DE PONTA A PONTA, PARTE 2
Apatia no primeiro tempo custa caro e Bauru perde para Mogi na Panela
Com o resultado, mogianos se garantem no G4 do NBB; para os bauruenses, o desafio agora é manter a 5ª colocação
Por Fabio Toledo
A ressaca após uma eliminação é algo que acostuma aparecer em equipes que caem de forma inesperada. O Sendi/Bauru Basket não esperava ser eliminado da maneira que foi na Liga das Américas e a ressaca bateu no primeiro tempo diante do Mogi das Cruzes/Helbor. O problema foi que se tratava da partida mais importante da reta final da fase de classificação do NBB. O Dragão acordou no segundo tempo, fez valer sua maior rotação, mas não conseguiu virar o placar, perdendo para os mogianos por 75 x 76 na Panela.
Sem Alex entre os titulares, por conta de uma virose que o acometeu na tarde desta quinta-feira, deu pra sentir no ambiente que Bauru ainda não tinha digerido por completo a queda para o Estudiantes em Corrientes. Cedendo espaço na defesa – especialmente no garrafão, onde não é comum – e impaciente no ataque – desperdiçando arremessos com tempo de posse sobrando –, os bauruenses viram Mogi abrir 14 pontos de frente. E olha que o desempenho mogiano não estava lá essas coisas, principalmente no 1º período. Ainda assim, os comandados de Guerrinha conseguiram construir vantagem, mesmo com a rotação limitada, possuindo apenas Tyrone e Caio Torres para o garrafão.
Na volta do intervalo, Bauru veio totalmente diferente. Renan e Jaú foram destaques em um terceiro período de recuperação no placar e do ânimo dentro de quadra. No período derradeiro, o desempenho ruim de Hettsheimeir foi mais sentido. Com apenas 1/10 nos arremessos, o pivô não conseguiu entrar no jogo. Mogi se aproveitou de rebotes ofensivos e conseguiu segurar a frente do marcador, até Duda fazer milagre em uma bola de três, empatando a partida, e os detalhes do basquete aparecerem.
Mas é preciso observar que, apesar de os detalhes terem decidido, Bauru não perdeu somente por isso. Foi derrotado, sim, pelo péssimo primeiro tempo que fez, exigindo o dobro de esforço – e o sacrifício de Alex – para correr atrás no segundo tempo. Inclusive, a equipe não sabe o que é vencer um time do G4 do NBB desde a estreia, quando derrotou o Paulistano, em ressaca do título paulista.
Sem mais nenhuma chance de ficar entre os quatro primeiros, o Dragão passa a se preocupar com seu rabo. Vitória e Caxias estão na cola e não dá mais para bobear. O próximo compromisso do Bauru é diante do Solar/Cearense, em Fortaleza, às 19h30 do dia 21. Já o Mogi, classificado dentro G4, encerra a fase preliminar contra Pinheiros e LSB/UNISO, nos dias 29 e 30, em casa.
O jogo
Em duas bolas fáceis pelo meio da defesa, Mogi abriu 0 x 4, enquanto Bauru, com Duda entre os titulares, desperdiçava bola atrás de bola. A primeira cesta do Dragão veio com Duda, seguida de lance livre, mas a impaciência do quinteto bauruense nas bolas ofensivas comprometiam o desempenho da equipe. Após pedido de tempo, Jaú e Maikão entraram em quadra e ajudaram na recuperação – enquanto o camisa 25 conseguiu conseguiu cesta e falta, o pivozão deu um toco e uma enterrada. Porém, com Fabricio, Filipin e Caio Torres, os mogianos mantiveram a frente: 15 x 20.
Ainda que os bauruenses conseguissem começar ofensivamente bem o segundo período, Larry mantinha Mogi produzindo pontos. Assim, Demétrius colocou Stefano pela primeira vez em quadra. Porém, não apenas os visitantes seguiram pontuando como abriram 11 de frente, em tiro de três de Larry. Com Bauru nervoso, mais um tempo precisou ser pedido, além de Alex entrar em quadra pela primeira vez. O restante da parcial seguiu com os anfitriões bastante abaixo de seu nível habitual, faltando até mesmo confiança para alguns lançamentos. No final, os 16 x 25 no quarto e 31 x 45 no geral refletiam bem o jogo.
Com cinco pontos de Renan e dois de Jaú, além de marcação pesada, Bauru começou bem a parcial. Jimmy respondeu em duas cestas – uma cravada em uma delas –, mas o Dragão seguiu firme na retomada, reduzindo a diferença para quatro pontos. A boa defesa mogiana conseguiu segurar um pouco do ímpeto adversário, esforçou-se para manter a ponta até o final do período. Os comandados de Guerrinha conseguiram, 55 (24) x (13) 58, mas Bauru entrava no quarto derradeiro com mais moral.
Tyrone e Filipin mantiveram Mogi à frente, porém Bauru permanecia na cola. Em dois tirambaços, um de Alex e outro de Duda, o time da casa ficou a um ponto do empate. A oportunidade da virada veio em contra ataque onde Jaú encontrou Duda livre no perímetro, mas a bola não caiu. Com o relógio cada vez mais próximo do zero, os rebotes ofensivos cedidos foi uma pedra no sapato dos bauruenses. No entanto, em bola milagrosa de três de Duda, o Dragão empatou o jogo.
Após boa defesa de Renan sobre Tyrone, Bauru teve a chance da virada. Confiante, Duda abriu espaço diante da marcação e, entre avançar, trabalhar mais a bola (faltavam 14 segundos para o final) ou arremessar de fora, arriscou a terceira opção. No entanto, o disparo dessa vez ficou no aro. Na sequência, Shamell fez grande infiltração e deixou Mogi à frente, com 2 segundos para o final. Em boa trama elaborada por Demétrius, Renan recebeu embaixo da cesta e sofreu a falta. Com toda a pressão do mundo nas suas costas, converteu o primeiro lance livre, mas desperdiçou o segundo, para a tristeza da torcida bauruense. Final na Panela: 75 (20) x (18) 76.
O cara
Repetindo a dose do primeiro turno, Tyrone foi o grande destaque da vitória mogiana. Aproveitando o espaço na marcação, anotou 9 pontos no quarto inicial. Contudo, foram dois rebotes ofensivos na última parcial os grandes momentos do ala-pivô norte-americano na partida. No geral, conseguiu um duplo-duplo, 14 pontos e 10 rebotes, além de ser um dos principais garçons da partida, com 6 assistências. Uma atuação decisiva do camisa 0 do time do Alto Tietê.
Abre aspas
Gabriel Jaú – “Não foi o nosso time que jogou no primeiro tempo. Não estava disposto, com a raça que a gente sempre vem. No intervalo, a gente conversou que tinha que esquecer o que passou, não adiantava porque não ia voltar atrás e conseguiu mudar a cabeça e vir para o segundo tempo fazer o que a gente mais sabe e quase conseguimos a prorrogação”.
Demétrius – “O time entrou muito apático. Conseguimos reagir, mostrando uma postura diferente que fez com que a gente ressurgisse e tivesse a possibilidade de jogar de igual pra igual e até ganhar o jogo. Foram os detalhes no final mesmo, um rebote, uma bola ou outra que eles tiveram um pouco mais de tranquilidade para fazer mas o mais importante foi essa reação”.
[Sobre o começo “apático” do time] “Pode ser pela gente ter sido eliminado na Liga das Américas. Não que foi um peso, mas foi uma eliminação que a equipe não estava pronta para esse momento. Então, agora temos que nos readaptar, reorganizar e saber que temos que focar 100% no NBB porque temos muita competição pela frente”.
Guerrinha – “A gente veio atrás de uma vitória simples e administramos o jogo inteiro. Fizemos um revezamento com oito jogadores em um calor infernal. Colocamos uma boa diferença no primeiro tempo. Soubemos jogar com o emocional deles, só que a gente sabia que eles viriam para o segundo tempo com tudo e não conseguimos manter o mesmo nível de rendimento. Mudamos algumas coisas e levamos o jogo para o final como foi para decidir na última bola, porque jogávamos até por uma derrota por dois pontos”.
[Sobre a classificação no G4] “Não é vantagem nenhuma em termos de playoff, mas vai nos dar um maior revezamento para os dois próximos jogos, colocando mais os que estão jogando menos. E os 10, 12 dias que teremos de folga do primeiro playoff vamos poder treinar a equipe. Mas hoje o time foi muito guerreiro, jogou com o coração e com a alma para levar o resultado em função do cansaço”.
Destaques
Sendi/Bauru
Jaú –17 pts e 8 rebotes
Duda – 16 pts e 8 rebotes
Anthony – 16 pts e 4 assistências
Alex – 11 pts, 2 rebotes e 3 assistências
Mogi/Helbor
Tyrone – 14 pts, 10 rebotes e 6 assistências
Larry – 14 pts e 4 rebotes
Jimmy – 13 pts e 5 rebotes
Shamell – 9 pts, 5 rebotes e 7 assistências
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