ALTERNATIVAS ALVIRRUBRAS
O que o Noroeste pode apresentar?
Por Fabio Toledo
Depois de seis meses de paralisação, o Campeonato Paulista Série A3 será concluído. O retorno acontece no próximo sábado, 19, com a realização da 12ª rodada da fase classificatória. Restam quatro partidas antes do mata-mata e apenas o Noroeste já está garantido na próxima etapa. Enquanto o EC São Bernardo busca confirmar seu avanço, assim como Velo Clube, Capivariano, Comercial e Batatais, oito clubes, separadas entre si por até três pontos, vão lutar pelas últimas vagas. O Marília, penúltimo e na zona de rebaixamento, também busca entrar nesse bolo, enquanto que o Paulista, em situação mais complicada, vai tentar fazer de tudo para deixar a lanterna e escapar da degola.
Já o Norusca poderá utilizar as quatro últimas rodadas para outros objetivos. O mais específico, voltado à competição, é o de manter a liderança, no momento pertencente ao Alvirrubro, com 6 pontos a mais que o vice-líder. Em quatro jogos, também poderá dar ritmo de jogo aos atletas, tendo em vista os seis meses sem partidas, algo incomum na vida de um futebolista profissional. Da mesma maneira, o técnico Luiz Carlos Martins terá condições para montar seu time, tendo em vista as saídas, entradas e condições físicas de cada jogador nesse retorno do futebol. Abaixo, confira o quadro com o elenco noroestino:
A partir das permanências, saídas e chegadas, o Norusca possui algumas possibilidades para a montagem de um time para o restante da Série A3. Devido às limitações dos protocolos de segurança contra o coronavírus, os treinamentos estão sendo todos com portões fechados. Portanto, somente saberemos como o Noroeste jogará na reestreia, contra o Comercial (dia 19, às 17h, no Alfredão). Ainda assim, analisando o elenco, podemos rascunhar quais maneiras o Alvirrubro pode entrar em campo. Vamos a elas!
Manutenção do 4-2-2-2
Além de Carlinhos, em fase final de recuperação de uma lesão que teve no começo da Série A3, o Noroeste também não deve contar em sua reestreia com o meia John Egito, o meia-atacante Yamada e o atacante Pedro Felipe, três elementos importantes na “primeira fase” da competição. Isso vai exigir algumas adaptações, sendo uma delas o aproveitamento da polivalência de certos atletas para compor o time. É o caso do defensor Matheus Blade, zagueiro/volante/lateral. Nessa formação, ele atuaria na lateral-direita, compondo o quarteto defensivo com Jean Pierre, Guilherme Teixeira e Renan. Mais à frente, Jonatas Paulista e Rogério Maranhão completam a “cozinha”, que teve, em termos de nomes, nenhuma alteração com relação ao primeiro semestre.
Adiante, vem uma novidade necessária. Afinal, sem Yamada, o Norusca precisaria de outro meia para a criação de jogadas, ao lado de Igor Pimenta. Existe mais de uma opção: Diego Souza (o chamada meia-armador de origem), França (volante, mas que já realizou a função na carreira, incluindo sua primeira passagem pelo Noroeste) e Richarlyson (por sua polivalência e capacidade técnica). Levando em consideração o histórico dos últimos anos, bem como a boa avaliação da comissão técnica desde o retorno das atividades, o favorito a assumir a posição é França. Além da criação, ele pode ter um importante papel na pressão da saída de bola adversária. Tanto ele como Igor Pimenta possuem a combatividade como característica, o que dá condições disso ser um importante trunfo na intermediária do ataque noroestino.
Apesar de ser mantido o 4-2-2-2, não será possível contar com um ataque tão semelhante àquele das 11 primeiras rodadas. Afinal, além da saída de Fabrício, a lesão de Pedro tira do jogo duas opções de força e mobilidade, marcantes no ataque mais prolífico da Série A3 até então. Por sua vez, há no elenco alternativas para uma ofensiva mais móvel, principalmente pelos lados, com Leléco. O recém-contratado Lucas Shallon também é outra opção para um ataque mais flutuante, embora tenha um trabalho mais individual. Já Fidel Rocha, outro a chegar ao Alfredo de Castilho, tem maiores semelhanças de estilo de jogo com Pedro. Até por isso, deve ser um dos escalados para a reestreia.
A definição de seu companheiro pode ficar entre Leléco e Shallon, mas também contar com a presença de Richarlyson. A qualidade técnica do veterano é conhecida por todos e ele ainda tem condições de ser destaque na Série A3. Em algumas ocasiões, já mostrou boa capacidade ofensiva, com boa presença nas proximidades da grande área, podendo ser um quinto elemento de meio-campo em determinados momentos do jogo, bem como fazer o primeiro combate ao adversário na saída de jogo. Contudo, esse retorno exigirá bastante fisicamente, podendo ser positivo que Ricky seja uma alternativa de banco, para as quase iminentes cinco substituições permitidas.
4-3-3
Uma primeira variação poderia ser a utilização de dois jogadores mais abertos no ataque, com um centroavante. De acordo com observações da comissão técnica, Fidel Rocha, ainda que formado como ponta esquerda, tem frieza e recursos técnicos para atuar por dentro. Isso permitiria explorar os lados do campo, a princípio com Leléco e Lucas Shallon. Essa alternativa exigiria a saída de um jogador no meio-campo, o que poderia deixar Igor Pimenta ou Maranhão de fora. Contudo, um 4-3-3 na situação atual, com três lesionados em posições chave para essa formação, deixaria poucas opções de suplência no banco. Richarlyson poderia ser testado na ponta, mas é uma função que exige explosão física e pode exigir em demasia do camisa 20, ainda mais pensando em preservá-lo para contar com o melhor dele na fase final.
4-2-3-1
Essa variável do 4-3-3 permite algumas situações cabíveis dentro do elenco noroestino. Por exemplo, utilizar Igor Pimenta como um meia pela esquerda, contando com ultrapassagens de Renan. Do outro lado, Blade, por mais que seja defensor, já deu passe pra gol em uma de suas descidas no primeiro semestre. Também há a possibilidade de França e Jonatas Paulista atuarem juntos como volantes, com Richarlyson ou Diego Souza na aproximação do atacante referência. Porém, o que limita essa experiência são as lesões de John e Yamada, atletas que poderiam compor a trinca de apoio ao centroavante – no caso de John, até mesmo atuar como lateral-direito ofensivo. Ainda assim, trata-se de uma opção para o Noroeste para algumas situações de jogo que possa encontrar nessa reta final de A3.
4-1-4-1
Se o Norusca conseguir manter a solidez de sua linha defensiva, ou mesmo precisar superar uma retranca, a opção do 4-1-4-1 pode dar mais agressividade à equipe. Novamente com Fidel Rocha centralizado, pode contar com Leléco em uma das pontas, Shallon ou Richarlyson na outra, ambos com aproximação a Igor Pimenta. França completaria essa linha de quatro atrás do centroavante, afim de pressionar o jogo adversário. Além disso, no 4-1-4-1, o time teria oportunidades de finalizações a média e longa distâncias. No momento, as lesões limitam as alternativas, mas o retorno de Yamada e John daria possibilidade para maiores variações entre os jogadores no posicionamento, dentro da mesma formação.
Três zagueiros
Já que é para trabalhar variações táticas, o Alvirrubro tem pelo menos três boas opções defensivas. Com Blade, Jean Pierre e Guilherme Teixeira, sempre há a possibilidade de jogar com três zagueiros. Tá certo que John Egito e Carlinhos ainda não podem atuar, além do fato de Emanuel, lateral-direito recém-contratado, ser mais defensivo, o que dificultaria fazer as vezes de ala. Mas polivalência é o sobrenome de alguns jogadores do elenco noroestino, como França e Richarlyson. Além disso, é possível trabalhar um esquema de cobertura, que permita um zagueiro avançar na marcação, sem dar espaço para o adversário, ou mesmo Blade fazer a ala, pois o clube acertou a chegada de outros dois homens para a zaga: Maycon e Guilherme Nicola.
Apesar de todas essas possibilidades, também sabemos o quão complicado é desenvolver sistemas de jogo, ainda mais em meio a uma retomada depois de 6 meses sem futebol. Portanto, antes de mais nada, é preciso recuperar o tempo perdido, no físico, no tático e no técnico, para seguir na luta pelo acesso.
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