ESPECIAL PAULISTA 2020
Por Fabio Toledo e Lucas Guanaes
2020 está sendo um ano peculiar. A pandemia da covid-19 causou uma reviravolta mundial que poucos esperavam. Inevitavelmente, gerou consequências no basquete, interrompendo a temporada em meados de março. Em alguns locais, como NBA e Espanha, arrumaram uma maneira dos campeonatos serem finalizados. Contudo, no Brasil o encerramento pôs fim a uma temporada que, obviamente, deixou um vazio que não será preenchido.
Porém, a bola vai subir novamente a partir desta quinta-feira no estado de São Paulo com o início do Paulistão. O público não poderá comparecer aos ginásios e algumas equipes não resistiram aos impactos da pandemia e estarão de fora da temporada, como Rio Claro, São José e Unifae. Mas outros nove times disputarão o caneco que dá uma moral para o restante da temporada.
O sistema de disputa é simples. Um grupo com quatro integrantes, outro com cinco, sendo que a divisão foi feita geograficamente, para diminuir os deslocamentos, risco de contagem e, de quebra, economizar verba de logística. Os quatro primeiros de cada grupo avançam para a fase seguinte, que redividirá os times em dois quadrangulares sediados, sendo que o melhor de cada disputará a grande final, em jogo único. Nos grupos, todas as fases serão em turno único e dentro do próprio grupo. Confira a tabela aqui. Todas as partidas serão transmitidas pelo Youtube na TV FPB.
Sem mais delongas, vamos aos participantes!
Zopone/Gocil Bauru
Ginásio: Panela de Pressão – capacidade para 2.200 pessoas
Elenco: Alexey Borges, Larry Taylor e Alexei Patrício (armadores); Alex Garcia, Gui Deodato e Gabriel Jaú (alas); Tyrone Curnell, Dikembe, João Pedro e Emanuel (pivôs)
Quinteto base: Alexey, Alex, Deodato, Tyrone e Dikembe
Técnico: Léo Figueiró
O Campeonato Paulista será pautado por mudanças. Poucas equipes mantiveram um elenco base, mas, no caso de Bauru, as transformações foram mais drásticas. Do time da última temporada, sobrou apenas Larry, Jaú e Emanuel. De resto, trocou tudo, incluindo o técnico – Demétrius Ferracciú foi substituído por Léo Figueiró – e até mesmo o patrocínio máster, agora em dobro.
É claro que a composição do Bauru Basket versão 2020-21 dá boas lembranças ao torcedor com os retornos de Alex, referência do time multicampeão, e Gui, cria do time e da cidade. Porém, a presença de Alexey, Tyrone e Dikembe agregam ainda mais para os planos da equipe. Mais um gringo deve chegar (o ala Zach Graham já estaria “apalavrado”) para fechar o time com vistas no NBB.
Para o estadual, o Dragão terá um início para ganhar ritmo e coesão. No papel, tem um elenco de qualidade e grande potencial. Mas é a prática que vai definir se esse time vai sonhar alto no NBB. Isso passa por marcar território, brigando pelo título paulista com equipes que possuem ambições semelhantes à sua.
Corinthians
Ginásio: Wlamir Marques – capacidade para 6.800 pessoas
Elenco: Felipe Dalaqua, JP de Paula e Pedro (armadores); Vezarinho, Anderson, Victor, Guilherme Cestari e Lucas Pipoka (alas); Yan, Ludwig, Lucas Cauê e Ícaro (pivôs).
Quinteto base: Felipe, Vezarinho, Pipoka, Yan e Lucas Cauê
Técnico: Vitor Galvani
A equipe mais ao leste da capital paulista sofreu no início da intertemporada. Seus principais valores deixaram o clube, que não sabia se teria orçamento para uma próxima temporada. Contudo, o Timão conseguiu se organizar e contratou bons nomes para o próximo NBB, trouxe Demétrius Ferracciú para o comando e conseguiu manter Fischer e Fuller.
Contudo, para ter uma melhor preparação para o nacional, além de economizar alguns meses de salário dos adultos, o Paulista será disputado com os atletas da base, que terão o torneio como uma espécie de teste para subirem à equipe que disputará o NBB. Assim, dando um voto de confiança aos garotos, mas sob o olhar de Demétrius e sua comissão, o Corinthians tentará surpreender as principais equipe e descobrir novos valores dentro de sua própria casa.
Sesi Franca
Ginásio: Pedro Morilla Fuentes (Pedrocão) – capacidade para 6 mil pessoas
Elenco: Elinho e Adyel Borges (armadores); Danilo Fuzaro, André Góes, Márcio, Gui Abreu, Vitor Silvério, Léo Abreu (alas); Lucas Dias, Guilherme Hubner, Edu Marília e Lucas Neri (pivôs)
Quinteto base: Elinho, Fuzaro, André Góes, Lucas Dias e Guilherme
Técnico: Helinho Garcia
Não há dúvidas de que o Franca foi a equipe que mais perdeu em termos de nome durante a pandemia. O time que contava com Parodi, David Jackson, Jimmy e Hettsheimeir sofreu uma grande reformulação. Ainda que exista a expectativa de nomes estrangeiros para o NBB, o Campeonato Paulista será um importante teste, especialmente para os jovens formados no clube, apostas francanas para a temporada.
É fato que, de início, o jogo da equipe comandada por Helinho Garcia será baseada em seu quinteto titular, experiente, formado pelos remanescentes Elinho, Lucas Dias e Guilherme, mas reforçado pela dupla Fuzaro e André Góes – de sucesso por Mogi. No entanto, espera-se um crescimento dos garotos, como Adyel Borges (irmão do armador Alexey), Márcio, Gui Abreu e Edu Marília. O desempenho desses atletas, inclusive, também poderá servir de guia para Franca buscar alternativas no mercado internacional, de acordo com as necessidades.
Atual bicampeão estadual, os francanos sabem que o título da competição se tornou um tanto irrelevante. O foco seria nas competições continentais e, claro, no NBB. Ainda assim, o Paulista terá sua importância, a fim de dar espaço para jogadores de destaque na base, batendo na porta do adulto para darem início a carreiras promissoras.
Liga Sorocabana
Ginásio: Gualberto Moreira – capacidade para 3.500 pessoas
Elenco: Adler, Fumacinha e João Prado (armadores); Eric Laster, Rafael Castellon, Gabriel Machado, Dedé, Matheus Weber, Thiago e Dilber (alas); Murilo Becker, Salatiel, Jonathan Muller e João César (pivôs)
Quinteto base: Adler, Laster, Castellon, Salatiel e Murilo
Técnico: Rinaldo Rodrigues
Com o cancelamento do Campeonato Brasileiro CBB, o LSB não atuou em competições basqueteiras até setembro. Ainda assim, burlou as regras de quarentena na pandemia para treinar quando não poderia. A atitude, no mínimo, reprovável tinha como objetivo deixar a equipe em melhores condições do que os adversários nessa retomada. No entanto, na disputa da Copa São Paulo, mesmo com a “estratégia” e sediando a competição, o time do técnico Rinaldo Rodrigues ficou apenas com o terceiro lugar (de quatro participantes).
O elenco do time de Sorocaba é bastante jovem, tendo como elementos de experiência o norte-americano Eric Laster (ex-Cearense e Joinville), bem como Rafael Castellon e Murilo Becker. Da juventude, destaque para os atletas vindos por empréstimo da base do Flamengo (João Prado, Gabriel Machado, Matheus Weber e João César) e para o ala-pivô Salatiel, destaque do Praia Clube na LDB de 2019.
No geral, não é um time que provocará grandes surpresas num grupo com Bauru, Franca e Mogi. Ainda assim, como avançam quatro para a fase seguinte e a chave possui quatro competidores, impossível do LSB não passar, nem se Rinaldo quisesse.
Mogi das Cruzes
Ginásio: Prof. Hugo Ramos (Hugão) – capacidade para 5 mil pessoas
Elenco: Fúlvio, Lessa e Cassiano (armadores); Dominique Coleman, Luciano Previatti e Colina (alas), Wesley Castro, Gruber, Fabrício Russo, Douglas Santos e Felipe Cardoso (pivôs)
Quinteto base: Fúlvio, Lessa, Coleman, Russo e Wesley
Técnico: Guerrinha
A realidade mogiana dos últimos dois anos tem se mantido: com menor investimento em comparação a um passado não tão distante, a equipe precisa se reinventar a cada temporada. O time guerreiro, que contava com os talentos de Alexey, Fuzaro e André Góes ficou pra trás. Mais uma remontada do elenco do técnico Guerrinha, em busca de, ao menos, manter o espírito da equipe.
Até por isso, as permanências de Fúlvio, Lessa e Russo – além de Gruber, que se recupera da cirurgia no joelho – são positivas. Coleman e Wesley terão papéis importantes nos dois lados da quadra, sobrando a jogadores mais jovens, como Cassiano, Douglas Santos, Previatti e Colina, a função de dar energia na rotação. Ainda assim, a diferença do time titular para o segundo quadro pode ser grande demais, o que não é um problema de hoje pelas bandas do Hugo Ramos.
Na temporada passada, havia as limitações financeiras do Mogi, mas também era possível ter confiança de um time forte, a partir de nomes que brilhariam com o espaço que lhes foi dado. Repetir a dose será o desafio maior para Guerrinha e seus comandados, ainda mais sem a força da torcida mogiana. Será um Paulista de bastante observação para sabermos até onde a Jaguatirica pode ir na temporada.
Basket Osasco
Ginásio: Geodésico – capacidade para 1.500 pessoas
Elenco: Thiaguinho, Carioca e Robinho (armadores); Edu Mariano, Scaglia, Bruno Vianna, Gustavo Nascimento e Tiago Ortega (alas); Lupa, Tom, Gabriel Mendes, Ygor, Eliel, Ewerton e Pedro (pivôs)
Quinteto base: Thiaguinho, Scaglia, Edu Mariano, Gabriel Mendes e Lupa
Técnico: João Ricardo
Para a maioria dos participantes, o Paulista é levado mais como uma preparação para o NBB. Não é o caso do Osasco, que tem na competição estadual seu maior foco. E o time da Grande São Paulo chega confiante de que realizará um competente campeonato, frente investimentos maiores. Afinal, no fim de semana que antecedeu o início do Paulista, a equipe faturou a Copa São Paulo, superando Liga Sorocabana e Tatuí pra terminar com o título – o primeiro do projeto osasquense.
Outro fator presente no Basket Osasco, este tradicional da equipe comandada pelo técnico/diretor executivo João Ricardo, é a presença de atletas com experiência no NBB, em busca de uma equipe para o restante da temporada. Além de Thiaguinho, Robinho, Ygor e Tom – figurinhas carimbadas do time –, o Coruja conta com Patrick Carioca e Edu Mariano, atletas com rodagem a nível nacional; Gustavo Scaglia, Lupa e Gabriel Mendes, que disputaram o último NBB.
Embora seja complicado bater de frente com maiores investimentos, Osasco tem a confiança depois de um título, aliado a maior ritmo de jogo e atletas em busca de espaço no cenário nacional. Se isso vai ser suficiente, na prática, pra superar ao menos uma equipe na fase inicial? A princípio, não. O bom do basquete é que a resposta vem mesmo na quadra.
Paulistano
Ginásio: Antônio Prado Jr. – capacidade para 1.500 pessoas
Elenco: Ruivo, Jhonatan e Beto (armadores); Deryk, Cauê Borges, Jimmy, Lucas Dória e Anderson Buiú (alas); Victão, Du Sommer, Maique e Rafael Araújo (pivôs).
Quinteto base: Ruivo, Deryk, Cauê Borges, Victão e Du Sommer
Técnico: Régis Marrelli
Após uma temporada com nomes interessantes, mas que não renderam juntos, o Paulistano voltou às origens. Montou uma equipe sem estrangeiros, apostando em na mescla de nomes experientes e pratas da casa (ou quase isso). O plantel tem qualidade e pode fazer frente às equipes com maior orçamento, apostando também na preparação de seu elenco frente ao início cauteloso que terão seus principais adversários.
A temporada também poderá ser de grande afirmação para alguns nomes que careciam de mais espaço em cenários anteriores. Enquanto Deryk, Cauê e Jimmy devem segurar a bronca nos momentos mais complicados, Ruivo e Du Sommer finalmente deverão ter os tão procurados minutos que não encontraram em outros elencos, podendo confirmar (ou não) as expectativas que pairam sobre eles.
Pinheiros
Ginásio: Henrique Vilaboim – capacidade para 1.000 pessoas
Elenco: Gabriel Campos, Zubiaurre e Tico Faria (armadores); Danilo Sena, Buffat, Humberto, Munford, Jamison e Luan (alas); Teichmann, Daniel Aleixo, Mãozinha e Maicon Douglas (pivôs)
Quinteto base: Gabriel (Zubiaurre), Danilo Sena (Humberto), Buffat, Mãozinha e Teichmann
Técnico: David Pelosini
O tradicional clube localizado entre a Marginal Pinheiros e a Brigadeiro Faria Lima teve uma reformulação na estrutura basqueteira. Com a diminuição da verba para os esportes profissionais dentro do clube, o Pinheiros utilizará atletas que disputaram as categorias de base nas últimas temporadas, mantendo inclusive seu treinador, David Pelosini. Para dar um toque de experiência, Humberto e Teichmann, identificados com o clube, servirão de mentores em quadra.
Contudo, a aposta pinheirense é mais certeira que a de outras equipes que apostam em seus nomes mais jovens. Afinal, os atletas selecionados venceram inúmeros torneios num passado recente, incluindo a LDB. Além disso, já possuem certa rodagem entre o elenco adulto da última temporada, em especial Buffat e Danilo Sena. Apesar da baixa idade, podem fazer bonito no cenário estadual.
São Paulo
Ginásio: Morumbi – capacidade para 1.900 pessoas
Elenco: Georginho e Dawkins (armadores); Bennett, Igor, Danilo, Shamell e Isaac (alas); Renan Lenz, Jefferson, Gerson e Lucas Mariano (pivôs).
Quinteto base: Georginho, Bennett, Shamell, Renan Lenz (Jefferson) e Lucas Mariano
Técnico: Cláudio Mortari
O São Paulo não fez uma grande campanha no Paulista de 2019. Apesar de chegar nas semifinais, sofreu alguns tropeços e não convenceu em várias vitórias. Contudo, o torneio foi extremamente necessário para Mortari encontrar a equipe ideal que fez bonito no NBB. Para esta temporada, com toda a base mantida (perderam apenas Léo Meindl e Holoway dos atletas com mais minutos) e vários reforços de peso, como Dawkins, Bennett, Isaac, Gerson e Lucas Mariano, Mortari poderá precisar novamente encontrar um novo equilíbrio em seu elenco.
Portanto, o sucesso no Paulista dependerá da velocidade com que isso for feito. Ainda assim, a base do ano passado deve iniciar a maioria dos jogos, trazendo o entrosamento para enfrentar adversários que ainda estão se conhecendo. No final das contas, apesar de possíveis problemas que o Tricolor possa enfrentar, segue como favorito para levantar o caneco pela primeira vez em sua história.
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