UM NOVO BAURU?
Sendi/Bauru Basket vence mais uma vez com placar centenário no NBB CAIXA
Por Lucas Guanaes
Janeiro já está chegando ao fim e nem o mais otimista torcedor bauruense imaginaria o momento vivido pelo Sendi/Bauru Basket. A posição na tabela ainda é incômoda, mas as vitórias centenárias contra São José e, na última quarta-feira, contra Rio Claro, deram novo ânimo à equipe e torcida, que terá mais duas oportunidades de comparecer à Panela de Pressão na próxima semana.
Assim, selecionamos alguns pontos que explicam o bom momento bauruense, aumentando a expectativa para os duelos contra Corinthians e Pinheiros na próxima semana. Vale lembrar que no primeiro turno as duas equipes venceram o Dragão, sendo ambas as partidas em São Paulo.
Elenco completo
Começando pelo mais óbvio, Demétrius, agora sim, possui elenco completo para trabalhar. Sem contar com Jaú nas últimas duas temporadas e depois precisando manejar a lesão de Larry e saídas de Massey e Gabriel Mendes do elenco, o treinador bauruense sofreu na primeira metade da temporada. Agora, com o Alienígena de volta e Draper na vaga de Massey, Bauru tem todos os 12 jogadores à disposição.
Além disso, se a ausência da Copa Super 8 foi sentida, o intervalo para descanso e treinos caiu muito bem na Vila Pacífico. Faggiano, Renato e Wiggins puderam se recuperar fisicamente, uma vez que eram os jogadores que mais tempo passavam em quadra. Larry pôde se recuperar definitivamente da lesão no joelho, Draper está cada vez mais entrosado com os demais companheiros e Jaú parece ter recuperado a confiança.
Já nos jogos, tanto Wiggins como Faggiano não precisam ficar tanto tempo em quadra, uma vez que há suplência em bom nível. Diante de Rio Claro, por exemplo, o canadense atuou por quase 25 minutos, enquanto o argentino, 20. Uma diferença bem grande dos mais de 35 minutos em que frequentemente atuavam no primeiro turno. Desta maneira é possível manter a intensidade – e a qualidade – até os momentos finais das partidas.
Menor volume ofensivo de Wiggins e a distribuição na pontuação
O bom tempo de treinamento também permitiu que a comissão técnica organizasse melhor as jogadas bauruenses, adicionando novas estratégias ao arsenal do time. Reflexo direto disso foi o fato de sete jogadores anotarem 11 ou mais pontos contra São José e seis contra Rio Claro. Assim, Wiggins, que chutou para pelo menos 35 pontos em quase todo o primeiro turno, tendo aproveitamento por volta de 50% na pontuação e abaixo de 30% do perímetro, passou a selecionar melhor os arremessos.
A média, contudo, segue na casa dos 18 pontos por jogo, mantendo o canadense entre os cestinhas do NBB CAIXA. O aproveitamento em 2020, porém, já é de 53% para dois pontos e incríveis 62.5% do perímetro. Com mais opções em quadra, o time fica mais imprevisível, podendo terminar as jogadas de diversas maneiras, dificultando o trabalho da defesa adversária. Um dos pontos principais dos duelos de janeiro, foi a reação do quinteto em quadra às marcações em zona, um dos problemas mais escancarados do primeiro turno que, nos dois últimos jogos, foi resolvido.
Estudo dos adversários
Com tempo para treino, também é possível armar estratégias específicas para o próximo adversário. Foi assim contra Rio Claro, quando a equipe fechou o perímetro dos adversários no primeiro tempo, além de impedir a distribuição de jogadas de Sahdi. O armador argentino está fazendo uma grande dupla com Gerson, transformando este último em um dos melhores pivôs da competição. A maior combinação passador/finalizador da temporada é, justamente, Sahdi/Gerson, como mostra o jornalista Lucas Rocha, da Jovem Pan News Bauru.
Contudo, o que Bauru não contava era que Gerson conseguiria chamar o jogo para si mesmo sem o apoio dos armadores. O pivozão do Leão, usando e abusando de um bom posicionamento e atleticismo para, inclusive, cortar em direção à cesta mesmo com a bola, anotou 20 pontos no primeiro tempo, mais da metade dos tentos de sua equipe. No intervalo, porém, Demétrius conseguiu arrumar a casa e corrigir a defesa sobre Gerson, que anotou apenas dois pontos nos 20 minutos finais.
Draper, Jaú e Larry
Cada um com seu motivo, podemos dizer que Bauru teve três adições na virada de ano. A primeira e mais óbvia foi Larry Taylor, que retornou após quatro meses fora por conta de uma lesão. O alienígena deu outra dinâmica ao time, atuando tanto ao lado de Faggiano, como permitindo um descanso ao argentino em diversos momentos. Sua liderança também foi sentida em momentos de dificuldade, quando colocou a bola sob o braço e mostrou o caminho certo aos companheiros.
Draper estreou contra Pato, mas foi só a partir do duelo contra São José que mostrou o motivo de ser um sonho antigo da diretoria bauruense. O americano está cada vez mais entrosado à equipe, conseguindo executar as jogadas necessárias e sendo muito importante no jogo de transição bauruense, característica ausente em Massey, por exemplo. A comparação entre os dois, inclusive, é inevitável pela maneira como as negociações foram conduzidas. O grande trunfo de Massey era o alto volume na pontuação, principalmente do perímetro, o único que acenava uma possível divisão de responsabilidade com Wiggins no fundamento.
Nas três primeiras partidas, Draper acertou apenas uma bola de três pontos, de sete tentadas. Sabendo disso, Rio Claro pagou para ver seus chutes na Panela de Pressão, e pagou caro. O ala/pivô anotou quatro chutes em oito tentativas, mostrando que também é perigoso do perímetro.
Por fim, Jaú parece finalmente ter recuperado a confiança perdida pelos dois anos parado por lesões. O ala atuou por todo o primeiro turno com apenas alguns lampejos do atleta pré-lesão. Nos três últimos jogos, porém, tem médias de 16.6 pontos e 9 rebotes, bem acima dos 5.9 pontos e 3.5 rebotes das primeiras 14 partidas, mesmo com a minutagem não se alterando.
O bom momento da equipe também permitiu um sensível crescimento dos demais atletas, como Renato e Crescenzi, apesar da queda do tempo de quadra de Pará e Lucas Brito. Os dois primeiros, contudo, já eram regulares em suas atuações, mas conseguiram aumentar a eficiência significativamente em janeiro.
Sequência
Por fim, pela primeira vez na competição Bauru chegou a duas vitórias seguidas. Das 10 vitórias em 15 partidas planejadas por Demétrius no segundo turno, restam oito em 13. Das 13, cinco serão na Panela de Pressão, com duas delas já na próxima semana, diante de Corinthians e Pinheiros. São equipes mais qualificadas, que brigam para brigar no G4, além de virem em um bom momento, especialmente o Pinheiros, com grande fase da dupla Bennett/Betinho.
Mas se antes de 2020 a expectativa era de jogos improváveis de terminar com triunfo bauruense, janeiro mostrou que as partidas deverão ser muito disputadas. Serão duas provas de fogo para o time da Sem Limites, que poderá comprovar, ou não, o bom momento e as mudanças que a virada de ano proporcionou. Além disso, com mais duas vitórias a equipe já chega muito perto da metade da meta estipulada pela comissão técnica com mais de dois terços dos jogos por fazer. Vale lembrar que nos próximos meses alguns compromissos prometem ser muito difíceis, como Franca, Flamengo, Mogi e São Paulo fora de casa na reta final do segundo turno. Manter o bom momento é fundamental para não depender de vitórias contra adversários mais qualificados.
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