BAURU VIVE!
Com decisão em lances livres, Bauru vence e força jogo 4 contra Franca
Por Fabio Toledo e Lucas Guanaes | Fotos: Fabio Toledo
Alguns supersticiosos ainda podem temer jogos com a Panela de Pressão em sua capacidade máxima. Alguns fracassos aconteceram assim, embora muitas conquistas também vieram. Mas o público de nível médio em um jogo decisivo de semifinal de Paulista nos leva a dizer uma coisa: não adianta pedir ginásio maior em Bauru se em grande parte da temporada – até mesmo em partida importante do estadual – sobra uma carga considerável de ingressos.
Quem esteve na Panela viu, ou melhor, sofreu com o mais equilibrado duelo entre Sendi/Bauru e SESI/Franca deste playoff. Um duelo de força, pegado, de qualidade não tão alta, porém emocionante. Afinal, Franca se viu na final com um tirambasso de três de Léo Meindl a seis segundos do fim. Um pequeno grupo de torcedores francanos – vestidos “à paisana” e de pouco alarde durante todo o jogo – já desentalava o grito da garganta, o banco visitante já se fazia extasiado. Foi quando, com um segundo para acabar, Coelho cometeu falta boba em Anthony. Nos lances livres convertidos pelo camisa 0, Bauru venceu por 76 x 75.
Por mais que o lance final de Coelho tenha ficado marcado, Franca errou demais na partida. Equívocos que não foram cometidos nos dois primeiros jogos, como afobamento no ataque, além de um baixo aproveitamento nos lances livres, estiveram presentes nesta noite. Apesar da reação nos últimos minutos, foi uma partida bem abaixo do que o time apresentou até então no ano.
Seus principais nomes, Léo Meindl e Jefferson, não tiveram uma boa noite. As bolas de três pontos pararam de cair e a defesa dobrou a marcação neles em vários momentos, principalmente com Jaú e Isaac. No garrafão, Shilton e Maikão dominaram as ações, enquanto o resto do time se manteve ligado em todas as sobras e, quando possível, nos roubos.
A ausência de Renan e Hettsheimeir foi, obviamente, muito sentida pelo elenco bauruense. Sem tantas opções para os pivôs, coube a Shilton, Maikão e Jaú (que voltou para a posição 4 momentaneamente), segurarem as pontas sob as cestas. Com uma menor rotação, o cansaço bateu nas pernas nos últimos minutos. Além disso, como eles não possuem características de espaçamento de quadra e chute de 3 pontos, as variações táticas também foram reduzidas, embora uma formação mais baixa, com Isaac e Alex variando na 3 e na 4, tenha aparecido, principalmente no primeiro tempo.
Mais uma vez o aproveitamento bauruense na linha do lance livre foi baixo (69%). Alguns acertos a mais garantiriam um final de jogo mais tranquilo para os donos da casa. Também, as bolas de três pontos continuaram não caindo (17%), o que permitiu vários contra-ataques para Franca.
Em suma, apesar dos últimos minutos alucinantes, o jogo, no geral, foi o pior em termos de nível técnico. Muitas bolas forçadas, erros em lances livres e muitas, mas muitas intervenções desnecessárias da arbitragem, tal qual no jogo 1, tiraram a beleza da principal partida da temporada para as duas equipes.
Para o Franca, fica o lamento por uma vitória que escorreu entre os dedos após um jogo abaixo da média. Já para Bauru, fica o alívio de poder jogar ao lado de seu torcedor mais uma vez e, se possível, embalar e virar a série, tal qual no último NBB. Além da euforia pela vitória, a equipe terá a volta de Renan.
O jogo 4 da série será novamente na Panela, às 20h desta quinta-feira.
O jogo
Os primeiro movimentos da peleja foram marcados por uma excelente defesa bauruense, que provocou erros ofensivos de Franca e segurou Léo Meindl. O problema foi a dificuldade da equipe em capitalizar na frente. Assim, com quatro minutos jogados, o placar ainda marcava 5 a 2 para Franca. A entrada de Gui Santos foi importante para mudar essa situação. O ala-armador esquentou a disputa em quadra com duas cestas em dois ataques seguidos. De três, Isaac ampliou e, em bola de Alex, Bauru fez 11 a 5.
Depois de Helinho pedir tempo, os francanos se aproveitaram da quinta falta coletiva cometida pelos bauruenses para diminuírem a diferença na linha de lance livre. Mas nos dois minutos finais do quarto, Anthony comandou as ações. Com 9 pontos, o gringo abusou dos crossovers finalizando em média e longa distância, levando Bauru aos 20 tentos. O sucesso só não foi maior porque Coelho, na tentativa de passe no garrafão, acertou a cesta na linha dos três (sem querer também vale!). Assim, a parcial terminou 20 x 16.
A vantagem que começou a ser construída no primeiro quarto logo foi por água abaixo após uma insistência de Bauru nos arremessos de fora, sem sucesso. Com a rotação bauruense, mais espaços na defesa apareceram e Franca soube aproveitar. Os jovens Jaú e Stefano, pelo Bauru, e Cassiano, do Franca, entraram em quadra para descansar os companheiros mais experientes. Enquanto o Dragão falhou nas tentativas para três pontos, o Franca virou em 20 x 21.
A partida seguiu truncada, até a marcação de uma falta antidesportiva de Henrique em Léo Meindl, quando a diferença chegou em quatro pontos. Então, Anthony voltou pra quadra e Bauru retomou a dianteira no último minuto de jogo. Porém, mesmo com a posse de bola, os anfitriões quiseram fazer logo a cesta, sem sucesso. Assim, o Franca conseguiu o rebote e virou na última bola do período: 36 (16) x (21) 37.
O Franca apostou no mismatch sob a cesta para aumentar a vantagem no início do quarto. Porém, tão logo a defesa bauruense se ajustou, a virada chegou para a alegria da torcida. Ambos os times realizaram ataques muito afobados, deixando a partida com um nível técnico muito baixo. A correria e o jogo físico deram o tom, com vantagem mínima para o Bauru: 52 (16) x (14) 51.
Por um certo momento, até pareceu que as equipes calibraram os arremessos, principalmente com Jefferson, para Franca, e Stefano, para Bauru. Mas não demorou para o nível cair novamente e a arbitragem começar a aparecer. Mesmo com o alto número de faltas, o aproveitamento de lance livre dos times foi baixíssimo. No jogo mais físico, no entanto, o Dragão se deu melhor, mesmo sem Jaú, ejetado pela quinta falta cometida.
A vantagem bauruense chegou a nove pontos, mas, a dois minutos do fim, Franca iniciou a reação para fechar a série já no jogo 3. Na base da troca de cestas, os francanos apostaram nas bolas rápidas, enquanto matavam as jogadas com faltas. Restando apenas três segundos para o fim, Léo Meindl aproveitou erro de Isaac e fez uma milagrosa cesta de três pontos, deixando o placar em 74 x 75. Porém, Coelho talvez não tenha se atentado ao placar e, podendo pensar ainda estar atrás, cometeu uma falta em Anthony, que converteu os lances livres e manteve o Bauru vivo na série: 76 x 75.
Abre aspas
Helinho, técnico do Franca – “Acho que foi um resultado normal, de dois times que se equivalem. Foi um jogo equilibrado, duro, e no final decidido em detalhes. Agora, nós temos que se concentrar, fazer tudo aquilo que preparamos, jogar dentro do nosso sistema, para termos a tranquilidade para vencer no final.”
Demétrius, técnico do Bauru – “É muito bom ganhar um jogo dessa maneira. Porque o dia-dia nosso é duro, trabalhamos duro e hoje os jogadores tiveram mérito pelo fato de acreditarem em uma certa mudança defensiva que fizemos. Coisa que deu certo. Jogaram as duas partidas em Franca explorando o post baixo e conseguimos resolver isso hoje com algumas dobras. Isso provoca Franca a sair de uma forma que gostam de jogar e ter que fazer um ataque um pouco diferente. Parabéns aos jogadores por terem acreditado até o final, principalmente sem estar com dois grandes jogadores referências.”
Alex, ala do Bauru – “O time foi guerreiro, soube se sustentar. Vacilamos nos momentos finais com perdas de bola, a vitória poderia ter sido mais tranquila, mas o importante foi o resultado final. A gente conseguiu marcar, tirou o cestinha do time, que é o Jé, do jogo. Aí eles tiveram que buscar outras opções. Agora, temos mais uma batalha, vamos descansar e ir com tudo amanhã.”
Shilton, pivô do Bauru – “O que o time teve para vencer o jogo foi intensidade, nossa postura foi muito diferente do que nos últimos dois jogos. Conseguimos encaixar a defesa e anular o principal jogador de Franca, que é o Jefferson. A torcida ficou do nosso lado o tempo todo e nos ajudou a conquistar essa vitória. Como sempre digo, só acaba com três. Agora, está 2 a 1.”
O cara
Velocidade acima da média, presença em todos os lados da quadra e uma qualidade crescente na defesa. Anthony chegou em Bauru para ser o maior pontuador do time, papel que também desempenhou no Macaé na última temporada. No momento decisivo da partida, acertou os lances livres que garantiram a vitória bauruense. Seria a partida perfeita, não fosse o aproveitamento ruim dos três pontos (14%).
Contudo, o americano foi disparado o melhor jogador bauruense em quadra, apesar da boa atuação de Stefano e Shilton. Dono de 24 pontos (quase um terço de todo o time), Ficou com a honraria da LE mais uma vez na temporada. No entanto, prega humildade: “Não foi só eu, mas também meus colegas. Eles fizeram um grande trabalho jogando na defesa e nos rebotes e isso foi decisivo para a vitória”, conta o camisa 0.
Destaques
Bauru
Anthony – 24 pontos, 4 rebotes e 3 assistências
Isaac – 12 pontos e 6 rebotes
Alex – 11 pontos, 3 rebotes e 4 assistências
Stefano – 10 pontos e 3 rebotes
Shilton – 4 pontos e 11 rebotes
Franca
Léo Meindl – 16 pontos, 3 rebotes e 2 roubos
Coelho – 16 pontos, 4 assistências e 4 roubos
Pedro – 15 pontos e 3 rebotes
Antônio – 11 pontos, 8 rebotes e 2 roubos
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