ACABOU, DRAGÃO
Histórico e decepcionante: Bauru é eliminado da Liga das Américas; Estudiantes brilha
Modesta equipe argentina faz segundo tempo arrasador e supera Dragão para assegurar vaga ao Final Four
Por Fabio Toledo
O ginásio José Jorge Conte, em Corrientes, não estava nem perto de lotado, mas um canto emocionante podia ser ouvido claramente. O sotaque desse canto não escondia: uma grande história de uma equipe argentina era escrita na Liga das Américas. Para o Estudiantes Concordia, clube de 73 anos que nunca brilhou na elite de seu país, mas chegou na LDA como vice-campeão da Liga Sul-Americana, os 93 a 88 em seu favor garantia a classificação para o Final Four da principal competição continental do lado de cá do Atlântico. Já para o Sendi/Bauru Basket, significou uma decepção muito grande.
É claro que, no basquete, uma diferença de 15 pontos pode ser tirada facilmente em 20 minutos. Agora, depende da maneira em que isso acontece. Na noite deste domingo, o Dragão fez um primeiro tempo irrepreensível. Com oito bolas certeiras no perímetro – quatro de Hettsheimeir –, além de boa movimentação no garrafão, contribuindo para grandes jogadas, e defesa impecável, os comandados de Demétrius Ferracciú foram para o vestiário vencendo por 13 pontos de diferença.
Na volta para o segundo tempo, porém, a história foi totalmente outra. Além de sofrer com a forte marcação dos hermanos, os bauruenses cederam muito espaço para a transição rápida, que contou com a excelente pontaria da dupla gringa Smith e Tucker, além de uma excelente contribuição do cubano Rivero, tanto na defesa como no ataque, para aniquilar a vantagem construída pelo Dragão. Aos poucos, as emoções afloraram e Bauru se viu perdido. Mais que isso, eliminado.
A decepção para o desempenho do Bauru Basket nem é tanto por não estar fora do Final Four da Liga das Américas. Um resultado assim é bem possível, a competição é curta e exige bastante, principalmente da equipe visitante. O que decepciona é o fato da inconsistência do Dragão aparecer em momentos decisivos. Ainda que Bauru não tenha uma fase ruim na temporada, a alternância de altos e baixos, com “apagões” (para não falar negligência) em determinados períodos dos jogos tornam a equipe inconstante. Foi algo que já aconteceu contra Flamengo, Paulistano e em outras partidas no NBB. Isso contra equipes fortes, ainda mais em Playoffs, é fatal.
Após a eliminação na Liga das Américas, o Dragão não tem muito tempo para se recuperar. Já na próxima quinta-feira (15), às 20h, a partida contra o Mogi das Cruzes/Helbor na Panela tem caráter decisivo, valendo vaga no G4 do NBB.
O jogo
Após as quatro primeiras posses terminadas em cesta, o placar parou de mexer por mais de dois minutos. Aproveitando-se de um garrafão lento por parte do Estudiantes, Bauru conseguiu mais oportunidades. Apesar de alguma dificuldade em pontuar, o Dragão abriu 14 x 7 depois de tiro de três de Hettsheimeir. Melhorando a marcação e pontuando com Doblas e Rivero na bandeja, os argentinos diminuíram a vantagem. Porém, os tirambaços do perímetro de Hettsheimeir e Duda acabaram com qualquer gracejo do adversário, fazendo 25 x 15 no término dos 10 minutos iniciais.
Com a formação B do Dragão em quadra (Stefano, Duda, Osvaldo, Jaú e Maikão), foram apenas dois pontos em três minutos, embora a defesa compensasse com boa marcação. Até que o arremesso de fora de Vildoza chorou e caiu, reduzindo a diferença para seis pontos. Na volta de Alex e Hettsheimeir, o controle de jogo pela defesa foi retomado e, em mais uma bola longa, de Osvaldo, Bauru voltou a abrir 10. Com paciência nas tramas ofensivas, boa marcação e sem dar espaço para rebotes de ataque, os bauruenses foram para o intervalo com 13 de frente, 47 (22) x (19) 34, após Stefano concluir uma bela jogada individual cantada por Demétrius no pedido de tempo.
“Manter a postura”, esta foi a frase final de Demétrius para seus atletas antes do começo do 2º tempo. Acontece que a tal postura não foi a mesma. Precipitando-se nos arremessos, Bauru cedeu o contragolpe para o Estudiantes, que castigou no perímetro. Depois de Rivero diminuir para 4 a diferença, Anthony acertou de três. Porém, a boa movimentação dos argentinos manteve o placar próximo. Resultado: o time argentino cresceu na parcial e, com 1:22 no relógio, virou para 60 x 61. Bauru não só não manteve a postura, como também fez um péssimo quarto, terminado em 62 (15) x (31) 65.
Na agressividade de Maikão, os bauruenses buscaram a recuperação no início do quarto período. No entanto, Smith e Doblas mantiveram o Estudiantes em vantagem. Na pressão sobre Alex seguida de contra ataque com cravada de Rivero, os hermanos abriram 7. Com três jogadores pendurados em faltas, Bauru também precisou lidar com esse problema. Alex deixou a partida por conta disso. A medida em que o tempo passava, o resultado ficava cada vez mais longe para Bauru. Em duas bolaças de Smith, o torcedor argentino já começou a fazer festa. Por 88 (26) x (28) 93, o Estudiantes fazia história, enquanto os bauruenses decepcionavam.
O cara
Já merece destaque qualquer jogador que atue todos os 40 minutos de uma partida de basquete. Mais ainda se ele tem um desempenho tão bom que garanta à sua equipe um resultado histórico. Anthony Smith Jr. só não fez chover em Corrientes. Ao lado de seu compatriota, o também norte-americano Clay Tucker, foi destaque na recuperação da equipe a partir do terceiro período. Com um aproveitamento fantástico na linha dos três (5/8), contribuindo bastante para seus 27 pontos na partida, Smith aproveitou o espaço e doutrinou.
Destaques
Sendi/Bauru
Hettsheimeir – 20 pts e 7 rebotes
Anthony – 13 pts e 6 assistências
Duda – 12 pts e 5 assistências
Alex – 10 pts, 4 rebotes e 6 assistências
Estudiantes Concordia
Smith – 27 pts, 7 rebotes e 5 assistências
Tucker – 20 pts, 5 rebotes e 7 assistências
Rivero – 13 pts, 6 rebotes, 3 tocos e 4 roubos de bola
Orresta – 8 pts, 7 rebotes e 3 assistências
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