MAIS UM ANO DE A-3
Noroeste cai para o Velo, que tem coisas a ensinar ao Alvirrubro
Por Fabio Toledo
O apito final do árbitro Thiago Duarte Peixoto foi o golpe final das esperanças do Noroeste. Porém, o coração do noroestino já havia se despedaçado nos 43 minutos anteriores. Depois de uma grande campanha na primeira fase, o Alvirrubro virou estatística. Pela sexta vez nos últimos sete anos, o líder da etapa classificatória da Série A-3 fica pelo caminho na briga pelo acesso. Por 2 a 1, quem subiu para o segundo escalão Paulista foi o Velo Clube.
A primeira apunhalada no time bauruense veio num lance que praticamente foi uma aberração do sistema defensivo. Sempre seguro no jogo aéreo, deu espaço justamente para Lucas Duni, o atacante velista que aproveita muito bem os espaços para balançar as redes. Um gol ocorrido justo no momento em que o Noroeste criava boas oportunidades. É bem verdade que demorou para o time ter maior volume na intermediária adversária. Tivesse mais agressividade antes do último quarto desse confronto, o resultado poderia ser diferente.
Contudo, fica difícil considerar todas as condicionais que evitariam o resultado. Se o Norusca não tivesse perdido Igor Pimenta em Rio Claro. Se o lateral-direito velista Everton recebesse um merecido segundo cartão amarelo ainda no primeiro tempo, depois de parar na falta o atacante Fidel. Se Richarlyson não tivesse perdido um gol na pequena área, sem goleiro, no primeiro tempo. Se Matheus Blade tivesse feito o gol em Rio Claro, ao invés de carimbar o travessão. Se o acesso viesse pela melhor campanha e não pelo mata-mata. Se uma pandemia não tivesse ocorrido e a A-3 seguisse ainda no primeiro semestre, quando o Noroeste era, disparado, o melhor time…
Fato é que, nessa disputa entre Noroeste e Velo Clube, prevaleceu a equipe mais objetiva e, principalmente, que melhor aproveitou suas oportunidades. O Rubro-verde passou pela mesma situação noroestina no ano passado. Aliás, a história foi até pior, pois chegou invicto ao mata-mata. Na primeira derrota, aconteceu a eliminação para o Osasco Audax. O trauma foi assimilado pelo Galo, que manteve nomes importantes da última temporada e, com essa base, formou um grupo que representa bem as características de um mata-mata.
O Velo pode até não ter a mesma história que o Norusca, principalmente na elite, mas seus 110 anos também valem muita experiência. O time comandado pelo técnico Cléber Gaúcho não apresenta uma ideia de jogo de grande complexidade. Trabalha com uma defesa volumosa, teve dificuldades quando tentou sair com a bola no pé, ainda mais sob pressão, levando a uma verticalização. No entanto, a execução dessas ideias foi muito bem realizada, especialmente no mata-mata, contra Capivariano e Noroeste. Coisa que o Alvirrubro bauruense não conseguiu.
Aliás, neste ponto, precisamos ressaltar as mudanças que o Norusca precisou passar ao longo da competição. Lá no início da A-3, o pensamento que crescia era de que o grande adversário do Noroeste seria ele próprio. Pode até ter sido isso, mas os acontecimentos de 2020 também castigaram o planejamento noroestino. No primeiro semestre, além da defesa de alto nível, havia um armador em excelente momento – Yamada –, um artilheiro brilhando – Fabrício –, enquanto que os jogadores mais experientes – Richarlyson, França e Leléco – apareciam como um extra, além do time titular, dando muitas possibilidades para o técnico Luiz Carlos Martins – que já tinha John Egito, sempre presente no segundo tempo.
Na retomada, apesar da manutenção de quase todo o elenco, Luiz encontrou outra realidade. Fabrício saiu e uma devida reposição não foi encontrada. Yamada seguiu no time, mas uma lesão o deixou de fora de quase todo o restante do campeonato. Já John Egito teve uma lesão e não voltou. Assim, a necessidade de contar com o melhor de atletas que pouco atuaram no começo da A-3, depois de seis meses sem jogar pela paralisação, complicou a situação. Sem o armador e o artilheiro, o ataque noroestino se perdeu.
A confiança pelo acesso até sobreviveu na retomada. Muito pelo grande desempenho devido ao primeiro semestre e pela expectativa de que o time conseguiria voltar a ter um bom rendimento, mas nem tanto pelo que foi apresentado. Por isso, ser eliminado no mata-mata, para um time com cara e coração de Série A-3, por mais que seja dolorido para o torcedor, não é nada incomum.
Agora, o que não pode acontecer é o clube se esmorecer. Nem o torcedor achar que é terra arrasada. Assim como o Velo de 2019, o Noroeste de 2020 tem uma ótima base que poderia ser mantida para o próximo ano: vide o goleiro Pablo, os zagueiros Jean Pierre e Guilherme Teixeira, o volante Jonatas, o polivalente Blade, o habilidoso Yamada e o regular Igor Pimenta. Além, é claro, do comandante Luiz Carlos Martins. Ele mostrou o caminho do acesso, que não veio por conta de um ano bizarro, mas segue sendo o cara certo para treinar o clube. Até porque o espaço de tempo entre uma A-3 e outra vai ser bem menor que o normal.
Não apenas não esmorecer dentro de campo, mas também fora dele. O marketing reativado pode ser fundamental ao clube se reapresentar ao empresariado local, a fim de dar espaço a novos parceiros, que consigam utilizar o melhor e mais tradicional produto do esporte bauruense. Afinal, se 2020 não foi o ano do acesso, foi da prova de que o Noroeste tem apelo, tem torcida (vale sempre ressaltar a maior média de público das divisões de acesso antes da pandemia), tem muito espaço para crescer.
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One Comment
Airton Brumatti
08. nov, 2020Fábio, parabéns pela sua colocação, você explanou muito bem a situação do ECN, e falou com conhecimento e propriedade, este texto você deveria por no JC para conhecimento geral, a parte final do texto quando cita para o clube não esmorecer é muito importante. Como você citou tem que manter a base existente e se possível ir também tentar recontratar o Fabrício, enfim caminhos existem. Parabéns pelo texto.