QUADRO COMPARATIVO
Paulistano x Bauru, a disputa – posição por posição
Confira um panorama das disputas individuais da reedição da última final do NBB CAIXA que define uma das vagas para a semifinal da décima edição da liga nacional
Por Fabio Toledo
Depois da emoção extrema nas oitavas de final, esperava-se muita dificuldade para o Sendi/Bauru Basket nas quartas. Afinal, tinham pela frente o SESI/Franca. Mais que um rival, tratava-se de um dos times de maior investimento para este NBB CAIXA 10, tanto que o favoritismo estava do lado francano, com previsões não muito animadoras para o Dragão.
Porém, a resposta foi na quadra. Com um esquema defensivo que não teve resposta do Franca – tanto na Panela de Pressão, como no Pedrocão –, os comandados de Demétrius Ferracciú superaram as dificuldades e surpreenderam, fechando a série com uma varrida: 3 a 0.
Somando os dois triunfos, o resultado é um Bauru Basket bastante confiante em suas capacidades nesta reta final dos Playoffs. Apesar do desfalque de Alex Garcia, atleta decisivo nos jogos em que esteve em quadra, além de Renan e Maikão, a compensação veio com muita entrega e desempenhos memoráveis de alguns jogadores que assumiram a responsabilidade, com destaque para Duda Machado. Agora o desafio bauruense deve ser ainda maior, pois reedita a final do último NBB contra o Paulistano/Corpore.
Em busca da revanche
O clube do Jardim América fez uma fase de classificação quase perfeita. Ficando a uma vitória do Flamengo, terminou com a segunda melhor campanha. Tendo um tempo de descanso por entrar nos Playoffs já na fase quartas de final, pode por na conta desse fato a primeira derrota na série contra o Solar Cearense. Os comandados de Alberto Bial conseguiram o controle do jogo 1 para sair com a vitória, mas o mesmo não aconteceu nas três pelejas seguintes.
Na partida derradeira, em Fortaleza, o Paulistano mostrou de vez sua força. Apesar dos 17 erros ofensivos, sobrou no placar com sonoros 98 x 57 e agora tem a oportunidade de obter a revanche diante do Bauru. Nas finais da temporada passada, o time do técnico Gustavo de Conti abriu 2 a 0 na série, tendo três oportunidades de obter o triunfo do título, mas viu os bauruenses obterem a recuperação e a virada com três partidas em que foram dominantes. Dessa vez, busca um resultado diferente.
Alguns fatores apontam o favoritismo para o Paulistano. Entre eles, o fato da equipe ser mandante em três dos cinco jogos. No Antônio Prado Jr., o time só perdeu para o próprio Bauru, na estreia do NBB, quando o mando de quadra pertencia ao Dragão. O desempenho no decorrer da temporada é outro fator. Se a equipe jogar tudo que já mostrou, tem muitas chances de vencer. O último fator é um dado histórico: esta é a terceira vez que o Paulistano chega às semifinais, sendo que chegou à grande decisão nas duas ocasiões anteriores.
Ainda em desvantagem numérica
Para superar mais uma situação adversa, Bauru aposta no trabalho e leitura tática de Demétrius Ferracciú e de seus comandados, que estarão mais uma vez em número bastante limitado. Assim como diante do SESI/Franca, o Dragão não conta com Alex Garcia, de fora o restante do ano em recuperação de um rompimento do ACL do joelho direito.
Com uma lesão no músculo adutor da perna esquerda, Renan perdeu toda a série contra o Franca e segue em recuperação, podendo retornar ainda nos Playoffs. Por sua vez, Maikão segue em meio a um impasse contratual. De acordo com o repórter da TVCom e 87 FM Agudos, Luiz Lanzoni, e outras fontes, o pivô já teria acertado com o Bauru, mas a equipe ainda coloca o jogador entre os desfalques e não deve atuar, pelo menos, no jogo 1.
Comparações
Para se ter mais conhecimento sobre como cada equipe chega pra esta série, apresentamos um embate entre os jogadores de cada posição. Ressaltamos aqui que, por conta da maior rotação do Paulistano, alguns jogadores ficaram de fora. Entre as ausências nesta comparação, estão os alas Alex Dória e Eddy, o ala-pivô Du Sommer e o pivô Victão, com o time de Gustavinho possuindo mais atletas do que o alvilaranja.
Abaixo, você confere os quadros comparativos onde apresentamos alguns atributos básicos para cada posição, além do impacto no jogo de cada atleta, expressos tanto na minutagem, no +/- e na eficiência. O movimento da barra para mais ou para menos é baseado nas melhores médias da liga, exceto no quesito jogos, onde se leva em conta a quantidade de partida realizada por cada equipe (32 do Paulistano e 35 do Bauru).
O primeiro duelo nesta comparação é mais do que de atletas, é de estilos de armadores. Do lado vermelho, Elinho vem em uma temporada de redenção. Jogado para escanteio no Mogi das Cruzes, reencontrou-se no Paulistano e provou seu valor na organização ofensiva. Os 6.6 de assistências em média – 2ª maior marca da liga – apontam o caminho por onde ele pode ser decisivo. Já do lado verde, Kendall Anthony tem grande importância direta na pontuação. Com o desfalque de Alex, o gringo divide a armação com Duda em alguns momentos, mas é quem carrega a bola ao ataque na maior parte das vezes. Em termos de importância, Bauru é mais dependente do desempenho de Anthony, muito por conta da falta do Brabo e da menor rotação bauruense – na minutagem de quadra isso é perceptível.
Repetindo as últimas partidas, o substituto de Alex na posição 2, pelo menos como jogador que inicia a partida, é Isaac. A escolha pelo camisa 7 é feita devido à sua capacidade defensiva. E ela será bastante exigida diante do Paulistano nas semifinais do NBB. Isso porque o adversário em sua posição é um dos jogadores mais importantes no ataque do Paulistano. Kyle Fuller é uma das alternativas no jogo de Gustavinho, principalmente nas infiltrações. A importância do gringo também está na minutagem – é dono da maior média de tempo em quadra na sua equipe, embora não tenha sido decisivo na série contra o Cearense. Já Isaac tem ganhado mais espaço nos Playoffs. Na série contra o Franca, obteve 10 pontos de média, com desempenho decisivo nas vitórias. Portanto, os números podem não indicar o atual momento da dupla.
Um duelo interessante nesta semifinal, pois tanto Jhonatan como Matulionis possuem o ritmo defensivo como destaque, mas também podem garantir preciosos pontos em arremessos do perímetro. Na comparação entre os dois, Jhonatan possui mais consistência na temporada – não por menos, tem sido convocado para a seleção brasileira. Contudo, o desempenho do Osvaldo nos Playoffs não vem sendo ruim. Longe disso. Sua qualidade foi questionada no decorrer da temporada, só que a partir da série contra o Vasco ele se tornou mais decisivo. Diante do Franca, obteve médias próximas de 9 pontos, 4 rebotes e 3 assistências. Jhonatan e Matulionis não são protagonistas, de fato, mas são concorrentes no prêmio de melhor coadjuvante entre os times.
Esse embate é empolgante. Dois jovens gigantes, com muito potencial e assumindo o protagonismo no basquete nacional. Campeão do NBB na temporada passada sendo bastante utilizado por Demétrius, Jaú vem recebendo o dobro do tempo de quadra com relação ao NBB9 e teve atuações incríveis diante de Pinheiros, LSB e Mogi na temporada regular, além das séries contra Vasco e Franca nos Playoffs. A entrega defensiva do jogador também é destaque, positiva e negativamente (pode fazer algumas faltas desnecessárias). Se Jaú tem 19 anos, Lucas Dias possui 23. Mais que a idade, já está há sete temporadas no NBB, o que garante mais experiência e um poder de decisão mais desenvolvido. Ainda assim, o duelo nas posições 3 e 4 entre eles vai ser legal de se ver.
Oito centímetros separam o bahamense do Paulistano (de 2 metros) do camisa 30 bauruense (de 2,08m). Porém, Nesbitt possui muita força concentrada e é elemento importante, em especial, na defesa do garrafão. Próximo à cesta, faz o jogo simples – mas até agora de ótimo aproveitamento –, além de ser um razoável chutador de fora. Já Hettsheimeir tem a bola no perímetro como um diferencial com relação a outros pivôs. Só que ultimamente ele vem realizando partidas gigantescas na área pintada, ao ponto de seus 16 rebotes no jogo 3 contra o Franca terem sido recorde pessoal no NBB. O garrafão vai pegar fogo com esses dois lá dentro, e que levar a melhor nesse embate pode garantir uma importante vantagem para sua equipe.
Ainda existe equilíbrio entre os titulares de Paulistano e Bauru, mas a partir da apresentação dos outros jogadores da rotação, acontece disparidade. Sem contar a maior quantidade de atletas, o Paulistano tem vindo de seu banco “dois sextos homens” de respeito. Um deles é Yago. Ele é muito jovem, apenas 18 anos, e ainda precisa trabalhar bastante seu jogo – como na maior regularidade de seus grandes desempenhos –, mas já está entre os principais nomes da posição. Tanto que é convocado para a seleção brasileira, onde desempenha papel de protagonismo ainda maior que em seu clube. Por outro lado, o mesmo ainda não acontece com Stefano. Aos 20 anos, o argentino já mostrou capacidade e potencial, mas não chega ao protagonismo, sendo uma terceira opção para a armação bauruense desde a lesão de Alex – atrás de Anthony e Duda.
Você pode vir a discordar na comparação anterior quando me refiro à disparidade do banco do Paulistano com relação ao bauruense ao se lembrar que Duda é um atleta que entra no decorrer da partida. De fato, o desempenho do “melhor Machado do Brasil” (segundo os bauruenses) vem sendo muito importante para o Dragão. E não apenas nos Playoffs, pois o ala de 35 anos teve boas partidas na fase classificatória. Mas é claro que a cesta milagrosa que coroou o grande jogo diante do Vasco e o protagonismo que ele assumiu após a lesão de Alex o deixaram em um patamar parecido a desempenhos históricos de seu irmão, Marcelinho.
Contudo, o nome da mesma posição de Duda do lado do Paulistano vem em excelente forma. Deryk, o “segundo sexto homem”, reduziu seu tempo de quadra com relação a temporadas anteriores e, mesmo assim, possui uma média de pontuação acima do seu último ano – é o jogador com a melhor média de pontuação do time. Algumas vezes atua entre os titulares, mas é vindo no quinteto do banco que ele faz a diferença, por manter o placar se movimentando do lado do Paulistano. Nem precisa falar que este será um grande duelo da série.
Fechamos as comparações com esses dois gigantes do garrafão que possuem algo em comum: muitas vezes são subvalorizados. Desde seus tempos pelo Minas, depois Limeira, LSB até o CAP, Guilherme Hubner sempre se manteve em um processo de desenvolvimento. Isso é perceptível em sua movimentação na quadra, no auxílio ao armador com bloqueios, briga por rebotes e abertura de jogo para chutes longos. Não é e nem tem pretensão para ser estrela, mas cumpre o serviço tão bem que pode contribuir bastante (como nos 19 pontos anotados no jogo 2 contra o Cearense). Shilton segue um pouco esse estilo. É líder no discurso e apresenta uma entrega condizente dentro de quadra. Não é aquele pivô de muita plasticidade, mas toma atitude se for necessário.
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