VAGÃO CULTURAL – PELÉ: O NASCIMENTO DE UMA LENDA
Filme sobre o Rei do Futebol decepciona e comete erros graves
Por Equipe LE
Apesar da icônica frase de Chaves, falar sobre “O filme do Pelé” pode ser algo vago no mundo do cinema. Afinal, em meados das décadas de 70 e 80, Edson Arantes do Nascimento participou de alguns filmes. Inclusive, falamos sobre um deles aqui. Porém, obras sobre a trajetória do melhor jogador de todos os tempos não passaram para as telas de cinema, ficando restritas aos documentários (alguns bem interessantes, como Pelé Eterno, que ainda contém algumas cenas reais regravadas).
“Pelé: O nascimento de uma lenda” chegou para mudar a realidade. Porém, a impressão após acompanhar o filme é a de que ele nunca deveria ser produzido. As expectativas geradas com o bom trailer e um elenco carismático, com a participação de Seu Jorge, e uma dupla de diretores que já realizou trabalhos interessantes.
Tudo isso é em vão diante do resultado final. Além do roteiro mal construído, a versão hollywoodiana sobre o Brasil, sobretudo sobre a cidade de Bauru, é assombrosa .
É bem verdade que, antes do sucesso, Pelé e sua família não tinham uma grande situação financeira. Contudo, o país é retratado como uma imensa favela e diversos clichês como o samba onipresente e as florestas se repetem a todo momento. Quase todas as cenas contém altas cargas de sol e poeira, dando ao filme um tom alaranjado, que não condiz com a realidade.
A história retrata a infância e adolescência de Pelé até a Copa de 1958, quando o camisa 10 se mostrou para o mundo e iniciou seu reinado no futebol. Todo seu aprendizado futebolístico, porém, passa por algo que no filme é chamado de “Ginga”. A “Ginga”, segundo o próprio filme, é uma espécie de habilidade desenvolvida pelos escravos negros que, com o passar dos tempos, foi incorporada ao DNA brasileiro e utilizada no futebol.
Além disso, alguns erros históricos aparecem, como o uso de cartões amarelos e vermelhos, artifícios que só foram instituídos no futebol em 1970. Esse episódio, por exemplo, exemplifica a falta de pesquisa e a introdução de elementos sem necessidade alguma, apenas para gerar um possível drama extra.
Outro fato que incomoda o espectador brasileiro: em Hollywood é bem comum, diante de personagens estrangeiros, misturar a língua nativa de tais personagens com o inglês. Porém, a mistura no filme do Pelé é exagerada, muitas vezes na mesma frase, causando certa confusão.
O filme dos diretores Jeff e Michael Zimbalist não serve para conhecer a história do Rei. Não é um registro histórico do futebol brasileiro e mundial na década de 50. Tão pouco serve para divertir. No site “Rotten Tomatoes” o filme ainda consegue 25% de aprovação por conta de críticas que desconhecem o mínimo do futebol e do Brasil.
A recomendação da LE é a de que ou não assistam ao filme, ou o encarem como algo totalmente despretensioso, quase uma caricatura. Confira o trailer do filme:
O Filme
Pelé – O Nascimento de uma lenda
Produção: EUA/Brasil
Duração: 107 minutos
Direção: Jeff e Michael Zimbalist
Elenco: Kevin de Paula, Seu Jorge, Vincent D’onofrio, Colm Meaney, Mariana Nunes, Felipe Simas, entre outros
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