NO INFERNO DO TERCEIRO QUARTO
Sendi/Bauru vai mal no segundo tempo e perde para Brasília no NBB
Por Fabio Toledo
Muitos ainda se lembram do jogo histórico entre Sendi/Bauru Basket e Universo/Caixa/Brasília no primeiro turno deste NBB CAIXA. Na ocasião, a partida, decidida na prorrogação, deixou o Dragão mais aliviado, enquanto o então dono da casa sentiu que poderia ter ido mais longe. No segundo turno, o jogo realizado na Panela de Pressão teve história diferente e dessa vez favorável ao Brasília, pelo placar de 75 x 76.
O enredo foi um tanto parecido com o último jogo do Bauru, contra o Basquete Cearense. Principalmente quanto ao péssimo desempenho na volta do intervalo. Se contra o Carcará o Dragão levou 10 x 26 na terceira parcial, contra o Universo foi 16 x 22, ambos suficientes para deixar o quarto período mais tenso e, no caso do segundo jogo, resultando em derrota.
Mas vamos além do placar para entender este revés bauruense. Começamos debaixo da cesta, onde os comandados de Demétrius Ferracciú sofreram bastante na defesa para frear a dupla formada por Andrezão e Graterol. Inclusive, o ala-pivô, que passou três temporadas em Bauru, fez seu grande jogo neste NBB. De números pouco expressivos até aqui, ele sobrou em duelos com Gustavo Basílio no começo da partida (quando o Dragão entrou com uma formação bem alternativa) e apareceu em momentos importantes.
Outro ponto relevante na derrota bauruense foi o desempenho ruim nas bolas de três pontos. Arriscando mais de fora do que das proximidades da tabela (31, contra 29 arremessos de dois pontos), Bauru ainda fez seis bolas longas no primeiro período, volume que ajudou a garantir a frente no placar até o intervalo. Porém, no restante da peleja, só anotou mais cinco. Em comparação, Brasília foi ainda pior neste quesito, mas compensou com o jogo interno.
O terceiro ponto tem nome e sobrenome: Zach Graham. Não é segredo pra ninguém que Brasília faz seu jogo para tirar o melhor do principal cestinha da competição, e ele teve espaço para anotar a sua maior pontuação dos últimos 10 jogos (desde o primeiro turno, nos 33 pontos anotados contra o próprio Bauru). A defesa foi boa em cima dele no primeiro tempo, com boas leituras de jogo, mas talvez tenha faltado agressividade no segundo tempo, uma vez que ele cobrou apenas três lances livres.
Ah, os lances livres. Aí está mais um ponto baixo do Bauru Basket na partida. Tá certo que o desempenho do Dragão por ali é ruim não é desse jogo, mas quando ele vale uma derrota é mais notado. Ao longo do jogo, o time bauruense desperdiçou oito arremessos, um a menos que o Brasília. Isso alivia um pouco a situação, até vermos que seis dessas oito bolas foram perdidas no último quarto – quatro delas de Lucas Mariano, incluindo o arremesso que levaria para a prorrogação.
Quatro detalhes, todos negativos ao Bauru. Então, como que o placar terminou com apenas um ponto a mais para o Brasília? A resposta para essa questão está no volume ofensivo em relação ao aproveitamento. Bauru fez 75 pontos de 175 tentados, enquanto que os candangos fizeram 76 de 160. Alex Garcia talvez seja o exemplo mais negativo, com 2 pontos feitos em 21 tentados (os dois em lances livres). Nessa noite, quem foi mais efetivo em quadra, venceu.
Por fim, um detalhe que chamou atenção na Panela: o trio de arbitragem formado Marcos Antonio de Matos, Fabiano Huber e Cauan Santos. Os apitadores da partida foram bastante fracos, não conseguindo mostrar autoridade diante de alguns atletas experientes, principalmente o armador Nezinho. Além dessa falta de controle do jogo, várias decisões erradas – para os dois lados, diga-se – levaram a um clima mais tenso dentro e fora de quadra.
Agora sétimo colocado (o Botafogo venceu e voltou para sexto), a busca pela recuperação do Bauru Basket não poderia ser mais difícil: enfrenta o Sesi Franca, atual líder do NBB, no Pedrocão. A partida acontece apenas no dia 2 de fevereiro (Franca disputa a Liga das Américas antes), às 14h. Já o Brasília, que voltou a vencer depois de quatro derrotas, joga no dia 31, às 20h45, contra o Corinthians na capital federal.
O jogo
Com os quintetos formados por Larry, Alex, Enzo, Gustavo e Marcão por Bauru, Nezinho, Graham, Arthur, Andrezão e Graterol por Brasília, a partida começou com arremessos desperdiçados pelo Dragão e erros ofensivos dos visitantes. Aproveitando-se da vantagem de altura no garrafão, Brasília contou com três bandejas de Andrezão para marcar. Já a resposta bauruense foi no perímetro, com bolas seguidas de três de Enzo, Larry e Gustavo.
Os tiros longos seguiram ditando o ritmo da peleja na parcial. Ao todo, Bauru encaçapou seis bolas por ali – três delas com Enzo. Arthur, Gui Santos e Rafa Moreira ainda responderam para os candangos, deixando o placar alto no período, mas ainda favorável ao Bauru Basket: 28 x 23.
Se o marcador era alto depois dos 10 minutos iniciais, o ritmo nos 10 seguintes caiu. Mas não dá pra dizer que só por isso não aconteceu muita coisa antes do intervalo. Teve bom momento defensivo de Bauru, com dois tocos seguidos de Lucão e um de Cauê por trás de Graham, finta de Lucão, grande passe de Larry no garrafão. O problema foi o baixo rendimento das ofensivas.
Em bola de Marcelão, Brasília ficou a dois pontos de empatar nos 30. Porém, faltou volume ofensivo naquele momento para os visitantes. Enquanto eles perdiam ataques, Bauru aparecia bem do outro lado, com Marcão em duas ocasiões e Pará, aproveitando passe de Larry. Isso permitiu ao Dragão construir uma ligeira vantagem no placar, chegando ao intervalo com 43 (15) x (13) 36.
A volta do intervalo foi marcada por mais erros, principalmente de Bauru. Enquanto isso, Nezinho assistiu Graham e Graterol, tirando quatro pontos da vantagem bauruense. Ainda que Lucão tenha mantido o Dragão à frente, Nezinho e Andrezão reduziram para um tento a diferença, em 45 x 44. Com os anfitriões errando arremessos de um lado, os visitantes cresceram de outro. Quando Lucão viria a ser uma válvula de escape, veio marcação dupla pra cima dele. Aí, em bola de três de Graham, Brasília fez 46 x 47.
A resposta foi imediata, com Jefferson, também de fora. Porém, Graham apareceu de novo, encaçapando de três, fazendo o tradicional sinal com os dedos para a torcida e recebendo a falta técnica. Brasília ainda conseguiu ficar na frente por mais um tempo, chegando a abrir quatro pontos, com direito a cesta e falta sobre Graham, mas Larry e Cauê, em uma boa trama de contra ataque, recuperou Bauru, que chegou ao último quarto vencendo por 59 x 58.
Em um bom passe de Larry para Gustavo dentro do garrafão, o Dragão começou bem a parcial derradeira. O problema foi o que rolou depois. De três, Graham empatou. Na sequência, Lucão pegou rebote, mas uma falta cavada por Nezinho gerou revolta da torcida e do jogador bauruense, que recebeu falta técnica. Outro lance que gerou muita raiva na arquibancada foi uma falta antidesportiva dada em Alex, por uma cotovelada sobre Nezinho.
Bauru também não acertava os insistentes arremessos de longe, desperdiçando cinco para acertar apenas um, com Cauê. Ainda assim, Brasília pecava ofensivamente e não conseguia abrir vantagem, dando oportunidades de recuperação para o Dragão. Só que as infiltrações de Larry não deram resultado, nem mesmo boas trocas de passe na zona perimetral. Faltando 54 segundos, Andrezão deixou os visitantes quatro pontos à frente e Dema parou o jogo.
Na volta, faltando 41, Jefferson errou arremesso de fora, mas Lucão pegou o rebote e sofreu a falta. O pivô converteu apenas um arremesso, dando a oportunidade para o Brasília fechar o jogo. Só que os visitantes não aproveitaram a chance e Bauru chegou aos seis segundos finais do relógio com um ponto atrás. Em lances livres de Andrezão, Brasília alcançou os 76. Depois, foi a vez de Larry sofrer falta. Ele acertou o primeiro, para errar de propósito o segundo. Na luta pelo rebote, Lucão levou a melhor e sofreu outra falta. Era o momento derradeiro da partida, que teve o primeiro arremesso convertido pelo pivô, mas não o segundo, dando a vitória aos candangos por 75 x 76.
Abre aspas
Jefferson – “A rotação nossa até foi boa, mas acho que a gente vacilou nos lances livres. Não foi o do Lucão, com certeza, mas foram os seis lances livres que erramos no último quarto. Num jogo acirrado e disputado como o de hoje, isso pesa um pouco. Temos que tirar isso como lição, pra se concentrar um pouco mais. Também não soubemos explorar o desequilíbrio no poste baixo e tivemos essa derrota que não podia ter. Mas vamos continuar trabalhando firme, com a cabeça boa, união e vontade no dia a dia pra chegar bem nos Playoffs”.
Demétrius – “Nossa volta pro terceiro quarto, mais uma vez, foi péssima. Não bastou só a gente alertar, porque alertamos dessa nossa volta, e isso praticamente custou o jogo pra gente. Hoje já não conseguimos recuperar com uma boa defesa, como estávamos em momentos difíceis e conseguimos. Demos moral pra um adversário difícil, que tem o cestinha da competição, e aí fica difícil. Agora, a gente tem a obrigação de ganhar um jogo grande fora não pra tirar essa derrota, ela não sai mais, mas pra voltar a ter uma vitória grande e dar uma sequência no campeonato”.
André Germano – “Jogo contra Bauru é sempre assim, a gente sabe da qualidade deles, ainda mais pela volta de jogadores importantes. Lá em Brasília nós tivemos a bola do jogo na mão e não aproveitamos. Hoje tivemos e conseguimos. É isso aí, jogo de alto nível um erro, uma falta, pode definir o jogo.É o momento de termos a subida que a gente espera. O time trabalha firme, trabalha forte e acho que temos uma sequência para buscar o playoff”.
Nezinho – “Vitória importantíssima, estamos perseguindo há um bom tempo. No jogo passado nós perdemos na última bola para Mogi, esse jogo também foi na última bola…no primeiro turno foi na última bola…nossa equipe está equilibrada, estava faltando fecharmos um jogo bom pra gente. Hoje foi excelente, conseguimos a vitória. Não foi um grande jogo, mas tivemos o equilíbrio necessário para vencer”.
O cara
A volta do intervalo mostrou um Brasília vivíssimo no jogo e o grande nome naquele momento foi o gringo Zach Graham. Depois de anotar somente sete pontos no primeiro tempo todo, o camisa 1 fez 11 (de 11 tentados) dos 22 que sua equipe fez na terceira parcial. Ele aproveitou o espaço que teve da melhor maneira possível, mantendo os candangos no páreo e dando confiança para o período final, onde ele fez mais seis pontos (1/3 do anotado). Com isso, ele atingiu os 24 pontos (4/6 nas bolas de três), com 20 no índice de eficiência.
Destaques
Sendi/Bauru Basket
– Jefferson: 15 pts e 3 rebotes
– Enzo Ruiz: 13 pts (4/5 nas bolas de três) e 2 roubos de bola
– Larry: 12 pts, 7 rebotes e 5 assistências
– Lucão: 10 pts e 12 rebotes
Universo/Caixa/Brasília
– Zach Graham: 24 pts (4/6 nas bolas de três)
– Andrezão: 16 pts, 3 rebotes e 3 assistências
– Graterol: 11 pts e 5 rebotes
– Nezinho: 6 pts, 4 rebotes, 7 assistências e 2 roubos de bola
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