O FIM DA TEMPORADA PARA O VÔLEI BAURU
Em casa, alvirrubras não conseguem superar grande partida coletiva de Minas e são eliminadas da Superliga
Por Fabio Toledo
Faltava pouco mais de uma hora para a o início do jogo na Panela de Pressão. O torcedor já se concentrava para o jogo em frente à Panela. O bauruense estava ansioso – e esperançoso – para o segundo duelo da melhor de três entre Genter Vôlei Bauru e Camponesa/Minas. Afinal de contas, só a vitória interessava para o escrete da Sem Limites levar ao terceiro confronto.
Com a força da torcida, ensurdecedora especialmente no primeiro set, reforçada pela Sangue Rubro e pela escola de samba Mocidade Independente da Vila Falcão, Bauru começou forte, empolgou o público, mas não conseguiu manter a pegada. Melhor para as mineiras, que contaram novamente com desempenho brilhante de Destinee Hooker, assim como também de seu conjunto, para conseguir o controle da partida e vencer por 3 sets a 0 (25 x 22|25 x 23|25 x 17).
É indiscutível o fator Hooker. A oposta norte-americana possui uma impulsão que deixa seus ataques quase sempre acima dos bloqueios. Não atoa, foi eleita novamente a melhor em quadra, ganhadora do troféu Viva Vôlei, e a maior pontuadora, com 20 tentos. Porém, apenas a boa participação de outros elementos da equipe garantiram o triunfo por 3 a 0. Rosamaria e Mara no bloqueio, as defesas de Léia, a variação de ataque com Jaque e Carol Gattaz e as boas escolhas no passe de Naiane mantiveram Minas bem na partida até o final.
Com a vitória, o Camponesa/Minas vai para a semifinal enfrentar o Rexona/Sesc. Enquanto isso, o Genter Vôlei Bauru se despede de uma temporada onde o planos estipulados se concretizaram em boa parte, embora talvez os resultados finais das competições pudessem ser melhores. Nesta Superliga, por exemplo, as bauruenses mostraram qualidade para chegar às semifinais, por ter a melhor defesa da competição e opções no elenco que, trabalhadas da melhor maneira possível, poderiam fazer muito.
Diante das mineiras, as bauruenses não tiveram chances contra Hooker, mas as coisas poderiam ser diferentes caso a vitória no jogo 1 tivesse vindo. A pressão de se recuperar em casa, fazer valer o apoio da torcida e lances duvidosos da arbitragem dificultaram ainda mais a situação. A quebra do passe com a dificuldade na recepção foi a tônica da segunda partida. Mas erros de comunicação na defesa também fizeram o time não ter uma grande exibição em sua última partida na temporada.
O jogo
As principais novidades bauruenses no início do confronto foram a presença da campeã olímpica Mari e de Mari Cassemiro entre as titulares, substituindo Prisilla Rivera e Thaisinha. Na primeira bola, Cassemiro já mostrou para que veio com um ace. Destinee Hooker respondeu no ataque seguinte, já fazendo as bauruenses relembrarem do perigo que a oposta pode causar. Porém, no bloqueio de Bruna e em ace de Valquíria, Bauru fazia 6 a 2, obrigando Paulo Coco a pedir o primeiro tempo.
As recomendações do treinador fizeram bem às mineiras, que conseguiram reagir através de bons bloqueios de Mara e Rosamaria. Aos poucos, Minas foi tomando o controle do jogo, virou a partida e provocou o tempo pedido por Marcos Kwiek. A parada pouco mudou a história da parcial, pois Bauru encontrou dificuldades na recepção do saque, acarretando também na queda do rendimento ofensivo. Na inversão do 5 e 1, Lyara e Dayse entrarem em quadra, assim como Rivera. As alvirrubras até esboçaram uma reação, mas Hooker manteve seu ritmo e o Minas para fechar o set em 25 x 22.
Apesar do primeiro ponto ter sido mineiro, Bauru repetiu o bom início do set inicial e começou abrindo vantagem. Porém, a história se manteve também com a reação das visitantes. Aproveitando os bons levantamentos de Naiane, Hooker seguia levando a melhor sobre os bloqueios. A recepção bauruense continuou encontrando dificuldades e Minas virou o placar.
A grande diferença de um período para o outro foi que as bauruenses se mantiveram coladas no placar até a reta final. Muito por conta da boa defesa e do bloqueio. Mesmo com a garra demonstrada, alguns erros de levantamento de Juma e, principalmente, reclamações com a arbitragem deram uma desestabilizada na equipe nas jogadas derradeiras. Minas manteve seu jogo e fechou o set em 25 a 23.
As reclamações em excesso da comissão técnica do Bauru levaram a terceira parcial começar com um ponto para as mineiras, por conta de o árbitro dar cartão vermelho ao time da casa. Enquanto as alvirrubras buscavam reagir, apesar de não encaixar a recepção e cometendo algumas falhas bobas na defesa, Minas fazia uma defesa de qualidade. Sem dar chances às anfitriãs, chegaram 5 pontos à frente na casa dos 20. O único grande susto das visitantes no set foi quando Rosamaria deixou a partida com dores no joelho esquerdo. No entanto, em uma primeira análise médica, tudo não passou de um desconforto, embora uma avaliação deve ser feita nesta quarta-feira.
Mesmo em desvantagem e precisando se recuperar para manter viva as chances de vitória, as bauruenses já não conseguiam manter o mesmo pique dos sets anteriores. Bons ralis aconteceram, por conta das duas boas defesas, mas as mineiras seguiram melhores até o fim, vencendo o período por 25 x 17.
Vozes da partida
Léia, líbero do Minas – “A vitória dentro de casa foi muito importante porque sabíamos que seria muito difícil jogar aqui. É uma equipe muito boa e uma torcida que vibra e joga junto o tempo todo”.
Marcos Kwiek, técnico do Bauru – “Não é nem que poderíamos ter jogado melhor. Nós tentamos, mudamos a formação, mas o Minas fez uma excelente partida. O árbitro se equivocou em algumas situações importantes do jogo, mas não dá para atribuir a ele a vitória do Minas. Eu só tenho a agradecer as meninas por essa excelente jornada. Acho que um quinto lugar na Superliga é um resultado honroso. Lógico que queríamos mais, mas é bom sairmos com essa vontade de ir mais longe”.
Bruna Honório, oposta do Bauru – “Mesmo com o 3 a 0 a gente foi guerreira até o final, isso que importa”.
(Sobre sua temporada na equipe, que chamou a atenção de outros times) “Acho que nesse ano eu me firmei realmente, mas eu nem parei pra pensar, estava tão focada…é uma coisa que eu queria muito conquistar, ir para uma semifinal, ir para uma final, que ainda não parei pra pensar. Agora que eu vou colocar a cabeça no travesseiro e ver o que vem por aí”.
Uma lenda que se despede
Assim que terminou a partida na Panela de Pressão, Jaque, do Minas, pediu o microfone para homenagear uma grande amiga. Arlene, líbero do Genter Vôlei Bauru durante a temporada, anunciou o término de sua carreira. Aos 47 anos, a melhor líbero da Copa do Mundo de 2003, da Superliga 2001/02 e melhor defesa da Superliga em 2002/03, 2003/04 e 2005/06 decidiu parar.
“É lógico que eu não queria sair dessa forma (eliminada), mas infelizmente os nossos planos não são os mesmos de Deus. E esse ano foi muito complicado, tive uma perda muito pessoal e nesse momento só posso agradecer a todos e a tudo que o voleibol me proporcionou. Ao pessoal do Bauru, que foi uma família para mim nesse último ano, me apoiou o tempo inteiro. Então fica o agradecimento a todas as pessoas que passaram pela minha vida, muito obrigada. Galera de Bauru, um beijo, muito obrigada por tudo!”, declarou emocionada um dos grandes nomes da história do voleibol brasileiro, uma das pioneiras na posição de líbero no país.
2017/18
A eliminação do Genter Vôlei Bauru foi consumada nessa terça-feira. Porém, o planejamento para a temporada seguinte já está em curso. Após o jogo, o presidente Adriano Pucinelli fez um balanço do ano e do que vem pela frente, confirmando algumas permanências.
[Sobre a temporada] “A temporada foi maravilhosa, o objetivo alcançado, mais um passinho à frente. Fomos aos playoffs. Viemos com condição de vitória. Acho que dentro de quadra o trabalho foi feito. Na parte da diretoria, montamos um elenco competitivo…a gente fica triste que algumas coisas fora de quadra têm que ser mudadas. Alguém pode me explicar porque vem um árbitro do Rio de Janeiro sendo que meu próximo adversário poderia ser o Rio?”
[O planejamento para 2017/18] “A nossa intenção é a manutenção da base. O projeto depende de alguns fatores, principalmente da parte financeira, da negociação com os patrocinadores. A gente já tem algumas jogadoras desse elenco renovadas e a intenção é manter uma base. É lógico que vão sair peças e entrar, agora que o mercado aquece. Mas a ideia é a manutenção de um time competitivo. Já assinaram a Valquíria e a Angélica, mas outras estão para assinar.”
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