FEIO É NÃO GANHAR
Com direito a prorrogação, Bauru vence São José em partida sofrível tecnicamente
Por Lucas Guanaes
Dadá Maravilha é um dos grandes nomes da história do futebol brasileiro. Quinto maior artilheiro do esporte tupiniquim, atrás apenas de Romário, Zico, Dinamite e um tal de Edson, passou por 16 clubes em sua extensa carreira. Mas talvez Dadá tenha ficado mais conhecido pela célebre frase: “Não existe gol feio, feio é não fazer gol”.
Mas qual o motivo de um registro de uma partida do Campeonato Paulista de Basquete começar com este personagem futebolístico?
A resposta passa pelo óbvio. O duelo entre Sendi/Bauru Basket e São José foi feio. Feio mesmo. Muitos erros (vários não marcados nas estatísticas oficiais), aproveitamento muito baixo nos arremessos, arbitragem com marcações duvidosas e ainda premiando a paciência do torcedor com uma prorrogação. Mas no final da noite, o que importa é a vitória. E isso o Bauru conseguiu com propriedade, apesar de quase vê-la escorrer entre os dedos nos segundos finais do último período.
Contudo, o placar de 81 x 69 ainda teve lá sua emoção. Afinal, com números baixos até o último período, cada cesta dentro do aro significava muita coisa para ambos os times. Mesmo assim, não foi fácil acompanhar a chuva de bolas erradas. O Bauru chutou para 23/45 nos dois pontos e incríveis 7/36 para três. Já o São José teve 16/39 para dois e 8/29 para três.
O Dragão começou o jogo com Lucas Mariano sob a cesta e Renato Scholz na posição 4. Porém, Demétrius logo percebeu que a melhor opção seria jogar com dois pivôs mais pesados. Assim, o jogo fluiu melhor nos momentos em que Marcão e Mariano estiveram em quadra.
Isso porque pelos lados do São José, sem um ala de ofício, o ala/pivô Douglas Nunes foi adaptado na ala, enquanto Léo Bispo foi para baixo da cesta. Assim, apesar de perder a mobilidade, a equipe joseense ganhou em altura e força física, o que permitiu uma marcação mais forte no início do jogo.
Como as duas equipes erraram a maior parte dos arremessos, até os mais fáceis, o alto número de rebotes permitiu que os pivôs brilhassem. Uma das provas disso é o fato de três pivôs terem anotado um duplo-duplo nesta noite. Os chutes certeiros de três foram uma raridade.
Entretanto, foram eles que mudaram a história do jogo para São José. O Bauru chegou até a abrir 10 pontos de frente, mas Panuzio que acertou quatro dos seis arremessos do perímetro, colocou o São José de novo no jogo.
No final das contas, o aro saiu amassado, mas o Dragão conseguiu a quarta vitória em quatro jogos, enquanto a Águia conheceu sua segunda derrota seguida. Na próxima sexta (10), o Bauru recebe o Pinheiros, às 19h30. Já o São José só volta à quadra no sábado (13), contra a LSB, em São José, às 20h.
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O jogo
Larry, Basílio, Enzo, Scholz e Mariano para um lado, Hélio, Pedro, Douglas Nunes, Léo Bispo e Alemão para o outro. O São José logo abriu o placar com bom tiro de três pontos de Hélio, respondido na mesma medida por Basílio. As equipes trocaram algumas cestas, principalmente no jogo interno, dos pivôs. Até que, na metade do período, Enzo, em roubada de bola ainda na quadra de defesa, deu a vantagem para o Bauru.
O São José apostou numa defesa mais forte, dobrando nos jogadores do perímetro. Jogando com quatro abertos, porém, o Bauru conseguiu girar a bola até chegar em um homem livre, ou em Mariano sob a cesta. Assim, os anfitriões conseguiram uma boa vantagem, diminuída nos instantes finais em bons lances dos ex-bauruenses Stefano e Wesley Sena, que entraram no decorrer do quarto: 17 x 13.
A dupla Stefano/Wesley continuou inspirada em bons lances da dupla e num contra ataque de Schneider, o São José logo virou a partida. Demétrius parou o jogo e pediu tempo. Mudando a marcação, o Bauru conseguiu recuperar o placar sem grandes dificuldades, apesar do baixo aproveitamento ofensivo, principalmente nos tiros de três pontos.
A grande diferença do primeiro para o segundo período foi o uso de Marcão e Mariano simultaneamente. Com um garrafão mais pesado, as bolas sob a cesta foram a segurança do time no ataque, enquanto a defesa deu conta dos rebotes deixados por São José. Apesar da vantagem não ultrapassar os oito pontos, o Bauru conseguiu controlar a partida. No último lance, contudo, Schneider diminuiu a diferença: 32 (15) x (14) 27.
O Bauru voltou para o segundo tempo com Jefferson em quadra, mas o jogo não melhorou. Pelo contrário. Ainda mais truncado, o placar mostrava 5 x 5 já na metade do período. O aproveitamento nos tiros de três pontos continuou sofrível, mas as ofensivas passaram a melhorar na segunda metade do quarto. Lucas Mariano continuou impecável sob a cesta, enquanto o São José tentava responder com Douglas Nunes e Panuzio: 51 (19) x (18) 45.
O último período teve um roteiro bem parecido com os demais: São José, desta vez com Panuzio, pressionando nos primeiros minutos, até o Bauru se acertar. Com Mariano descansando, coube a Jefferson e Marcão acertarem as ações no garrafão, já que os tiros de três pontos continuaram amassando o aro.
Nos últimos minutos, porém, o São José diminuiu a diferença e, após falta antidesportiva cometida por Enzo, empatou a partida em 64 pontos. Demétrius parou a partida e voltou com Mariano para a quadra. Porém, a equipe continuou errando seguidos e ataques. Os últimos ataques foram agonizantes, com ambos os times errando chances claras de matar o jogo. Assim, a partida foi para a prorrogação: 67 (16) x (22) 67.
Os cinco minutos adicionais foram completamente diferentes do restante do jogo. Sem dar nenhuma chance ao São José, o Bauru abriu uma diferença muito confortável logo nos primeiros lances, vencendo com tranquilidade. Jaú parou o jogo o quanto pode para tentar arrumar o quinteto joseense, mas não teve jeito: 81 (14) x (02) 69.
Vozes do jogo (via assessoria)
– Demétrius, técnico do Bauru: “Não jogamos tão bem na noite de hoje, mas o importante é que soubemos nos reinventar dentro de quadra e fazer nos cinco minutos da prorrogação, o que não conseguimos fazer durante o resto do jogo. Mas agora é conversar no vestiário, acertarmos os erros e focarmos no jogo de sexta-feira contra Pinheiros”.
– Lucas Mariano, pivô do Bauru: “Pecamos no ataque hoje porque nossa bola não caiu muito e considerando os jogos que estamos apresentando, neste não fizemos uma boa partida. Mas ainda bem que conseguimos fazer uma prorrogação melhor e tomar apenas 69 pontos nesse jogo contra São José, que foi o nosso adversário mais difícil”.
Gustavo Basílio, ala do Bauru: “Tivemos muitas falhas no segundo tempo, mas compensamos na prorrogação fazendo um bom jogo. O São José foi um adversário muito difícil, mas para que a gente se mantenha sempre no topo, precisamos acertar algumas coisas”.
O cara da partida
Jefferson fez um bom jogo, Basílio mais uma vez foi polivalente. Mas não há como eleger outro nome nesta seção. Lucas Mariano foi extremamente dominante dos dois lados da quadra. Anotando bons números em todos os fundamentos do basquete, Lucão se mostrou essencial no elenco bauruense. Tanto que os melhores períodos joseenses ocorreram quando o pivô estava no banco. Prova disso é o +/- de 26, número altíssimo, ainda mais em um jogo com diferença de apenas 12 pontos.
Destaques
Sendi/Bauru Basket
Lucas Mariano – 25 pontos, 16 rebotes, 4 assistências, 4 roubos e 2 tocos
Gustavo Basílio – 15 pontos, 7 rebotes e 5 assistências
Jefferson – 14 pontos e 10 rebotes
Marcão – 12 pontos e 3 rebotes
São José Basketball
Panuzio – 14 pontos e 4 rebotes
Douglas Nunes – 13 pontos, 12 rebotes e 4 assistências
Hélio – 10 pontos, 6 rebotes, 5 assistências e 3 roubos
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