FRANCANOS NA FINAL!
Franca confirma favoritismo e elimina Bauru na Panela
Por Fabio Toledo
Para quem gosta de filmes e séries, já deve ter se deparado com o jargão plot twist. Ele nada mais é do que uma grande mudança da direção esperada para um enredo. Este não é o Vagão Cultural, mas vale a comparação da vida com a arte. Nessa quinta-feira, na Panela de Pressão, plot twists, ou reviravoltas, aconteceram. No entanto, no final das contas, o final feliz ficou para Franca, que venceu Bauru por 68 x 77 e carimbou sua vaga para a série final do Paulista.
Depois de derrotar o SESI/Franca no lance livre, o Sendi/Bauru conseguiu se manter vivo nas semifinais do Paulista. Mais que isso, mostrou uma maneira de superar o adversário com sua defesa. Assim, chegou com grandes condições de empatar a série e levar tudo para o jogo 5, onde a pressão seria grande no Pedrocão. Porém, o equilíbrio pautaria a disputa, até que uma surpreendente desqualificação de Léo Meindl, por ameaçar golpear Jaú com o cotovelo, mudou o enredo pela primeira vez.
De fato, Franca se perdeu após a saída de Léo. Acontece que Bauru não soube aproveitar o momento para deslanchar e atropelar. Recuperados, os comandados de Helinho partiram pra cima. Pressionando a saída de bola, encurtaram a diferença e obtiveram a virada ainda no segundo quarto. Aquela reviravolta de enredo logo acontecia mais uma vez.
Em excelente sequência de três, os francanos mantiveram vantagem e não deram chances para a recuperação de Bauru. Embora o Dragão também tenha tropeçado em suas próprias pernas, ao forçar muitas bolas de três (31, com apenas 9 encaçapadas) e falhar na marcação dos homens grandes no perímetro (Gruber e Cipolini somaram 5 cestas de fora).
O momento decisivo, onde Franca conseguiu abrir frente, foi justamente com boa participação de Gruber e Cipolini, além de Pedro (mais sobre ele abaixo). Na ocasião, Bauru não contava com atletas altos de maior mobilidade, como Jaú e Isaac. Maikão, Renan e Shilton não acompanharam seus marcadores como deveriam em algumas ocasiões e pagaram caro.
Ofensivamente, o melhor momento bauruense foi variando jogo com bolas no garrafão e tiros de média distância, ainda no primeiro período. Mas muito disso se perdeu no decorrer da peleja. O desempenho de Jaú, com apenas 1 ponto e 0/7 nos tiros longos, mostra um pouco disso. Além de Anthony, sempre importante na finalização das jogadas, chamou atenção o bom desempenho de Shilton e Renan, principalmente como dupla. Shiltão, que vinha de partidas ruins, foi o maior garçom do jogo ao lado de Alex (6 assistências).
Só que nem mesmo a melhora de Shilton e a volta de Renan fizeram Bauru superar Franca, que confirmou seu favoritismo e chega à final nove anos após a última vez. O adversário ainda não está determinado, com a série entre Mogi e Paulistano em 2 a 1 para os mogianos.
Por fim, uma coisa é preciso ser expressa: por melhor que esteja este ano, o jogo catimbado de Franca ainda se destaca. A quantidade de flops (tentativas de cavar faltas) por parte de atletas como Coelho e Antônio chama bastante atenção. Da mesma forma, a passividade da arbitragem com relação a isso. Flopar é um ato bastante tacanho para a grandeza de Franca.
O jogo
Repetindo a intensidade do começo da partida de quarta-feira, Bauru foi firme na marcação. Shilton e Alex começaram bem nas tabelas ofensivas, mas Antônio e Léo Meindl ainda compensaram. Porém, após cesta de Anthony fazendo 9 a 5, a arbitragem flagrou uma infração grave de Meindl em Jaú – o francano teria ameaçado cotovelar o ala-pivô. Assim, Léo foi desqualificado da partida. A saída do cestinha visitante no jogo 3 desequilibrou emocionalmente Franca, com direito a Antônio fazer um air-ball em chute livre à frente da linha de lance livre.
Após pedido de tempo de Helinho, Bauru passou a cometer mais erros ofensivos, inclusive, com Jaú fazendo falta antidesportiva em Coelho. Mesmo com cinco pontos de Anthony, os francanos deixaram o primeiro período ainda no lucro. Na bandeja de Coelho, chegavam a 16 pontos, contra 20 dos bauruenses.
O principal nome do Dragão no início do segundo período foi Stefano. O argentino puxou as jogadas com arrancadas e bons passes, mantendo Bauru à frente. Porém, pressionando a saída de bola e contando com erros não forçados dos donos da casa, Franca se recuperou. Cipolini e Gruber encontraram espaço na marcação para pontuar e, em bola de três de Pedro, veio a virada dos visitantes. Em duas bolas no garrafão, uma delas aproveitando erro de passe de Alex, Mineiro fez 27 x 33.
Dessa vez, foi Demétrius quem parou o jogo para frear o melhor momento francano. Shilton e Renan conseguiram empatar a peleja antes do intervalo. Contudo, nem a marcação de Alex segurou Pedro, que encaçapou de três. Ainda teve uma chande de Bauru terminar melhor o primeiro tempo. Porém, a noite ruim de Jaú nos arremessos, errando sete bolas de fora em sete tentadas, encerrou os 20 minutos iniciais. 34 x 37 (14 x 21).
Em enterrada de Renan, Bauru ficou um ponto atrás logo no começo do terceiro período. Apesar do bom retorno, uma formação menos ágil colocada em quadra por Demétrius não rendeu tanto. Com Coelho e Pedro, Franca voltou a abrir vantagem. Forçando os arremessos de fora, o Dragão não obteve sucesso. Anthony ainda apareceu em tiros a média distância, mas uma bola de fora de Pedro e outra de Gruber fez Demétrius pedir outro tempo.
Novamente de três, Gruber deixou os francanos 9 pontos à frente (44 x 55). Gui Santos e Alex fizeram, enfim, dois arremessos longos caírem, enquanto Cipolini errou sua tentativa. Segurando o último ataque de Franca, Bauru ainda teve a última bola do quarto. Usando a individualidade de Anthony, que utilizou a tabela para fazer a cesta, os donos da casa igualaram a parcial (18 x 18), mas seguiam atrás: 52 x 55.
De três, Renan empatou no primeiro ataque do quarto derradeiro. Bauru conseguia pontuar, mas não segurou as ofensivas de Franca. Ainda mais que isso, os visitantes fizeram chover bolas de três, com Cipolini, Gruber, Coelho e Antônio, em uma dificuldade bauruense, que tinha pouca mobilidade na marcação contra os pivôs que abriam no perímetro. Outra parada pedida por Dema foi importante para manter Bauru no jogo.
Acontece que, mesmo segurando o ataque francano, Bauru não soube capitalizar. Sem conseguir fazer o jogo no cinco contra cinco, a equipe virou refém de alguma jogada milagrosa de Anthony, que não veio. Assim, foram dois minutos sem o placar se movimentar. Bom para Franca, que foi quem pontuou após esses dois minutos, com Pedro. No final, erros marcaram os ataques derradeiros dos donos da casa, minando suas chances e colocando Franca na sonhada final do Paulista com a vitória por 68 x 77 (16 x 22 na parcial).
Abre aspas
Renan, pivô do Bauru – “Tivemos muitos altos e baixos na defesa. Não tivemos a mesma pegada defensiva de ontem e eles conseguiram umas corridas boas, metendo quatro, cinco bolas seguidas. De mim veio muito isso também, não consegui fazer a diferença no jogo que devia fazer, mas também foi mérito de Franca, que fez as bolas na hora certa em abriram o jogo no momento certo.”
Shilton, pivô do Bauru – “A gente sabe que a equipe, a torcida, a cidade, todo mundo espera sempre vitória. A gente vem pra quadra todo dia buscando isso. Nesta série, Franca teve mais méritos que a nossa. Melhoramos durante a série, mas não foi suficiente. Primeiro, eles estão de parabéns. Mesmo assim, seguimos trabalhando. O mais importante é que temos consciência de nossas limitações e temos procurado melhorar. Não conseguimos o suficiente, mas somos uma equipe busca trabalhar e ter o mínimo de respeito com quem vem no ginásio torcer pela gente.”
Demétrius, técnico do Bauru – “O jogo deu oportunidade pra gente ganhar. Nós não soubemos aproveitar e playoff é decidido nos detalhes. Não conseguimos reagir em um momento que o jogo proporcionou pra gente e acabamos não conquistando essa vitória. Buscamos o tempo inteiro, talvez tenha faltado tranquilidade no final, de jogar um pouco mais intenso na defesa. Mas eles também tiveram um grande aproveitamento nos arremessos em situações cruciais e aí conseguiram ter vantagem. Cabe agora juntarmos tudo que foi feito, levando isso como uma pré-temporada, para entrar no NBB sabendo exatamente o caminho a ser tomado.”
O cara
Com a desqualificação de Léo Meindl e Jefferson bem marcado, Franca precisou de outro jogador para chamar a responsabilidade no ataque. Acabou encontrando em Pedro esse nome. Aos 30 anos, o ala nascido em Marília substituiu a altura Léo e foi primordial em dois momentos chave.
O primeiro, ao fazer com que sua equipe voltasse a pontuar depois do conturbado período da expulsão de Meindl. O segundo, quando o time abriu vantagem no terceiro quarto. Ao todo, foram 4 bolas de três convertidas de 6 tentadas, contribuindo para levá-lo a ser o cestinha do duelo.
Destaques
Bauru
Anthony – 17 pts e 4 rebotes
Renan – 13 pts e 5 rebotes
Alex – 11 pts, 5 rebotes e 6 assistências
Shilton – 10 pts, 5 rebotes e 6 assistências
Franca
Pedro – 20 pts, 4 rebotes e 4 assistências
Gruber – 14 pts e 3 rebotes
Cipolini – 13 pts e 8 rebotes
Coelho – 10 pts, 4 rebotes e 5 assistências
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