LE ENTREVISTA – AMAURI KNEVITZ
Seguindo com o especial de meia década do título do Noroeste na Copa Paulista, chegou a vez de Amauri Knevitz falar sobre a conquista
Por Gustavo Abraão
O ano de 2012 começou com um objetivo claro para o Noroeste. Reacostumado a disputar o Paulistão, competição que jogara entre 2006 e 2009 e depois em 2011, a Maquininha Vermelha tinha como meta conseguir o acesso no Paulista A2. O feito, porém, bateu na trave. Até chegou ao Quadrangular Semifinal, mas sucumbiu em momentos importantes e terminou em quarto lugar no Grupo 3, a quatro pontos do Penapolense e a sete do São Bernardo, os quais subiram à elite estadual.
Assim, restava como alento a disputa da Copa Paulista, que premiava o campeão com uma vaga na Copa do Brasil. Naturalmente, alguns atletas chegaram, outros saíram. A comissão técnica de toda a A2, no entanto, foi mantida, com Amauri Knevitz como treinador da equipe. No entanto, ele cairia ainda na décima rodada da primeira fase, após derrota no clássico diante do Marília, no Alfredão. Apesar disso, foi bastante elogiado pelo goleiro Walter, em entrevista exclusiva. Em contato com a LE, Knevitz falou sobre o título do torneio estadual. Confira a seguir!
LE: Naquele ano, você tinha sido o técnico ao longo de todo o Campeonato Paulista da Série A2, e o Noroeste tinha como objetivo claro subir pro Paulistão. Isso acabou não acontecendo. Não ter conseguido o acesso atrapalhou a montagem do elenco para a Copinha de alguma maneira? Como foi essa transição de um torneio para o outro, com as contratações sendo feitas?
Amauri Knevitz: Nós fizemos uma boa participação na A2, quase subimos. Pra Copa Paulista, as trocas foram poucas, inclusive, mantida toda a comissão técnica. Isso eu creio que facilitou o serviço. Foi um ano bastante importante, porque apareceram bastantes jogadores. Por exemplo, foi o ano de afirmação do (volante) França, (volante) Juninho apareceu bem também, mas machucou logo na primeira rodada da Copinha, contra a Ferroviária. Isso foi um problema, pois estávamos montando um time. Tivemos boas participações naquela Copinha, Mizael apareceu. Não gosto de ficar citando nomes, o importante é mostrar que o clube manteve a base, quase todos os jogadores e a comissão.
LE: Você foi demitido na décima rodada, quando o Noroeste perdeu o clássico para o Marília e estava dentro do G4 do Grupo 1. O problema é que a equipe era muito irregular, não jogava muito bem e não conseguia uma sequência de vitórias. Antes do duelo com o MAC, você já estava esperando uma demissão em caso de revés? Ou aquela demissão te pegou de surpresa?
AK: Antes do jogo, não pensava em sair, até porque o time vinha bem. É verdade que alternava nível de jogo, não conseguia manter regularidade, e não digo nem em questão de resultados. Falo no sentido de nível técnico durante as partidas. Então, antes do jogo, não pensava nisso. No futebol, a gente sabe que a questão do treinador é muito sutil. Tu é o mesmo quando entra e quando tu sai. Mas, às vezes, entra como solução e sai como culpado. A gente está acostumado, sabe que é assim. É claro que, durante o jogo, você vendo que a torcida está irritada, o time não rende, já começa a passar pela cabeça essa situação. Então, depois do jogo, foi uma consequência até natural. Eu pensava que não sairia porque faltavam poucos jogos, estávamos perto de classificar.
O fato de eu ter saído não mudou minha relação com o Noroeste. Tenho amizades até hoje dentro do clube, em Bauru. Sei que são coisas do jogo, eu como treinador também tomo decisões pelo momento. Eu entendo o diretor, ele também precisa fazer alguma coisa. Tudo normal, tranquilo. Mas não esperava, queria marcar minha trajetória pelo Noroeste, aquela era a minha segunda passagem, com um título. Infelizmente, não foi possível, mas o time que ajudei a montar foi campeão e, de forma indireta, a gente se sente vencedor.
LE: Você tocou em um ponto importante. Muita gente tem curiosidade em saber o que pensa um técnico demitido. Você ficou acompanhando? Como é essa situação? Não fica nenhuma mágoa?
AK: Quando eu saí, manteve-se a comissão. Quem entrou foi o Moisés Egert, não nos conhecíamos, só sabia quem era. O Luciano Sato já o conhecia, trazia muita referência boa dele. Então, não tinha como não ficar torcendo. Até pelos meninos, os jogadores que ficaram. A minha relação com o Noroeste é muito boa. Não tenho problema com ninguém. Fui dispensado duas vezes. Acredito que o trabalho vinha caminhando bem, tínhamos chances de ser campeão. Houve a quebra, eu saí. Mas não tem stress, problema nenhum. Me dou bem com todo mundo, com os jogadores. É gostoso saber que a gente fez uma coisa que teve um bom resultado final. Se não fui eu quem colheu o resultado, não tem problema. Com o Noroeste, não tem problema. Minha relação com o Noroeste é ímpar até hoje. Tenho amigos em Bauru até hoje.
LE: Em entrevista pro nosso site, o goleiro Walter fez vários elogios pra você e para a maneira como você conduz seu trabalho. Inclusive, fez uma comparação entre você e o Tite, técnico da Seleção. Ele disse que vocês conversam até hoje. Como é essa relação com o Walter? Como é receber esse tipo de elogio?
AK: Bondade do Walter. Na verdade, a gente tem sempre uma maneira de trabalhar. Seriedade e sinceridade sempre têm. Eu, como cristão, tenho que ser assim mesmo. O Walter é um goleiro que eu vi jogar lá no Paraná, jogamos contra. Anotei o nome dele e o contratei quando pude. Levei ele pro Noroeste, de lá, ele seguiu pra essa carreira bonita no Corinthians.
Agora, sobre essa comparação, eu vejo alguns traços de comportamento e na questão tática, talvez. Essa maneira de posicionar o meio de campo, eu prezo bastante. Mas não sei se tem mais alguma coisa no dia a dia… eu joguei com o Tite. Quando nós éramos bem jovenzinhos, nós jogamos juntos no Caxias, ele era meu camisa 10. Temos um bom relacionamento até hoje. Não somos próximos, mas temos uma amizade boa. Mas ficar comparando com ele fica mal, ele é o principal técnico, é o melhor dos treinadores que nós temos. Então, é difícil ficar comparando. Me alegra bastante que o Walter tenha dito tudo isso e ser comparado com um cara desses é muito gratificante. Deixa a gente bastante contente, pode ter certeza.
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