FIM DO SONHO
Noroeste perde para o Atibaia, não avança às semifinais e vai ter que disputar o Paulistão A3 pelo quarto ano consecutivo
Por Gustavo Abraão
A maior das reclamações da torcida do Noroeste no jogo de ida das quartas de final do Campeonato Paulista da Série A3 foi ouvida: o centroavante Jorge Mauá foi escalado entre os titulares no segundo confronto com o Atibaia. Com essa alteração no plano de jogo, já que três jogadores ofensivos – Ewerton Maradona, Gindre e Fernandinho – auxiliariam o ex-atacante de Juventus, Taubaté e Nacional, o técnico bauruense, Alberto Félix, esperava ganhar mais presença de área, o que havia feito falta no duelo no Alfredão, há uma semana.
Nos primeiros minutos, essa mudança de postura trouxe uma melhora significativa em comparação com a primeira peleja. Neste sábado, foi a vez de a Maquininha Vermelha começar pressionando a saída de bola adversária e buscar mais o gol rival. No primeiro tempo, a estratégia, ao menos no que se viu dentro de campo, surtiu efeito, já que o time bauruense foi superior. Entretanto, no placar, melhor para os mandantes, que foram aos vestiários vencendo por 1 a 0, resultado mais do que suficiente para o Falcão avançar às semifinais.
Na etapa complementar, a intensidade noroestina diminuiu bastante. Assim, em momento algum deu-se a impressão de que a equipe bauruense chegaria à virada, já que outro empate bastaria para os donos da casa. Félix até mexeu bem e lançou o time à frente, mas chances reais quase não surgiram. Do outro lado, apesar da baixa média de idade, os comandados de Betão Alcântara cozinharam o jogo e ainda tiveram a melhor oportunidade do segundo tempo – Tavares, porém, desperdiçou.
No fim das contas, segue vivo o Atibaia, que ao longo de todo o torneio se mostrou melhor e – mais importante – consistente do que o Noroeste. Em três partidas entre as equipes, sendo duas no estádio Alfredo de Castilho, o Falcão venceu duas e ainda arrancou um empate. Além disso, marcou três gols e não saiu vazado em nenhuma delas. Ou seja, classificação incontestável.
Olhando a campanha noroestina, a sensação de que o time chegou ao seu limite também é reforçada. Com exceção das cinco primeiras rodadas, quando somou 13 dos 15 pontos disputados – em um momento, vale ressaltar, no qual os adversários ainda estavam se encontrando na competição, fazendo os últimos ajustes tanto de elenco quanto de padrão de jogo –, o Alvirrubro jamais foi uma equipe que passou confiança ao seu torcedor, tanto que somou apenas 18 pontos nas últimas 14 partidas da primeira fase.
Inclusive, uma potencial tese de que a troca de comando – saindo Tuca Guimarães, entrando Alberto Félix – atrapalhou o planejamento é facilmente refutada, afinal, houve pouquíssima evolução – se é que teve alguma. O mantra repetido insistentemente pela diretoria e reforçado pela área de comunicação do clube, de que havia chegado o momento de subir após dois anos lutando contra o retorno à Bezinha, esteve longe de acontecer na prática.
De fato, o risco de rebaixamento jamais bateu à porta do Complexo Damião Garcia. Entretanto, o único jogo grande de destaque foi o triunfo pelo placar mínimo sobre o combalido rival Marília – não à toa, o Tigrão amargou a queda à Segundona Paulista com outras cinco camisas. Diante do trio que passeou na primeira fase, o desempenho alvirrubro foi pífio: 1 a 0 para a Portuguesa Santista, no Ulrico Mursa, empate sem gols com o Capivariano e derrota para o Atibaia, por 2 a 0, ambas em casa. Assim, contra as três melhores equipes, apenas 11,11% de aproveitamento. Por fim, o escrete bauruense se despede do primeiro semestre com um jejum de quatro embates sem vitórias.
Agora, o foco do Esporte Clube Noroeste, que, em 2019, terá que disputar o Paulistão A3 pelo quarto ano consecutivo, tende a ser a Copa Paulista. Também pela quarta temporada em sequência, o torneio estadual do segundo semestre oferecerá uma vaga ao Campeonato Brasileiro da Série D. Provavelmente, a bola role pela competição a partir de junho.
Primeiro tempo
Apesar da mudança de postura, demorou para que um dos times chegasse com perigo. Aos 12 minutos, o Norusca quase abriu o placar. O lateral-esquerdo Alex Cazumba fez boa abertura para o atacante Fernandinho. Na linha de fundo, cruzou buscando Mauá. A zaga alaranjada, porém, conseguiu espanar a bola, que sobrou para o meia Gindre. Ele tabelou com o volante André Rocha e, da intermediária, lançou a pelota na área buscando Fernandinho. Após um bate-rebate pelo alto, a redonda sobrou para o meia Ewerton Maradona. Da entrada da pequena área, ele bateu de perna esquerda, cruzado, mas fraco. Atento, o goleiro Cairo foi buscar com a mão esquerda.
Aos 18, boa chegada visitante. O volante Maicon Douglas aproveitou sobra de bola na entrada da área e bateu buscando o cantinho esquerdo de Cairo. No meio do caminho, Fernandinho tentou dar um toque de calcanhar, mas não teve força para mudar a trajetória da pelota, que acabou defendida pelo arqueiro mandante. Três minutos depois, o castigo: 1 a 0 para o Atibaia. Após falta batida da intermediária, o zagueiro Júnior subiu sozinho. Ele testou firme – com pouco reflexo, o goleiro Ferreira não conseguiu fazer a defesa.
No lance seguinte, após boa jogada de Maradona, Pacheco quase deixou tudo igual, mas Cairo conseguiu colocar a bola em escanteio. No tiro de canto, mais uma vez, o Norusca chegou perto de empatar: o zagueiro Marcelinho subiu mais que todo mundo e testou por cima da meta defendida por Cairo. A partir deste instante, a partida perdeu intensidade e uma nova chance demorou a surgir.
Apenas aos 37, o Atibaia levou perigo. O meia Paraíba recebeu bola pelo alto, na entrada da área, e bateu de primeira. Bem posicionado, Ferreira fez a defesa em dois tempos. Pouco depois, após cobrança de lateral, Danilo Pereira bateu de fora da área, assustando a zaga noroestina.
A resposta bauruense veio aos 43. Jorge Mauá fez belo pivô – de calcanhar, passou para Fernandinho, que devolveu no camisa 9. O centroavante entrou cara a cara com o goleiro adversário e bateu firme. Porém, ele não conseguiu tirar muito, assim, a bola foi em cima de Cairo.
Segundo tempo
Tal qual a anterior, a etapa complementar começou com poucas chances. Aos 14, instantes após o Noroeste ficar mais ofensivo com a entrada do armador Leandro Oliveira no lugar do volante André Rocha, o Atibaia chegou bem próximo de definir a classificação. Tavares aproveitou furada bizarra do lateral-direito Pacheco e ficou de frente com Ferreira. Entretanto, ao invés de tentar tirar do goleiro, bateu com força, obrigando o arqueiro a fazer fundamental defesa.
Aos 16, o Norusca chegou com perigo. Fernandinho dominou a bola dentro da área e, como único recurso para fazer a finalização, virou uma estilosa bicicleta. A pelota, porém, saiu pelo alto, em tiro de meta para Cairo. Dez minutos depois, Gabriel Esteves, que tinha acabado de entrar, recebeu na pequena área, porém, com arqueiro e zagueiro atibaienses muito próximos, finalizou mascado. Quando o relógio já marcava 42 minutos, o Falcão chegou mais uma vez com perigo. Junior aproveitou escanteio e cabeceou firme, no chão, forçando boa intervenção de Ferreira. Aos 51, o árbitro José Cláudio Rocha Filho findou a partida. Estava consumada a eliminação do Noroeste.
Abre aspas
Jorge Mauá, atacante noroestino – “A bola pune. Infelizmente não fizemos o gol e não tivemos sucesso em conquistar a classificação. Mas a diretoria tem um projeto muito bom para o Noroeste e em breve os objetivos serão alcançados”.
Alberto Félix, técnico do Noroeste – “Criamos muitas oportunidades, mas não convertemos em gol. E fica agora a sensação ruim, por tudo aquilo que nosso time fez. Faltou colocar a bola para dentro do gol. Nossos agradecimentos a todos os torcedores que nos apoiaram”.
Betão Alcântara, técnico do Atibaia – “Tiramos um dos grandes favoritos ao acesso. Sabíamos que eles iriam pressionar muito. Fizemos o gol e no segundo tempo não tivemos vergonha de fechar nossa equipe com duas linhas de quatro. Daqui pra frente temos mais duas decisões para buscar o acesso”.
Atibaia 1 x 0 Noroeste
Atibaia: Cairo; Nando, Júnior, Danilo e Cortez (Guilherme); Igor (Gledson), Paraíba, Maranhão e Mascote (Eduardo); Danilo e Tavares. | Técnico: Betão Alcântara
Noroeste: Ferreira; Pacheco, Dão, Marcelinho e Alex Cazumba; Maicon Douglas, André Rocha (Leandro Oliveira) e Ewerton Maradona (Gabriel Esteves); Fernandinho, Jorge Mauá e Giandre (Rodrigo Tiuí). | Técnico: Alberto Félix
Gol: Junior (Atibaia – 21′ 1ºT)
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