LAR, DOCE LAR
De volta à Panela, Bauru bate Vitória por 77 x 66 e segue em busca do G4
Por Bruno Ribeiro/Fotos: Fabio Toledo
Com o fim de ano ainda fresco na memória, nunca é demais lembrar daquela sensação agradável de voltar à nossa casa depois de uma viagem longa ou cansativa. Não que o Sendi/Bauru Basket estivesse férias – muito pelo contrário, na verdade. Mas, após mais de 80 dias distante por conta dos incidentes nos jogos das finais da temporada passada, o Dragão finalmente voltou à Panela de Pressão, desta vez para enfrentar o time do Universo/Vitória, em jogo válido pelo Novo Basquete Brasil.
Os ingressos promocionais (todos pagavam R$15,00) colaboraram para que a casa estivesse lotada. Mas, mais do que o bolso, pesou a saudade que o bauruense estava de acompanhar de perto o esquadrão da Cidade Sem Limites. Assim, em sintonia, time e torcida comemoraram o triunfo por 77 x 66 contra os comandados do técnico Régis Marrelli.
A vantagem construída no primeiro tempo da peleja foi fundamental para que os donos da casa não tomassem sustos na segunda etapa. Afinal, a equipe visitante voltou mais agressiva na defesa depois do intervalo e até esboçou uma reação. Contudo, além do fator casa, Bauru soube neutralizar peças importantes do Vitória – vigiado por Kendall no duelo de baixinhos, o armador Dawkins anotou apenas 6 pontos, enquanto o ala-pivô Renato Scholtz saiu zerado.
Com o resultado, Bauru segue sua caçada rumo ao G-4 do do certame, agora na sexta posição com um total de oito vitórias e quatro derrotas. Os baianos, por sua vez, ocupam a nona posição, com uma campanha de 50% de aproveitamento: seis resultados positivos e outros seis negativos.
O próximo compromisso do Dragão ocorre já nesta quarta-feira (10), às 20 horas, novamente na Panela de Pressão, contra o Solar Cearense (que vem de derrota para Franca). Já o Vitória só volta a jogar no domingo (14), também 20 horas, desta vez em seus domínios, diante do Minas Tênis Clube.
O jogo
Com poucos segundos de bola quicando, duas marcações dos árbitros Fernando Serpa e Diego Chiconato (sim, aquele mesmo da bola presa na final contra o Flamengo) fizeram com que Demétrius levasse uma bronca, Hettsheimeir tomasse uma falta técnica e que a torcida inflasse o coro de incentivo aos donos da casa.
Acuado, o time do Vitória viu Alex Garcia abusar da experiência para transformar os ânimos exaltados em ações positivas dentro de quadra: assim, além de contribuir com sete pontos, o Brabo ainda serviu os companheiros com quatro assistências – a última delas no estouro do cronômetro, contrariando a física ao encontrar Stefano livre em um garrafão abarrotado de gente, para dar números finais ao primeiro quarto de jogo: 21 x 13 a favor dos bauruenses.
No segundo quarto, o time baiano continuou penando contra a forte defesa do Dragão, que forçou seus adversários a cometerem sete erros na parcial. O aliviou veio quando Murilo saiu do banco para ser explorado na zona pintada. O pivô foi para a linha de lances-livres em seis oportunidades e obteve sucesso em todas.
O problema foi que, do outro lado da quadra, Duda Machado também chamou a responsabilidade e não decepcionou. O ala bauruense anotou sete pontos consecutivos, além de outros cinco ao longo do quarto. Para coroar o período perfeito, matou um chute de longa distância no segundo final, mesmo desequilibrado, fazendo com que a galera gritasse seu nome na saída para o vestiário – e que Bauru fechasse o primeiro tempo com uma vantagem de 14 pontos no placar: 42 x 28.
No retorno do intervalo, a equipe do Vitória apostou em uma defesa por zona, além de pressionar a saída de bola dos donos da casa. Já no ataque, as ações se concentraram no norte-americano Okorie. Movimentando-se bem sem a bola, o ala soube utilizar o bloqueio de seus companheiros para arremessar com espaço – coisa que não aconteceu nos quartos anteriores.
O prejuízo só não foi maior para os bauruenses porque Rafael Hettsheimeir correspondeu quando foi acionado nas proximidades da cesta. Quando foi marcado por Murilo, levou a melhor para finalizar com um belo jogo de pernas; quando a marcação dobrou pra cima dele, soube encontrar Alex Garcia livre para arremessar do perímetro. Dessa maneira, os comandados de Demétrius até perderam a parcial (25 x 22), mas ainda foram para os 10 minutos finais com uma vantagem razoável: 64 x 53.
O balde de água fria para os baianos veio logo nos primeiros minutos. Afinal, nem mesmo a marcação por zona que havia dado certo no quarto anterior foi suficiente para deter as bolas longas – sobretudo de Duda e Hettsheimeir. O Dragão chegou a abrir 17 faltando cinco minutos para acabar. Ao dividir a armação do Vitória junto com Dawkins, André Góes até fez com que seu time equilibrasse o quarto, mas foi o último suspiro.
Ainda teve tempo para um desentendimento entre Shilton e Murilo, além de um toco espetacular do ala-pivô Maique pra cima de Stefano. Mas o resultado já estava sacramentado: triunfo bauruense pelo placar de 77 x 66.
Abre aspas
Demétrius Ferracciú, técnico do Bauru: “A energia e a disposição dos jogadores foram muito claras desde o início por conta de voltarmos a jogar na Panela depois de 80 dias. Isso foi grande parte da vitória, jogadores focados e querendo retribuir o público que compareceu, como se dissesse ‘tô morrendo de saudade’. Isso foi muito positivo pra sair com essa vitória”.
Murilo Becker, pivô do Vitória: “Primeiro tenho que agradecer o carinho que a torcida tem por mim. Bauru tem uma história linda no basquete, é o atual campeão do NBB. Mas quando o jogo começa, isso fica fora de quadra, independente do time que seja. Começamos o jogo muito mal, aí quando eles abrem 10, 12, 14, fica difícil correr atrás, ainda mais aqui na Panela. Mas lutamos muito, apesar de não ter pontuado muito, nossa defesa teve momentos bons na partida. E é essa a lição que temos que tirar para os próximos jogos”.
André Góes, ala do Vitória: “Atacamos mal hoje, minamos nossa confiança, aumentamos a deles, e aí correr atrás toda hora contra um time da qualidade do Bauru é muito difícil. Claro que o basquete é um jogo de muitas oscilações, mas tem que ser de apenas 2, 3 minutos, e não um quarto todo, como acabou acontecendo com a gente. Agora temos uma sequência de jogos em casa, podemos manter a invencibilidade lá, mas num campeonato como o NBB, precisamos ganhar os jogos fora também”.
O cara da partida
Como de costume, o interminável Alex Garcia guiou o Dragão nas estatísticas. Mas precisamos falar sobre Duda. Se muitos ficaram com “o pé atrás” quando ele desembarcou na Cidade Sem Limites – seja por questões técnicas ou mesmo por conta do histórico bauruense contra a família Machado -, a partida contra o Vitória provou que o experiente ala já caiu nas graças da torcida. A cada bola convertida, o camisa 3 não hesitava em virar para as arquibancadas e comemorar junto com o público presente na Panela de Pressão.
“Eu gosto muito da emoção que eles passam, gosto de trazer eles pro jogo. Já tinha jogado muitas vezes aqui, já sofri muito na mão dessa torcida. Mas no meu primeiro jogo aqui, fui muito bem recebido, é uma alegria muito grande retribuir com a vitória”, disse o jogador à LE, que foi o atleta bauruense com maior tempo de quadra (31min23s). Apesar dos 17 pontos, quatro rebotes e uma assistência, outro dado chamou a atenção: foram incríveis cinco bolas recuperadas, mostrando que a defesa era o foco desde o início de jogo.
“Durante a partida tivemos altos e baixos. O primeiro tempo foi muito bom. No segundo eles voltaram mais focados, mas mesmo assim conseguimos segurar o poderio ofensivo deles, que era nossa preocupação, e seguramos a vantagem. Mas o campeonato é longo e já temos que pensar no próximo jogo”, finalizou Duda.
Destaques
Sendi Bauru Basket
– Alex: 19 pontos, 8 rebotes, 5 assistências e 3 roubos
– Duda: 17 pontos, 4 rebotes e 5 roubos
– Hettsheimeir: 14 pontos e 5 rebotes
Vitória
– Okorie: 17 pontos, 2 rebotes e 2 assistências
– Maique: 13 pontos, 10 rebotes, 2 assistências e 2 roubos
– Murilo: 12 pontos, 6 rebotes e 3 assistências
– André Goes: 10 rontos, 6 rebotes e 2 roubos
- VIA
- Bruno Ribeiro
- TAGS
- Basquete
- Bauru Basket
- Bauru e Interior
- Bruno Ribeiro
- LE
- NBB
Deixe seu comentário