DE PONTA A PONTA
Mogi abre vantagem no início, segura o Bauru e pega a liderança do NBB CAIXA
Por Fabio Toledo e Lucas Guanaes
Mogi das Cruzes/Helbor x Sendi/Bauru Basket. O confronto, que se tornou uma das maiores rivalidades do basquete brasileiro nos últimos anos ganhou mais um capítulo equilibrado na tarde deste sábado em Mogi. De um lado, os donos da casa querendo retomar a liderança da competição. Do outro, um desfalcado, porém embalado visitante que buscava a vitória para poder igualar o aproveitamento do rival. Nessa disputa, melhor para Mogi, que venceu em apertado placar por 72 x 69.
Apesar do equilíbrio na pontuação, os anfitriões não estiveram atrás em nenhum momento do jogo. Desde os primeiros pontos, anotados por Wesley Sena, até o estouro final do cronômetro, o Bauru no máximo ficou dois pontos atrás do placar, mas não conseguiu tomar a dianteira.
A maior parte dos pontos mogianos no início do primeiro período foi feita sobre Hettsheimeir. O pivô apresentou certas dificuldades na marcação no perímetro, principalmente contra os americanos Shamell e Tyrone. Após o pedido de tempo feito por Demétrius, com a entrada da segunda unidade bauruense (Duda, Shilton, Jaú e Osvaldo), a equipe equilibrou a partida no Hugo Ramos.
Os tiros de três pontos, porém, não caíram conforme o esperado. Do outro lado, o Mogi também não tinha facilidade no ataque, mas por ter a vantagem no placar, aceitou a baixa pontuação. Quando perceberam os erros bauruenses na linha de três pontos (apenas 17,4% de aproveitamento), os anfitriões pagaram para ver os arremessos.
A mudança aconteceu quando o Dragão optou por usar a altura de seus maiores jogadores, aumentando o volume de jogo sob a cesta e criando muitas chances nos lances livres. Porém, este foi mais um fundamento em que a equipe ficou muito abaixo da média, com apenas 63% de êxito.
Do outro lado, o Mogi usou e abusou dos lances livres. Foram 24 pontos de 29 tentados neste quesito, fundamentais para os números finais do jogo. A equipe comandada por Guerrinha também soube aproveitar muitos erros bauruenses em tentativas de inversão de lado nas jogadas, o que resultou em vários roubos (9).
Mesmo com tais disparidades, Bauru teve qualidade para encostar no placar, mas não teve tranquilidade para resolver o jogo. Nos últimos segundos, Alex teve a chance de reduzir a diferença para dois pontos, mas desperdiçou um lance livre. Na sequência, errou na reposição de bola, praticamente sacramentando a vitória mogiana. Se foi extremamente decisivo nas últimas duas partidas, desta vez o Brabo falhou.
Ainda, há de se falar da arbitragem, que, se não foi determinante para o resultado, atrapalhou o espetáculo, por vezes aparecendo mais que os atletas. Fazendo uso de uma rigidez excessiva, parou muito a partida, ocasionando o alto número de lances livres cobrados (59). Além disso, anotou algumas faltas que geralmente não são marcadas, como antidesportivas de Shamell e Wesley Sena, além das quintas faltas de Shilton e Renan Lenz, que tiraram os pivôs bauruenses do jogo.
Além dos dois pivôs, inclusive, Bauru sofreu com os desfalques de Anthony, Maikão e Gui Santos (este fora da temporada). Sem estes cinco atletas, além de um Stefano ainda retomando o tempo de quadra e Isaac com o nariz quebrado, a equipe teve muitas dificuldades na rotação no último período.
O resultado deixou Mogi na liderança do NBB, com oito vitórias em nove jogos. A equipe de Guerrinha só tem mais um jogo no ano, na próxima quarta-feira, em São Paulo, às 20h, contra o Pinheiros. Já Bauru segue fora do G4, com cinco triunfos em oito jogos. Ainda tem pela frente Flamengo e Minas, dois adversários do G4, dias 21 e 23, em São Carlos.
O jogo
A bola teimou em não cair no começo. Com as equipes buscando arremessos longos, sem encontrarem espaço no garrafão, os dois minutos iniciais foi de placar zerado, até Wesley Sena acertar gancho na área pintada. Utilizando a troca de marcação bauruense ao seu favor, Mogi criou mais situações de mismatch e contou com a mão quente de Shamell para abrir vantagem. Do outro lado, a dificuldade no passe e resistência à marcação mogiana manteve Bauru em apenas 4 pontos. Assim, Mogi fez 15 x 4 sobrando no ataque e defesa.
Após tempo pedido por Demétrius, Duda, Shilton e Osvaldo entraram na partida. Foi possível notar uma melhora defensiva do Dragão, mas no ataque a melhora acabou sendo mais complicada. Shilton e Alex conseguiram diminuir a contagem negativa, mas Mogi respondeu em lances livres. Ainda assim, Bauru terminou bem o período. Após jogada de passes rápidos, Shilton encontrou Osvaldo no perímetro. Com condições de encaçapar, o lituano não desapontou. No zerar do cronômetro, os dez minutos iniciais terminaram 19 x 13 para os donos da casa.
Em outra boa jogada, passe de Duda para Osvaldo, agora invadindo o garrafão, Bauru reduziu para quatro a diferença. No entanto, um tiro certeiro de três do ala/pivô Fabrício, erros ofensivos e defensivos dos visitantes e falta antidesportiva de Shilton fizeram Mogi voltar a abrir vantagem, chegando a 10 de frente em lance livre cobrado por Tyrone. Também em lances livres, de Hettsheimeir, o Dragão voltou a tentar a recuperação.
Com uma defesa agressiva e acelerando o jogo na transição, Bauru fez o gap cair para 6 tentos. Sem conseguir pontuar nem mesmo no lance livre – Caio Torres desperdiçou suas oportunidades -, o melhor momento seguiu do lado visitante. Nem mesmo a lesão no nariz sofrida por Isaac em lance com Shamell diminuiu a força bauruense. Na reta final do quarto, os comandados de Guerrinha tentaram segurar o Dragão. E assim conseguiram: Shamell e Carioca mantiveram Mogi à frente – 33 x 29 (14 x 16 na parcial).
A manutenção da frente antes do intervalo foi boa para os anfitriões adquirirem mais confiança. Aproveitando-se de erros bauruenses e em jogadas de infiltração, Mogi voltou a 10 pontos de margem. Em lances livres de Hettsheimeir e arremesso da entrada do garrafão de Duda, Bauru – que voltava a contar com Isaac, todo cheio de algodão no nariz – se manteve próximo no placar.
Posteriormente, Renan teve boa participação ao completar jogadas na transição rápida, totalizando 7 pontos no período. Contudo, da mesma forma que nas reações anteriores, os mogianos conseguiram segurar. Jimmy – destaque do quarto com 8 tentos -, Shamell e Larry garantiram maior pontuação a sua equipe na parcial (18 x 17), deixando assim o placar em 51 x 45.
O jogo chegou aberto para os 10 minutos finais. Bauru tinha condições da virada, mas os problemas eram grandes, devido ao desempenho ruim no lance livre e à dificuldade em parar o ataque mogiano. Por faltas, Renan e Shilton deixaram a partida, sobrecarregando Hettsheimeir. Ainda assim, o canela foi bastante acionado no garrafão de ataque, recebendo muitas faltas, da mesma forma que Shamell em suas infiltrações.
Foi invadindo o garrafão que Mogi segurava o resultado. Com um minuto para acabar, Duda acertou um tirambaço de fora, diminuindo a vantagem para dois pontos. Mas (perdão pelo trocadilho) Shamell chamou a responsabilidade no lance seguinte, bateu pra dentro e conseguiu a falta. Bauru ainda tinha condições de conseguir a reviravolta, porém os erros custaram caro. Dessa forma, Mogi conseguiu se manter à frente e fechar o jogo em 72 x 69 (21 x 24 no período).
Abre aspas
Guerrinha, técnico do Mogi – “O jogo foi emocionante, disputadíssimo. As duas equipes lutaram, mas o importante foi a nossa vitória. Foi uma superação, com todo mundo saindo pelos dois lados por falta. O campeonato está sendo muito equilibrado, muito bem disputado. Taticamente falando, o Caio foi decisivo, jogando em cima do Rafael [Hettsheimeir], e no ataque também em alguns momentos.”
Tyrone, ala/pivô do Mogi – “A gente gosta de começar e terminar com vitória. Dá mais ânimo para começar 2018 cheio de objetivos. A torcida nos ajudou muito e por isso ganhamos. Quando a gente joga contra Bauru, que é um time bom e o atual campeão, sempre é uma briga boa. O nosso coletivo hoje foi muito bom. Eu fui bem também, mas a vitória é mais importante para mim, com dois ou 30 pontos. Quando o Caio também está disponível para nós, ajuda muito, já que é um dos pivôs mais valiosos no Brasil.”
Hettsheimeir, pivô do Bauru – “Infelizmente, cometemos muitos erros de ataque, perdemos muitos lances-livres e isso fez a diferença diante de um time forte como é o de Mogi das Cruzes. Jogando em casa, com o apoio da torcida, eles fizeram uma partida forte, mas o resultado seria outro se não cometêssemos os erros.”
Demétrius, técnico do Bauru – “Cometemos erros em alguns momentos que não podemos, como nos lances-livres, por exemplo. Encarar Mogi, na casa deles, sempre é difícil. Não podemos deixar o outro time abrir perdendo chances de encostar.”
O cara
Se Shamell procurou chamar para si a responsabilidade, o desempenho de Tyrone Curnell foi tão importante quanto. Com menos tentativas que o camisa 24, Tyrone foi o cestinha, com 21 pontos, fazendo valer a incapacidade de Bauru em travar seu jogo sem provocar faltas. Tanto que 11 tentos que ele anotou foram por meio de lances livres. Na defesa, conseguiu dois tocos, sendo importante para limitar o desempenho dos homens do garrafão.
Destaques
Mogi das Cruzes/Helbor
Tyrone – 21 pontos, 6 rebotes e 2 tocos
Shamell – 20 pontos, 3 rebotes, 3 assistências e 4 roubos
Jimmy – 12 pontos, 4 rebotes e 2 assistências
Sendi/Bauru Basket
Hettsheimeir – 19 pontos e 6 rebotes
Renan Lenz – 13 pontos e 8 rebotes
Osvaldo – 12 pontos, 10 rebotes e 3 roubos
Duda – 10 pontos e 3 assistências
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