DIVISOR DE ÁGUAS?
Com novas ideias, Noroeste estreia Tuca Guimarães em Piracicaba
Por Fabio Toledo
Depois de enfim obter a primeira vitória, acabar com a seca de gols e entrar no G4 ao bater o Penapolense, a semana do Noroeste foi peculiar. Na segunda-feira, Vitor Hugo pediu demissão. A notícia surpresa deixou o clube com as perspectivas para o restante do projeto Copa Paulista/A3 de 2018 na corda bamba. Porém, a diretoria agiu rapidamente e, já na noite da segunda, tinha seu nome favorito.
Campeão da A3 este ano, Tuca Guimarães foi anunciado como novo treinador. Junto com ele, também chega Marcelo Santos, que será auxiliar fixo do Norusca. No mesmo evento de anúncio do patrocínio conjunto da Red Panther para as três equipes bauruenses, ambos foram apresentados e comentaram um pouco sobre o que esperar deles.
Tuca assume a 12ª equipe em 7 anos de carreira no futebol profissional. Outros 10 ele possui como técnico no futsal – entre 2000 e 2010. “Minha característica como treinador, até respeitando o esporte do qual sou oriundo, é o jogo equilibrado, pensado, uma equipe que tenha conceito e conheça os estágios e as fases do jogo. Venho obtendo êxito com isso pelos lugares por onde estou passando. No Figueirense, tive o melhor aproveitamento dos últimos dois anos. Na Portuguesa, tivemos a dificuldade de montar o time em 12 dias, mas conseguimos, durante toda minha permanência, estar brigando pelo G6. E no Nacional tive um trabalho completo, com acesso e título da A3”, contou.
Não apenas nos momentos de maior sucesso, mas também em outros antes dos últimos dois anos, como relatou Marcelo Santos, agora auxiliar de Tuca e grande admirador do trabalho do professor. “Eu fui atleta dele em 2014, no Comercial. Joguei futebol profissional por 19 anos, mas acrescentou muito os seis meses que trabalhei com ele, já no final de carreira”. Marcelo ainda lembrou que, na passagem como treinador interino do Norusca durante uma semana, ainda na Bezinha, muito do que ele pensava era baseado no que aprendeu com Tuca. “Realmente, é uma troca, uma oportunidade e com a pessoa certa. Talvez com outro treinador eu não estaria tão à vontade”, completou.
Marcelo Santos
Aliás, a escolha de Marcelo Santos para ser o auxiliar fixo do Noroeste já estava feita há cerca de duas semanas. “Sempre foi um pensamento da diretoria ter um auxiliar permanente, que fosse funcionário do clube para seguir nosso planejamento. Então o Marcelo vem com esse perfil. Nosso objetivo é que o auxiliar fique no clube e seja uma espécie de líder pensante para, se o treinador receber um convite para jogar uma Série A1, a gente ter alguém que possa segurar o time por dois, três jogos, para ter tempo de procurar o nome de um treinador que pense da forma que a gente pensa”, comentou Reinaldo Mandaliti, vice-presidente de futebol.
Da parte do novo empregado do clube, foi garantida muita dedicação. “Ao mesmo tempo que é um desafio ser o auxiliar permanente do clube, é uma satisfação retornar ao Noroeste. O clube mudou minha vida pessoal, não só profissional. Hoje moro em Bauru devido a minha primeira passagem de quatro anos por aqui. Quando esse convite foi feito eu prontamente atendi”.
Além de auxiliar, Marcelo quer ir além: aproximar o Noroeste de novos talentos que possam surgir em Bauru. “Durante esse um ano que encerrei minha carreira, comecei a trabalhar com escolas de futebol. Hoje tenho 80 alunos na minha escola. Também tenho filho esportista, eu sei que o esporte tem uma representatividade muito grande nas famílias. Acredito que meu cargo no clube envolve também apostar na criança, no adolescente, tentar trazer jogadores da cidade para que cresçam dentro do clube e a gente tenha esse patrimônio. Como fui ídolo da torcida por jogar 150 jogos com a camisa do Noroeste, vamos em busca de formar novos jogadores com história dentro do clube”.
A função que Marcelo Santos exerce desde a última terça-feira promete ser muito importante para a coesão do projeto do Norusca. Agora, será que ele planeja assumir um protagonismo na área técnica? Pelo menos, não é seu plano a curto prazo. “A transição é longa. Acho que, como em todo esporte, necessita de estudo, conhecimento e aprendizado. Minha intensão agora é aprofundar um pouco mais essas situações, fazer os cursos da CBF, mas não tenho ainda nenhuma ambição em ser treinador de futebol. Mas me sinto realizado de voltar a trabalhar no futebol profissional. Trabalhar no campo já é uma realização, fazia falta esse ambiente”.
Uma equipe pensante
Para esse começo de Tuca Guimarães como treinador do Noroeste, talvez a principal mudança com relação a partidas anteriores seja maior organização em todos os setores de jogo. “É claro que a evolução não vai acontecer de uma hora pra outra, mas o que eu quero neste momento é que a gente já consiga apresentar neste sábado a cara do que está sendo trabalhado. As dificuldades vão acontecer, mas o modelo de jogo precisa funcionar. Temos que pensar nessas próximas partidas para garantir a classificação para a próxima fase e tentar brigar forte para ter um calendário digno ano que vem”.
De acordo com o novo professor, ele trás uma coisa muito importante desenvolvida em seus tempos de quadra. “Não só o futsal, mas vôlei, basquete são esportes muito mais organizados e planejados taticamente. A gente espera que isso aconteça no futebol também. Acho que os esportes de quadra acrescentam muito no dia a dia do futebol de campo porque vem com uma intensidade de planejamento de trabalho totalmente diferente”.
Com relação ao setor mais deficitário da equipe, o meio-campo de criação, novidades devem aparecer na próxima semana. Enquanto isso, para o duelo contra o XV de Piracicaba, neste sábado, no Barão de Serra Negra, algumas mudanças vão acontecer. Uma delas é a entrada do meia Igor Pimenta, ganhando a vaga do centroavante Romão, além da manutenção de Wellington ao lado de Tiuí. Deda é outro que ganha oportunidade. Jogador de confiança de Tuca, o experiente volante entra no lugar de Maicon Douglas.
Provável Noroeste para enfrentar o XV de Piracicaba: Ferreira; Thiago Félix, Jean Pierre, Henrique Alemão e Ítalo; Cleber Sousa, Deda, Igor Pimenta e Samuel; Wellington e Rodrigo Tiuí.
Como vem o XV?
Sem atuar na última rodada, o Nhô Quim perdeu a primeira posição para a Ferroviária. Porém, tem um jogo a mais e planeja não só o retorno à ponta, como também a garantia da classificação já diante do Noroeste. Preparando sua espinha dorsal para a A2 de 2018, o XV vem de quatro vitórias em sequência, com direito a triunfo sobre seu rival pela liderança e goleada por 5 a 0 sobre o Penapolense.
Do time para o duelo deste sábado, a única dúvida do técnico Evaristo Piza é de quem colocar na lateral-direita. Crystian está suspenso, Flávio, lesionado, assim como Gilson, volante que poderia ser improvisado por ali. Entre as opções de improvisação, as favoritas são com os meias David Modesto e André Cunha, com a entrada de um zagueiro por ali correndo por fora.
O grande destaque quinzista é seu equilíbrio nas linhas de jogo. O trio ofensivo formado por Bruninho, Tito e Rafael Gomes aparece bem não só pelos gols marcados – 5 dos 11 da equipe na competição -, como também na capacidade de encontrar outros companheiros com chance de balançar a rede. Já a defesa é a menos vazada do campeonato, com 4 gols sofridos.
Provável XV para enfrentar o Noroeste: Mateus Pasinato; David Modesto (Hugo), Lucas Cunha, Marcão e Samuel; Bruno Formigoni, André Cunha e Rafael Rosa; Bruninho, Tito e Rafael Gomes.
- VIA
- Fabio Toledo
- TAGS
- Bauru e Interior
- Fabio Toledo
- Futebol
- LE
- Noroeste
Deixe seu comentário