VAGÃO CULTURAL – 1978 – A CONQUISTA DA ESTRELA DOURADA
Há exatos 37 anos, Guarani se tornava campeão brasileiro com o melhor time que o interior já viu
Por Gustavo Abraão
Capitão, Careca e Bozó. Que amante do futebol não reconhece esse trio de ataque? Pois bem, até o jogo contra o Internacional, válido pela rodada inaugural da terceira fase da IV Copa Brasil, nome oficial daquele Brasileirão, tais jogadores eram motivo de chacota, sendo classificados, pela imprensa sulista, como “ataque de risos”.
Depois do 3 a 0 acachapante no Beira-Rio, com golaço de Zenon aos 38′ do segundo tempo, o Bugre passou a ser apontado como um grande candidato ao título. Porém, para conseguir isso, passou por grandes dificuldades.
Em seu livro, o historiador José Ricardo Lenzi Mariolani lembra que o time foi montado sob desconfiança, a começar pelo técnico, o até então desconhecido Carlos Alberto Silva, nascido em 14 de agosto de 1939 – ou seja, com apenas 38 anos. O elenco também era cercado de mistério, pois poucas foram as contratações. A aposta era em pratas-da-casa, em especial em Antônio de Oliveira Filho, ou simplesmente Careca – o palhaço Carequinha era seu ídolo.
A publicação é dividida em muitos capítulos, apesar de ter apenas 112 páginas. A partir do momento da estreia contra o Vasco, no Brinco de Ouro, no fim de março de 78, até a final, contra o Palmeiras, em agosto de 78, na própria Campinas, cada capítulo conta a história de uma partida. Na inicial, vitória cruzmaltina por 3 a 1.
Algumas curiosidades são contadas. Um exemplo é que uma vitória por dois gols de diferença garantia 2 pontos, enquanto que uma a partir de três, garantia 3. Outro fato pouco conhecido é que Careca e Adriano se revezavam como camisas 9, inclusive, era costumeiro um entrar no lugar do outro. Isso só mudaria no Dérbi, válido pela 8ª rodada. Contra a Ponte, Careca marcou os dois, enquanto que a Macaca só marcou um.
E assim o livro segue. Se o jogo merece destaque, pelo menos uma folha é dedicada a ele. Se não, há um resuminho acompanhado de ficha técnica em uma página. Na primeira fase, o Guarani perdeu 2 vezes em 11 partidas; na segunda, 2 em 8. Vale ressaltar que a última derrota no Brasileirão foi contra a Portuguesa, na antepenúltima rodada da segunda fase. A sequência invicta chegaria a 15 partidas e a de vitórias, 11 – a maior da história do Campeonato Brasileiro. A emblemática diante do Inter foi a segunda, logo após um 2 a 0 no Villa Nova-MG.
Passadas as três fases de grupos, era hora de mata-mata. Nas quartas, 6 a 0 no placar agregado sobre o Sport; nas semi, 4 a 1 no Vasco, com direito a um 2 a 1 no Maracanã, com dois de Zenon.
O grande destaque, claro, é a finalíssima. Pela primeira vez, a principal cidade do interior recebia um evento de tamanha magnitude, tanto que, no dia pós jogo, o autor nos mostra, há uma manchete de jornais campineiros com o seguinte teor: “O Brasil todo na cidade”- 82 emissoras de rádio e 10 de TV cobriram a decisão. A partida é destrinchada, com o famoso minuto a minuto e como foi a recepção do título: gol da vitória dos pés dele, Careca, se aproveitando de rebote.
Há muitas fotos, focadas em mostrar o clima no estádio Brinco de Ouro da Princesa, que recebera 26 mil alviverdes do Interior e 2 mil alviverdes da Capital. A confiança bugrina era gigante – e nem poderia deixar de ser, após o 1 a 0 no Morumbi, com direito a expulsão de Leão e suspensão de Zenon, autor do gol de pênalti que gerou a exclusão do arqueiro.
Os últimos capítulos servem para arredondar o Brasileirão, com a “Classificação Final da IV Copa Brasil” e o “Resumo da Campanha Bugrina”, e mostrar onde estavam, em 2008, os heróis do Único Campeão Brasileiro do Interior, com o “Onde estão os Jogadores de 1978? ”
37 anos depois, infelizmente, a grande obsessão do Bugre é subir para a Série B, da qual está distante desde 2012, ano da queda.
O livro
1978 – A CONQUISTA DA ESTRELA DOURADA
Autor: José Ricardo Lenzi Mariolani
Editora: Edição do Autor
122 páginas
Lançamento: agosto de 2008
- VIA
- Gustavo Abraão
- TAGS
- Futebol
- LE
- vagão cultural
Deixe seu comentário