmo sofrimento. O que seria um caminho mais limpo rumo ao acesso, com a saída das duas melhores equipes da competição até então, foi pro espaço. E tudo começou no jogo da ida.
Ao perder por 2 a 1 em Barretos, o Alvirrubro se viu na necessidade de ir pra cima e ser agressivo no Alfredão. Se lembrarmos das partidas da A3 em que o time precisou ter essa postura, voltamos a jogos nos quais os comandados de Betão Alcântara deixaram a desejar. Na necessidade de mostrar sua força no ataque, o Alvirrubro esbarrou em vários empates e seria mais um neste sábado. Até sair o gol barretense, em um momento que o Noroeste já estava entregue.
A escolha por Chico e Caio Barbosa como dupla de ataque titular até foi bem intencionada, com dois atletas de boa movimentação, para tentar jogar nas costas da defesa. Porém, faltou o atacante de referência, uma vez que os principais lances do primeiro tempo foram em cruzamentos na primeira trave. Em quatro bolas pra lá, nenhuma encontrou um noroestino. Na primeira, e única, do segundo tempo, Leandrinho, que voltou no time no intervalo, estava ali. No desvio de seu marcador, Caio Barbosa teve uma oportunidade, mas isolou.
Aliás, Caio foi um dos destaques negativos do jogo. O camisa 9 perdeu grandes oportunidades de balançar a rede. A torcida pegou no pé dele, mais ainda em Diego Souza, o camisa 10, organizador de jogadas, que não organizou praticamente nada. Mesmo com ele mal no jogo, foi mantido até o final, enquanto que Léo Gonçalves, o qual ocupa quase a mesma faixa do campo, artilheiro do time com 3 gols, ficou no banco.
O Noroeste terminou a partida com quatro atacantes, mas de que adianta tanto volume no último setor, se a criação é extremamente limitada? Com Maranhão e Diego Souza por ali, não se teve nada de especial. Tanto que as oportunidades surgiam mesmo pelos lados, principalmente com Pacheco, sempre ele, pelo lado direito.
De forma melancólica chega ao fim a Série A3 para o Noroeste. Uma competição na qual o clube postulava o acesso e era bastante cogitado para obtê-lo. No entanto, o clube foi um dos favoritos a caírem e, assim como Velo Clube, Capivariano e Comercial, passará pelo menos mais um ano no terceiro escalão do futebol paulista.
O jogo
Na pressão da saída de bola, o Noroeste teve a primeira oportunidade no pé de Maranhão, mas o chute da entrada da área foi longe. Em passe longo de Pacheco pela direita, Caio Barbosa não alcançou e a bola sobrou para o goleiro Wendell. Mesmo destino de uma puxada de Diego Souza pela canhota. mas o começo da partida não foi apenas do Norusca, pois em dois chutes de João Henrique na meia lua da grande área o Barretos assustou.
Antes da marca dos 10 minutos, o Alvirrubro já tinha o controle da partida e passou a frequentar com perigo o campo ofensivo. A aposta foi em lançamentos nas costas da zaga e em cruzamentos rasteiros de Pacheco. Acontece que, em quatro bolas vindas da linha de fundo, nenhuma encontrou noroestinos na primeira trave. Vendo que os donos da casa se organizava melhor, o Barretos começou a segurar a peleja, demorando nas reposições de bola. Porém, não se retrancou, trocou passes e chegou ao ataque.
Ainda assim, era o Noroeste quem causava mais perigo e obteve a principal oportunidade de balançar a rede. Na pressão alvirrubra, um passe pelo meio chegou a Pacheco dentro da área. Na ponta da pequena área, o lateral bateu, mas a bola foi no pé esquerdo de Wendell. Apesar de melhor, o Norusca não causou grandes problemas ao BEC no primeiro tempo.
Necessitando do gol, a Locomotiva voltou para a etapa complementar com Leandrinho no lugar de John Egito. A presença de uma referência no ataque foi notada logo nas primeiras descidas noroestinas. Na primeira, Caio Barbosa aproveitou a sobra de um cruzamento dentro da área pra bater, mas mandou longe do gol. Depois, no corta-luz de Leandrinho pela esquerda, Chico saiu nas costas da defesa, só que demorou na finalização e foi travado. Antes dos 10′, Chico chegou bem pela canhota e mandou o passe pro meio da área. A bola chegou em Caio, que finalizou ao lado do gol.
Depois dessa sequência de oportunidades perdidas pelo Noroeste, o Barretos passou os dez minutos seguintes cozinhando. Com o tempo passando, Betão colocou mais um jogador de frente: Talles Brener, no lugar de Richarlyson. Foi em jogada do ponta que veio mais um grande momento de perigo, pela esquerda. No chute cruzado, Wendell espalmou e a defesa afastou na sobra.
Na última alteração, Pedro Felipe substituiu Chico. Só que o Barretos, satisfeito com a situação, enfim recuou, fechou-se em duas linhas e o Noroeste, sempre em dificuldade nesta situação, sofreu. Assim, aos 45′, Iran aproveitou um contragolpe, com tapete vermelho estendido pela defesa, tocou na saída do goleiro, dando a punhalada final no Noroeste.
Abre aspas
Betão Alcântara – “Faltam palavras num momento desse. A gente tinha convicção que poderíamos passar, da forma como a equipe jogou hoje, com atitude, buscando, se dedicando ao máximo pra fazer o gol. Jogamos o tempo todo em cima, em momento algum o Cairo precisou trabalhar. Tivemos duas chances ali que… é difícil. É aquele sentimento de impotência num momento desses, tivemos tudo pra passar e com certeza brigar pelo acesso.
“Eu só quero agradecer à todos, principalmente ao torcedor que compareceu hoje, pela festa que os caras fizeram antes do jogo e como apoiaram o jogo inteiro. Quero agradecer à diretoria pela oportunidade de ter vestido essa camisa. Fiz meu trabalho com muita hombridade, amor à profissão, mas saio totalmente frustrado. Tinha a certeza de que tínhamos a grande oportunidade de colocar o Noroeste na Série A2”.
Richarlyson – “Falei pros atletas que às vezes a gente não consegue explicar algo que não estava planejado. Mas, ao mesmo tempo, temos que ser inteligentes o suficiente para saber que nem tudo que sonhamos e almejamos nós conseguimos. Serve de aprendizado sempre. É uma frustração grande, a gente tinha tudo pra ter esse acesso e merecia ter, por tudo que fez no campeonato. mas não deu. Ao mesmo tempo, sabemos que não faltou empenho, dedicação, hombridade, profissionalismo. Agora, é levantar a cabeça. É uma liçãozinha dolorosa, mas é importante pra ser lembrada.
“Acima de tudo, fico contente pela família que fizemos aqui. É triste por não termos conquistado o objetivo final, mas contente por ter conquistado amigos dentro do futebol, que às vezes é bem difícil. Tudo na vida é reciprocidade. A gente plantou coisas boas aqui, não deram os frutos hoje, mas lá na frente vamos colher coisas legais”.
Noroeste 0 x 1 Barretos
Noroeste: Cairo; Pacheco, Jean Pierre, Júnior e Renan; Richarlyson (Talles Brener), Maranhão, John Egito (Leandrinho) e Diego Souza; Caio Barbosa e Chico (Pedro Felipe). | Técnico: Betão Alcântara
Barretos: Wendell; Arthur, Carlão, Matheus Blade e Udson; Elias, Alan Mota (Myller), Igor Boi, Yamada (Bruno Smith) e João Henrique (Iran); Anderson Magrão. | Técnico: Ricardo Moraes
Gol: Iran (Barretos – 45′ 2ºT)
Jogos das quartas
Desportivo Brasil 3 x 2 Comercial (ida 0 x 1)
Capivariano 0 x 2 Monte Azul (ida 1 x 0)
Noroeste 0 x 1 Barretos (ida 1 x 2)
Velo Clube 0 x 2 Osasco Audax (ida 0 x 0)
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