BALANÇO PÓS-PAULISTA
Sesi Vôlei Bauru e os pontos para melhora na Superliga
Por Fabio Toledo
Nesta sexta-feira, às 21h30, o Campeonato Paulista será decidido. Tinha tudo pra grande final acontecer em Bauru, com a Panela de Pressão lotada. Porém, o Sesi Vôlei Bauru não fez valer seu favoritismo e assiste Osasco-Audax e São Paulo/Barueri definirem o novo campeão estadual. Com a chance de construir uma hegemonia na competição jogada fora, o time do técnico Anderson Rodrigues faz os ajustes necessários para o início da Superliga. No dia 12, às 21h, estreia contra o Pinheiros, na capital paulista.
Para o certame nacional, o Vôlei Bauru chega precisando mostrar mais. Embora tenha passado invicto toda a primeira fase do Paulista, foram poucos jogos marcados por um desempenho de destaque. Com exceção à estreia, diante do bastante limitado Atacadão Joseense/São José dos Campos, podem ser mencionados como partidas positivas das bauruenses apenas três exibições: contra São Cristóvão/São Caetano, Pinheiros e São Paulo/Barueri (1ª fase).
Ainda assim, os 3 x 0 no placar em todas essas partidas mencionadas esconderam certos momentos ruins. Contra Sanca, por exemplo, Bauru chegou a ficar sete pontos atrás no segundo set. Quando Polina Rahimova entrou, fazendo sua estreia, além de algumas outras mudanças que surtiram efeito, veio a recuperação. Já diante do Barueri, que não contava com Lorenne e Zé Roberto Guimarães, embora tenha encaixado em certo momento, o saque teve fases menos assertivas.
Mas vamos dar sequência à análise das dificuldades do time bauruense, pensando em um aprimoramento para a Superliga. Acompanhando as partidas, nota-se que existe muita qualidade no elenco do Sesi Vôlei Bauru, que se sobressai, apesar dos erros. No entanto, alguns pontos negativos têm atrapalhado o desenvolvimento do jogo da equipe, o que pode castigar em determinadas situações. Vamos a eles:
Saque
Da mesma forma que é um dos mais importantes trunfos da equipe para a temporada, o serviço também tem sido uma das maiores deficiências do Sesi Vôlei Bauru. No Paulista, apenas dois jogos tiveram menos de 10 pontos cedidos para o adversário por erros de saque – lá no começo, contra São José e São Caetano. Na média, o time falhou cerca de 13 vezes por partida. Mais do que isso, o ápice da negatividade aconteceu nos duelos de maior importância, contra Osasco, na primeira fase, e o jogo da volta da semifinal – 19 e 18, respectivamente.
A justificativa de tantos erros é o fato de Bauru buscar tirar proveito da potência e variação de bolas de suas atletas, forçando o saque para provocar a quebra do passe adversário. Atitude correta, mas execução bastante falha. Muitos são os serviços que vão além da conta e passam pela linha de fundo. Bauru força no saque, visando explorar o fundo quadra, só que o resultado não está compensando.
Nos melhores momentos, Polina brilhou no serviço, com uma pancada cheia de efeito e curva incrível. Porém, nos jogos decisivos, a descida brusca de suas bolas se alongaram e passaram do ponto. No jogo 2 da semifinal, só teve algum sucesso quando sacou com menos força, conseguindo um ace no Golden Set. Já com Valquíria não houve nenhum bom momento. A central sempre foi nome importante para o Vôlei Bauru no saque, mas nesta temporada tem errado mais do que qualquer coisa.
Aí, vamos com Tiffany, Andressa e Dani Lins, trio com altos e baixos até aqui neste quesito – no caso de Tiffany, mais baixos do que altos (teve maior destaque positivo contra Osasco, destoando do serviço ruim do restante do time). Apesar das dificuldades, ainda vale ressaltar uma pequena exceção: a levantadora Iarla. Vinda do banco apenas para saque ou cumprir funções defensivas, a atleta de 20 anos teve bons momentos. Inclusive, seu saque é diferente da maioria das bauruenses, pois é mais curto, encontrando o meio da quadra adversária.
Bloqueio
Desde que o Sesi chegou ao projeto do Vôlei Bauru, o elenco passou por uma reformulação. Porém, a posição que menos se buscou reforçar foi o meio de rede. Embora ainda não fossem estrelas na posição, Andressa e Valquíria sempre se mostraram competentes. Mantidas para a nova temporada, receberam ainda Mayhara, essa com mais brilho na carreira, para formar um trio interessante – completado ainda por mais dois elementos: a jovem Lara, vinda da categoria de base, e Ana Paula Guth, que chegou enquanto Val e Mayhara estavam com a seleção militar. Além das centrais, Bauru conta com Tiffany e Polina, duas jogadoras altas pelos lados, e Dani Lins, levantadora que também contribui na rede.
Mesmo assim, o bloqueio não tem funcionado suficientemente bem. Foram poucas as partidas nas quais o time adversário se apresentou com receios para desafiar o block bauruense. Na verdade, em nenhum jogo o grande diferencial foi o trabalho na rede. Afinal, o maior número de bloqueios em uma peleja foi de 10, contra Valinhos. Inclusive, nessa melhor partida do muro do Sesi Vôlei Bauru, os principais nomes foram Andressa, Lara e Polina. Ainda assim, a partida foi marcada pelo primeiro set perdido pela equipe bauruense no estadual.
É claro que o diferencial bauruense para a temporada é o ataque. Porém, com maior participação do block, muitos contragolpes podem ser evitados. O trabalho do bloqueio defesa também é fundamental, a fim de garantir bola na mão da levantadora. Ao menos, existe a possibilidade de melhora para a equipe, uma vez que Mayhara estreou apenas na reta final do Paulista, já aparecendo bem no jogo 1 da semifinal.
Variações
O planejamento da temporada da equipe bauruense foi para a montagem de um elenco mais enxuto do que o do último ano. De fato, foi reduzido de 13 pra 10 o número de atletas “adultas”. Ainda assim, técnico Anderson Rodrigues pode contar com jovens de potencial, como Glayce, Kimberlly e Lara, para completar o grupo. No Estadual, as três jogadoras citadas tiveram algum tempo de quadra – embora Kimberlly tenha perdido espaço pela presença de Polina. Na Superliga, é possível que as oportunidades sejam menores.
Apesar disso, o Sesi Vôlei Bauru tem um elenco com poucas fraquezas. Praticamente todas as atletas já mostraram, na temporada ou em anteriores, qualidade, incluindo as mais jovens. Cabe a Anderson e comissão técnica fazer bom uso das alternativas que têm em mãos. Isso parte de entender as situações dentro do jogo, as variações táticas necessárias, o momento das atletas e tudo que envolve esse espectro da disputa.
Citemos, por exemplo, a utilização de Gabi Cândido no Paulista. A ponteira ficou boa parte da competição com a seleção brasileira, de fato. Porém, o pouco tempo de quadra, tanto na reta final da primeira fase, como nas semifinais, é, no mínimo, questionável. Assim como é a utilização de Tiffany como ponteira, para atuar junto com Polina. É certo que o ataque fica bem reforçado com a dupla, mas também o passe bauruense tende a ser quebrado com maior facilidade. Afinal, Tiffany não tem bom aproveitamento na recepção e costuma ser o principal alvo adversário.
O que se cobra aqui não é a presença de uma jogadora em detrimento da saída de outra de maneira definida. Mas sim de conseguir tirar o melhor da equipe dentro da situação de cada partida. Na derrota para Barueri, por exemplo, houve pouca variação tática de Bauru, mesmo com o adversário sobrando em quadra. A escolha para a inversão do cinco um – entrada da ponteira Glayce como oposta, sem rendimento algum – foi errada, contribuindo bem pouco para uma reviravolta. Tiffany seguiu como ponteira, sendo alvo dos saques, até entrar Gabi, que teve menos de dois sets (contando o de ouro) para jogar.
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