50 MINUTOS DE AGONIA
Sendi/Bauru Basket perde para São José após duas prorrogações
Por Fabio Toledo e Lucas Guanaes
Não foi lá a melhor partida tecnicamente da temporada, mas certamente teve emoção. Tanto para os que compareceram à Panela de Pressão, como para os milhares que conferiram o jogo de suas casas, Sendi/Bauru Basket x São José foi uma das partidas mais disputadas do ano. No fim, após 50 minutos de jogo, melhor para a Águia do Vale, que conseguiu sua primeira vitória na competição: 96 x 98.
O Dragão começou o jogo melhor, assim como tem acontecido nas demais partidas. Com quatro roubos de bolas apenas no primeiro período, a equipe de Demétrius conseguiu desestabilizar o São José e abriu vantagem nas transições. Faggiano e Wiggins comandaram as ações da equipe, que chegou a abrir onze pontos de frente. Nos últimos minutos, Paulo César Jaú começou a rodar seu time, diminuindo a diferença timidamente.
Mas a partir do segundo período, com praticamente um quinteto reserva em quadra, São José melhorou. As ações de Duda, Mariani e Figueredo surtiram efeito e conseguiram travar o ataque bauruense, ao mesmo tempo que tiveram mais tranquilidade ofensiva e diminuiram os erros. Com tudo empatado no intervalo, o terceiro período foi mais uma vez da Águia, utilizando consecutivos backdoors, quando os laterais passam pelas costas do marcadores para receberem a bola com tranquilidade.
Demétrius tentou conter a estratégia joseense promovendo alterações nos homens em quadra, além de utilizar uma defesa por zona em alguns momentos, mas sem sucesso. No último quarto, contudo, Faggiano estava inspirado. O argentino anotou todos os 15 pontos que tentou, além de distribuir duas assistências. Já nas duas prorrogações, o Bauru passou a sofrer com as ausências de Crescenzi e Jaú, ejetados pela quinta falta, além de Wiggins, que saiu com dores na coxa esquerda. Faggiano, por sua vez, estava esgotado fisicamente, uma vez que atuou por 43 minutos.
Assim, o caminho ficou livre para o trio Figueredo, Mariani e Rafael retomarem a liderança nos últimos cinco minutos e conseguirem sua primeira vitória na competição. O trio, de fato, nem precisou demonstrar um grande repertório ofensivo, uma vez que as jogadas propostas deram certo repetidas vezes, principalmente nas costas dos alas bauruenses. Sob a cesta, Massey e Renato também não tiveram um dia inspirado, dando confiança ao trio joseense, que tem crescido de produção nas últimas rodadas.
Agora ambas as equipes possuem uma vitória e quatro derrotas no NBB, mas o São José fica na frente pelo confronto direto. A Águia volta às quadras no próximo sábado (09), às 18h, contra o Sesi Franca, no Pedrocão. Já Bauru enfrentará Mogi, ainda na Panela, também no sábado, às 12h45.
O jogo
Repetindo a formação inicial da última partida, Bauru foi de Faggiano, Samuel, Wiggins, Emanuel e Massey. Já os joseenses entraram com Figueredo, Mariani, Léo Eltink, Rafa Oliveira e Lupa. Após dois minutos e meio de equilíbrio, a maior pressão na linha de passe do perímetro visitante resultou em uma melhora bauruense. Nos roubos de bola, defesas fortes e transições rápidas, o Dragão construiu uma vantagem de 12 pontos em pouco mais de dois minutos.
Mesmo quando teve oportunidades, São José desperdiçava. Bauru conseguiu se aproveitar para ter a diferença acima dos 10, mas o baixo aproveitamento dos arremessos limitou esse crescimento. Precisando de alternativas para sair do prejuízo, a Águia teve nas infiltrações de Eugenuisz e Sérgio Conceição no garrafão nomes importantes. Apesar disso, o placar era favorável ao time de Sem Limites, que fazia 22 x 13.
Nas boas presenças de Gabriel Jaú e Crescenzi, vindos do banco, o Dragão abriu 13. São José seguia vacilando, mas os donos da casa não aproveitavam suficientemente para ampliar o placar. Aí, quando Duda encaçapou uma bola do perímetro e Figueredo encontrou Rafael no garrafão para a bandeja, os joseenses davam sinais que tinham entrado no jogo. Depois de uma sequência de mais de dois minutos sem ninguém pontuar, a Águia de fato começou a voar.
Nas bolas enfiadas por Figueredo e Duda, Rafa e Lupa encostaram. De três, Figueredo foi certeiro. Depois, foi dele o passe para, dessa vez, ser Guido Mariani o gatilho para mais três pontos. Graças a dois roubos de bola de Samuel Pará, Bauru segurou a recuperação joseense. No entanto, não evitou que o duelo chegasse ao intervalo com um empate, por 39 (17) x (26) 39.
O equilíbrio seguiu no pior momento da partida: o terceiro período. Cheio de erros ofensivos, violações e aproveitamentos ruins nos arremessos, o placar demorava a se movimentar. Pra se ter ideia, ao chegar em cinco minutos de disputa, a parcial era de 6 x 6. Porém, a partir de boa sequência da dupla Figueredo-Mariani, São José abriu cinco de frente. Dema logo pediu tempo, as as coisas demoraram um pouco mais pra se acertar.
A partir de uma bola de três de Wiggins e inflitração de Faggiano, Bauru se recolocou no placar. Do outro lado, nem Eltink, nem Eugeniusz, nem Sérgio conseguiram balançar a redinha, dando chance da virada para o Dragão na última bola do quarto. Aos trancos e barrancos, a bola chegou em Crescenzi que, de média distância, deixou o placar em 56 (17) x (16) 55, no final do período.
No quarto derradeiro (do tempo normal), uma bola de três de Duda deu mais que a frente no marcador para São José, mas confiança pra vencer. Faggiano e Wiggins reagiram, retomando a ponta. Contudo, os erros pendiam em favor dos visitantes. No bom passe de Eltink, Rafa fez na bandeja. Com Figueredo servindo Mariani e Eltink no perímetro, São José encontrou seu jogo e tinha tudo pra levar de vencida.
A resistência bauruense foi Lucas Faggiano, dono de 15 pontos na parcial. Pegando a bola de baixo do braço, o argentino se sobressaiu. De tabela, sua bola de três certeira retribuiu um tiro silenciador de Figueredo. Provocando o erro de seu compatriota, fez a bandeja pra deixar em um ponto a diferença. Com 35 segundos pro final, Mariani deixou São José à frente, mas foi Faggiano o responsável pelo empate, em 84 (28) x (29) 84.
Na prorrogação, era preciso mais alguém aparecer nos ataques pra fazer a diferença. Com Wiggins sentindo um desconforto na perna, Faggiano precisou seguir carregando o jogo. Só que, cada vez mais, as infiltrações do argentino ficaram manjadas. Praticamente apenas em lances livres, os joseenses tiraram o 5 x 0 contra para igualar novamente, em 90 (6) x (6) 90.
Tinha mais prorrogação, assim como mais erros das equipes. Crescenzi se sobressaiu em parte dos cinco minutos, mantendo Bauru na frente. Após tiro de três certeiro de Renato, o Dragão tinha tudo para definir o jogo. Justo nesse momento, o ataque bauruense emperrou. Em dois ataques perdidos por Bauru e transição rápida, São José passou a frente. Nos lances livres, Mariani fez. Faggiano exagerou na individualidade e tomou toco de Eltink. Brito ainda teve chance de igualar, mas um lance livre errado colocou tudo por água abaixo. Vitória da Águia por 96 (6) x (8) 98.
Abre aspas
Demétrius – “Faltou construir melhor o jogo. No primeiro quarto, foi correto, defendendo bem. Aí, no segundo, a gente entrou achando que podia relaxar. É essa consistência que falta pra nossa equipe. Fomos irregulares, não dá pra tomar só 13 pontos num quarto e no seguinte levar 26, é inadmissível. Isso que falta pra equipe, pra não dar a confiança que o adversário precisa. Além disso, tem falhas defensivas, rebotes ofensivos cedidos. São coisas que já vem acontecendo. A gente treina, só que na situação de jogo está acontecendo de uma forma que não consegue reagir.
Faggiano – “Sempre que se perde em casa é ruim. Depois de duas prorrogações, é pior. Tivemos oportunidades para vencer o jogo, dois arremessos e não conseguimos. Mas cometemos muitos outros erros antes disso que precisam ser levados em conta”.
Rafa Oliveira – “Foi uma vitória merecida. A gente veio sabendo que seria um jogo difícil e lutou até o final. Deixamos uma prorrogação escapar em casa, agora fora é um sentimento gostoso. Essa vitória é muito importante pra nossa sequência no campeonato”.
O cara
Controlador do jogo joseense, Diego Figueredo pode fazer partidas onde é destaque na pontuação e outras onde funciona mais como garçom. Em Bauru, a noite do argentino foi com gravata borboleta e bandeja na mão. Muito pressionado no primeiro período, conseguiu espaço pra criar e foi decisivo nas dois principais períodos da Águia na partida. Tanto que terminou com duplo-duplo: 12 pontos e 12 assistências.
Destaques
Sendi/Bauru Basket
– Faggiano: 27 pontos, 3 rebotes, 7 assistências e 4 roubos de bola
– Wiggins: 19 pontos, 8 rebotes, 6 assistências, 4 roubos e 2 tocos
– Crescenzi: 17 pontos e 7 rebotes
– Massey: 6 pontos, 7 rebotes e 3 roubos de bola
São José
– Rafa Oliveira: 25 pontos e 7 rebotes
– Mariani: 20 pontos e 4 rebotes
– Duda: 17 pontos, 10 rebotes e 4 assistências
– Figueredo: 12 pontos, 4 rebotes e 12 assistências
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