TRIUNFANTES NA PANELA
Em partida de altos e baixos, Vôlei Bauru se sobressai e vence primeira na Superliga
Por Fabio Toledo (texto e fotos)
A estreia do Vôlei Bauru pela Superliga na Panela de Pressão foi marcada por transmissão para todo o Brasil e um duelo de altos e baixos. Quem viu do ginásio ou mesmo em frente à telinha, pode ter notado algumas diferenças táticas das bauruenses. Mudanças às vezes podem custar caro, mas não dessa vez. Contra o Fluminense, por 3 sets a 1 (23 x 25/29 x 27/25 x 20/25 x 16), Bauru fez o dever de casa e assegurou seu primeiro triunfo na Superliga 2017-18.
Entre as diferenças táticas implementadas na equipe por Fernando Bonatto estava o revesamento das líberos Arlene e Venegas. Enquanto a experiente defensora entrava em quadra em situações de recepção de saque, a portorriquenha foi utilizada para defender o primeiro ataque após reposições de bola feitas pelas bauruenses. Uma dinâmica interessante, também utilizada pelo Fluminense com Sassá e Fernanda.
Outra ação executada foi a maior participação das duas levantadoras que mais atuam. Ju Carrijo começou a partida e até apresentou bons momentos no passe. Mas ela se destacou mesmo no saque, com boas sequências e ainda um ace. Por sua vez, a entrada de Juma provocou uma mudança na leitura de jogo, que contribuiu para as bauruenses desbancarem as tricolores. Tanto que a levantadora venceu o Troféu Viva Vôlei como melhor para partida.
A terceira grande alteração durante a porfia envolveu Palacio e Helô. A cubana atuou em tempo reduzido, muito por conta da boa entrada da oposta, responsável por 11 pontos. Mesmo número de Paula Pequeno, o que as leva ao posto de segunda maiores pontuadoras da equipe no jogo. Isso porque o posto de número um ficou com Valquíria, com 13.
Val teve grande importância tanto no saque (com direito a dois aces) como no bloqueio. Com Angélica participando de um tempo curtíssimo, foi Andressa e Val quem mais ficaram em quadra entre as centrais. Andressa foi destaque no paredão, com 5 pontos de bloqueio.
Do lado tricolor, chamou a atenção o desempenho da experiente oposta Renatinha, dona de 22 pontos, da ex-Bauru Thaisinha, com 14 tentos e braço sempre potente, e da ponteira Michelle no serviço. Ao todo, foram 4 aces da camisa 9 e nenhum erro nas 12 vezes em que sacou.
Passada a estreia em casa, o Vôlei Bauru agora tem pela frente o desafio de vencer longe de seus domínios, feito que a equipe ainda não conseguiu na temporada. O próximo adversário é o Brasília, em Taguatinga, no sábado que vem, 28, às 18h30. Por sua vez, o Flu recebe o Camponesa/Minas, na tarde do mesmo dia 28.
O jogo
Logo no começo, Bauru apresentou sua formação alternativa. Arlene dividia com Venegas a posição de líbero, enquanto Ju Carrijo e Andressa apareciam como levantadora e central, respectivamente. Não tanto por essas mudanças, mas pela dificuldade do bloqueio em parar Thaisinha e Renatinha, o Fluminense saiu com vantagem. Contando com erros de saque das adversárias e ajustando mais sua rede, Bauru reagiu e alcançou as cariocas na metade do set.
Vendo a melhora das donas da casa, o técnico do Tricolor, Hylmer Dias pediu tempo. Apesar de segurar a vantagem em alguns ralis, o Flu viu a recuperação bauruense crescer, conseguindo virar e fazer 20 x 18. Contudo, na fase derradeira do período, tendo boa defesa e contra ataques, as visitantes se recuperaram. Nem mesmo dois pedidos de tempo foram suficientes para mudar a história da parcial vencida pelo Fluminense por 23 x 25.
O segundo set começou com Bauru melhor, principalmente no saque e bloqueio. Porém, a ida de Thaisinha ao serviço, que não havia encaixado no período anterior – mandou duas bolas na rede -, foi importante para deixar o confronto equilibrado. Aos poucos, os erros voltaram do lado bauruense e o bloqueio se tornou inoperante. Nesse momento de baixo nível por parte das anfitriãs, o Flu não desperdiçou a chance e novamente abriu vantagem. Com 9 x 15, Bonatto parou o jogo.
A princípio, a parada ajustou o time bauruense, mas não foi capaz de diminuir a diferença. Porém, a retomada do block, parando as ponteiras, e a boa entrada de Juma recolocaram Bauru no jogo, quando o placar chegou na casa dos 20. Uma boa sequência de pontos deixou a equipe a um ponto do empate (20 x 21). As tricolores ainda buscaram resistir, e aí tivemos um grande final de set. Após muitas idas e vindas, uma bola fora do Flu encerrou a parcial em 29 x 27.
Depois do emocionante segundo período, o terceiro começou na mesma pegada. Porém, uma grande passagem de Letícia no saque e boas bolas da oposta Renatinha garantiram uma abertura no placar para o Fluminense: 3 x 7. Após pedido de tempo de Bonatto, porém, a diferença já começou a diminuir com Letícia sacando na rede. Na força do bloqueio e saques que dificultaram o passe, Bauru se recuperou e o enredo “lá e cá” voltou a se fazer presente.
No momento crítico da peleja, qualquer abertura de vantagem era seguida de um pedido de tempo. Foi assim quando o Flu fez 16 x 18. Depois, quando Bauru fez 21 x 19. Na segunda ocasião, o sucesso da parada de jogo não ocorreu. Com boa passagem de Ju Carrijo no saque, as donas da casa souberam capitalizar o bom momento e fecharam o set em 25 x 20.
Mantendo a firmeza, Bauru começou bem o quarto período. Apesar de uma pequena reação das tricolores, as anfitriãs mantiveram o controle da partida até a metade do período. Com 15 x 9 no placar, que veio após ace de Helô, Hylmer pediu tempo. Diferente das outras parciais, o Flu não encontrava seu jogo pelas pontas, além de cometer alguns erros.
Novamente com a ida de Ju Carrijo para o saque, o Vôlei Bauru se colocou em posição de fechar o jogo, mesmo após ela errar, com um dos fiscais marcando ace, mas o árbitro cancelando a chamada. O Fluminense ainda conseguiu salvar dois match points, mas ainda faltavam oito. No ritmo que estava Bauru na partida, seria improvável tal reação. Assim, por 25 x 16, as donas da casa fecharam a peleja em 3 a 1.
Abre aspas
Valquíria, central do Bauru – “A gente saiu de uma situação difícil, que foi uma derrota para o Pinheiros, mas o Vôlei Bauru é construção em todos os jogos. Ganhar um pouquinho mais em todo treino, botar um tijolo a mais. A equipe hoje deu um passo importante. A caminhada ainda é muito longa, mas vencer em casa é sempre bom, ainda mais com três pontos e na Superliga. Então, que venham os próximos jogos.”
Juma, levantadora do Bauru – “Conseguimos manter o equilíbrio durante a partida, principalmente no saque. Não tanto no quarto set, porque erramos bastante, mas acho que soubemos manter a concentração mesmo atrás no placar e isso foi importante para a vitória. Também é importante todo mundo jogar, a Ju Carrijo vinha treinando muito bem, então nada mais justo do que ela ter começado jogando.”
Fernando Bonatto, técnico do Vôlei Bauru – “O Fluminense é um time extremamente equilibrado, foi montado uma equipe melhor do que a do ano passado, bem estruturado em todas as posições e conseguimos anular isso em algumas situações que eram muito importantes pra gente. Hoje a gente criou uma dinâmica diferente da que vinha fazendo. Começamos com a Juliana (Ju Carrijo) e depois com a Juma chegando. As duas levantadoras foram muito bem, conseguiram uma consistência durante o jogo. É difícil arriscar vindo jogando com um padrão. Tem que ter um pouquinho de paciência com as jogadoras, para elas entenderem o jogo, as transições. O nosso objetivo principal aqui é evoluir, dar crescimento para as jogadoras e para o projeto. Estamos com um grupo extremamente enxuto, então precisamos ser pontuais, cirúrgicos na troca. Hoje fui feliz nisso e as meninas foram mais felizes ainda por corresponderem.”
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