No dia mundial do combate a Aids, relembre a trajetória do ídolo que se tornou símbolo do combate à doença

Por Bruno Ribeiro

O dia 1º de dezembro foi estabelecido como o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. A data robustece a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do acesso ao tratamento, além de impulsionar a conscientização e solidariedade com as pessoas portadoras do vírus HIV. Portanto, para endossar a causa, traremos a história de uma das maiores lendas do esporte mundial, o qual espelhou milhares de pessoas no árduo caminho de conviver com a doença. Trata-se de Earving Johnson Jr., ou simplesmente “Magic Johnson”.

Considerado por muitos como o maior armador da história do basquete, o norte-americano nascido em Lansing, estado do Michigan, não somente desfilou seu talento pelas quadras, como também construiu uma carreira recheada de conquistas. Envergando a pesada camisa do Los Angeles Lakers – o número 32 foi aposentado em sua homenagem -, foram cinco títulos da NBA conquistados, três prêmios como jogador mais valioso da liga, além de 10 participações no Jogo das Estrelas. Sem contar, é claro, as respeitáveis médias de 19.5 pontos e 11.2 assistências por jogo. Feitos estes que o conduziram a integrar o desejado Hall da Fama da modalidade da bola laranja.

Contudo, fora de quadra, nem só de glórias viveu Magic Johnson. Durante um exame realizado antes do início da temporada de 1991-1992, o atleta recebeu um diagnóstico positivo para HIV. Em uma conferência de imprensa em 7 de novembro de 91, realizada no Great Western Forum, ele anunciou que estava se aposentando imediatamente do esporte. Após admitir contrair a patologia devido às múltiplas parceiras sexuais durante a carreira, o armador decidiu dedicar sua vida exclusivamente ao combate à doença.

“Nos dias seguintes eu fui coberto pela cobertura da mídia da minha infecção e de reportagens de que, após o meu anúncio, milhares de pessoas foram aos hospitais e clínicas ao redor do país e pediram para fazerem o teste da AIDS. As linhas diretas foram incapazes de responderem à todas as ligações. As vendas de camisinhas cresceram, bem como as doações para organizações [contra] AIDS”.

Essa foi a fala de Johnson sobre o impacto do anúncio de que era portador do vírus HIV, em entrevista recente ao jornal francês L’Équipe.

A decisão não durou muito tempo e, no ano seguinte, Magic “despendurou” o tênis cano-alto para a disputa do Jogo das Estrelas e também das Olimpíadas de Barcelona, na qual integrou o histórico Dream Team norte-americano. Entretanto, a condição do camisa 32 gerou protestos por parte de outros jogadores da NBA. Byron Scott e A.C. Green, assim como Karl Malone e outros companheiros de liga, argumentaram que eles estariam em risco caso Johnson sofresse uma ferida enquanto estivesse atuando. O atleta chegou a treinar e realizar amistosos, mas antes do início da temporada, voltou à aposentadoria diante da controvérsia.

Foram quatro anos como porta-voz do “sexo seguro”. Neste período, ele criou a Magic Johnson Foundation, viajou pelo mundo e colaborou com milhares de pacientes. Até que, em 1996, aos 36 anos, ele retornou às quadras para um “último tango”. Atuando como ala-pivô, Johnson disputou os 32 jogos finais da temporada regular, com médias de 14.6 pontos, 6.9 assistências e 5.7 rebotes por jogo, até que, pela terceira vez, aposentou-se novamente – dessa vez em definitivo.

Johnson voltou então a engajar-se contra o HIV, principalmente discursando para os jovens. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lhe indicou como exemplo para que os doentes saibam que é possível sim ter uma vida normal. Quando sua descoberta da doença completou 20 anos, em 2011, Johnson declarou que não se arrepende da decisão de ter abandonado as quadras. No entanto, com todas as informações que possui hoje, provavelmente não teria a mesma atitude.

“Foi a decisão correta naquele momento. Se soubesse o que sei atualmente, talvez não tivesse me aposentado”, afirmou o ídolo do basquete americano, que ainda completou. “Sou uma pessoa sem arrependimentos por minhas decisões, não olho para trás”. Além disso, Johnson disse que, apesar da AIDS, está muito feliz e que ainda deseja viver por muito tempo.

Atualmente, aos 59 anos, ele é um exemplo de que, seguindo as ordens médicas e praticando exercícios, é possível lutar contra a doença. O ex-atleta, e agora presidente de operações do Los Angeles Lakers, toma 15 comprimidos diários, além de cumprir rigorosamente sua rotina de exercícios, acordando às 5h todos os dias. Ademais, o ex-atleta exerce atividade empresarial através das Empresas Magic Johnson, investindo em diversos ramos de negócios e também realizando ações filantrópicas. Ele integrou o grupo que adquiriu a equipe de beisebol Los Angeles Dodgers, em 2012. Johnson também atua como comentarista no programa televisivo NBA Countdown, da rede norte-americana ABC.

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