PONTO PRECIOSO
Bauru leva para o tie-break e quase derruba invencibilidade do Praia Clube
Por Rodrigo Correia
Em dia de apoio da torcida à Tifanny com camisa com dizeres “Somos Tifanny” e bandeiras do Movimento LGBT, o Vôlei Bauru sai com moral por ter roubado um ponto e ter feito frente às líderes invictas do Dentil/Praia Clube. Porém, pela sexta vez na competição, a equipe bauruense é superada no quinto set e não derruba a invencibilidade das mineiras, na derrota por 3 a 2 (parciais em 20/25, 14/25, 25/17, 25/18, 13/15).
O apoio à ponteira, primeira transexual na Superliga e alvo de questionamentos sobre ser correta ou não sua presença na categoria, parece ter ajudado Tifanny, que se recuperou de um desempenho bastante fraco – como de toda equipe bauruense – diante do Minas para fazer história. Com 39 pontos, a camisa 10 do Vôlei Bauru quebrou o recorde de pontos em uma mesma partida no voleibol brasileiro (o número anterior era de Tandara, ainda pelo Vôlei Amil-SP, em 2013, quando fez 37).
Sem dúvidas, Tifanny foi decisiva na partida, em especial na recuperação bauruense a partir do terceiro set. Mas o número assombroso se justifica pela quantidade de passes que tiveram a direção da ponteira para a finalização: 75, um valor até mesmo exagerado, tendo em vista as opções de ataque (Palacio foi a segunda mais acionada, com 23 bolas). Porém, Tifanny conseguiu superar a boa marcação em muitas ocasiões.
Embora muito se fale de Tifanny, não foi só por ela que Bauru tirou um 0 x 2 no placar e levou a partida para o tie-break. A melhora no saque e na defesa também foram representativas. As levantadoras Juma e Ju Carrijo foram os destaques no serviço, enquanto a defesa, encabeçada pela líbero Venegas, deu condições para o time crescer. E junto com as atletas, veio a torcida.
Mas, no final das contas, o líder e ainda invicto Praia Clube apresentou sua principal qualidade: o bom entendimento do jogo, para encontrar a opção adequada em cada momento. Da equipe do técnico Paulo Coco, destaque para os 15 aces, 7 apenas da levantadora Claudinha, os 14 pontos de Walewska e os 16 de Ellen e Fernanda Garay, que ainda levou o Troféu Viva Vôlei.
Com a derrota no tie-break, o Vôlei Bauru se mantém na sétima posição com 24 pontos, despedindo-se do Ginásio Panela de Pressão na fase de classificação, já que a próxima – e última – partida como mandante, contra o SESC Rio será em Marília, no Ginásio Neusa Galetti. Antes, a equipe da Sem Limites viaja para Osasco para enfrentar o Vôlei Nestlé, no dia 2. Enquanto o Praia Clube mantém a liderança, com 48 pontos dos 51 disputados, e terá o clássico contra o Minas, em casa.
O jogo
As equipes iniciaram alternando pontos até que o bloqueio da equipe mineira foi prevalecendo e criou uma vantagem de quatros pontos. Com o mesmo fundamento, o Vôlei Bauru empatou em 8 x 8. Porém, quando Ellen foi para o saque, o Praia voltou a ter domínio e o Vôlei Bauru se encontrou em dificuldades na recepção. Assim, a equipe de Uberlândia retomou a vantagem de quatro pontos, colocando 10 x 14 no placar.
As visitantes não diminuíram o ritmo e mantiveram a ponta. Fernando Bonatto optou pela troca de Juma e Helô no lugar de Ju Carrijo e Tifanny, sem surtir efeito no andar da parcial. Na reta final, Bauru cometeu erros bobos, desperdiçando saques e até dois toques com Tifanny. Dessa forma, Praia fechou em 20 x 25, em 26 minutos.
O líder da Superliga se manteve melhor no início do segundo set e, mesmo após um belo rally, com a cobertura do Vôlei Bauru funcionando, as visitantes arranjaram uma brecha para pontuar e colocar 1 x 4 na parcial. Já no segundo ponto de maior disputa, Bauru levantou a torcida com duas defesas sensacionais de Angélica, uma delas de ombro, que culminou com bola certeira de Andressa e fez a equipe diminuir a diferença para um ponto, empatando em 4 x 4 logo em seguida.
As bauruenses até assumiram a liderança do set, mas não por muito tempo. Após um erro de comunicação entre Dayse e Palacio, novamente o Praia assumiu a dianteira. E a vantagem foi aumentando, os tempos técnicos de Bonatto não mudavam o panorama da partida e a equipe do Vôlei Bauru sucumbiu, vendo a vantagem das adversárias chegar em 8 pontos, fazendo a torcida pedir a volta de Juma. Porém, a substituição feita por Bonatto foi de Gabi Cândido no lugar de Palacio. De novo, a alteração não mudou a tônica da partida e mais um set foi vencido pelas mineiras, agora por 14 x 25, com 27 minutos de jogo.
Na terceira parcial, Bauru começou com Gabi Cândido, Valquíria e Juma nos lugares de Dayse, Angélica e Ju Carrijo, respectivamente. As alterações deram certo e a equipe bauruense abriu 3 x 0 no placar, animando a torcida. Tifanny, Juma e Palacio fizeram o Vôlei Bauru se impor e colocar uma vantagem de cinco pontos no placar, 17 x 12, forçando Paulo Coco a pedir tempo pela primeira vez na partida.
A conversa do treinador não fez efeito, Bauru continuou com o domínio do set e aumentou a vantagem forçando o ataque em Amanda, ponteira da equipe de Uberlândia que havia entrado na partida. A vantagem foi aumentando e fechou com Tifanny, sempre colocando no chão, para decretar o set para Bauru, por 25 x 17, em 28 minutos.
No quarto período, Praia entrou mais atenta com a formação do Vôlei Bauru e não deixou a equipe distanciar no placar no início do set. Assim, as visitantes chegaram à vantagem de três pontos, colocando 4 x 7 no placar. Com isso, Bonatto pediu tempo. A conversa fez a equipe bauruense voltar aos trilhos e encostar no placar. O jogo permaneceu equilibrado, com Ellen e Fernanda Garay ditando o ritmo das visitantes, enquanto Juma e Tifanny se destacavam pelo lado bauruense.
Até que com bloqueio triplo montado, as donas da casa tomaram a frente do placar com 14 x 13, inflamando a torcida. O jogo ficou favorável para Bauru, tanto que uma bola de graça fez com que Juma mandasse direto. Em seguida, foi a vez de Palacio pontuar, colocando 20 x 16, novamente levando a torcida à loucura e fazendo Paulo Coco pedir tempo. Logo em seguida à conversa com as jogadoras, Ju Carrijo fez um ace, quebrando toda a estratégia das mineiras, levando Bauru a ter o controle do restante do set, para fechar em 25 x 18, em 30 minutos.
No tie-break, o Vôlei Bauru começou colocando 3 x 2. Porém, do outro lado, Fernanda Garay fazia de tudo pra manter a invencibilidade das mineiras e não deixava Bauru se distanciar. Tanto que as donas da casa abrirar dois pontos de frente apenas na virada de quadra, 8 x 6. Imediatamente, Paulo Coco parou o jogo.
Após pedido de tempo, as mineiras mostraram que não iam largar o osso e emplacaram dois pontos, empatando a partida. Dessa vez, foi Bonatto quem parou. Em uma má recepção de Palacio, Praia assumiu a dianteira. A cubana ainda teve que sair e foi atendida pelo departamento médico. Posteriormente, Bonatto revelou que a ponteira estava no sacrifício desde o quarto set. Com 13 x 14 no placar, Palacio voltou para quadra, mas o erro de saque de Gabi Cândido decretou o final da partida. O Praia Clube manteve sua invencibilidade e cedeu somente um ponto para o Vôlei Bauru: 13 x 15.
Abre aspas
Fernanda Garay, ponteira do Praia Clube – “A equipe do Vôlei Bauru estava jogando em casa com apoio da torcida, com muita gana de nos vencer, a gente também queria ganhar, mas tivemos bons momentos e maus. Mas acho que o mais importante foi a gente não desistir da partida e brigar por ela o tempo inteiro”.
Tifanny, ponteira do Bauru – “Fiquei emocionada realmente. Quero agradecer a minha equipe pelo lindo trabalho que fizemos, jogando todo tempo aguerrido, sem perder a vontade de vencer. E a torcida que nos apoiou em todos minutos. Foi um jogo maravilhoso e temos todas que sair de cabeça erguida. É muito importante tirarmos um ponto de uma equipe grande, porque Pinheiros tirou de dois, e elas estão na briga com a gente na classificação”. Falou a homenageada do dia, a oposta Tifanny.
Fernando Bonatto, técnico do Vôlei Bauru – “As trocas foram importantes, claro que foram, mas a gente precisava da recepção. E quando equilibramos nesse fundamento, ai a Juma entrou numa condição boa e fez o jogo andar, mas a Ju Carrijo também fez dois sets muito bem, corrigindo as bolas estouradas da recepção e colocando as nossas atacantes em condição. Foi decidido no detalhe, no 15 a 13, com jogadoras de qualidade, a gente sai contente com um ponto, mas não feliz em sua totalidade, porque queríamos a vitória”.
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